Aos 56 anos, mulher engravida durante menopausa; como é possível?
A assistente social Andrea de Cássia Almeida deu à luz Beatriz, nesta quinta-feira (16), em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A história poderia ser parecida com outras, não fosse um detalhe: ela resolveu se tornar mãe quando já estava na menopausa, aos 56 anos.
"Estou vivendo o momento mais interessante da minha vida. Já passei por várias etapas, pude me consolidar profissionalmente e, agora, com a pessoa certa, quero viver essa plenitude em família", disse Andrea, em entrevista ao site G1.
De acordo com ela, a gravidez ocorreu pelo processo de fertilização in vitro, que é quando a fecundação é realizada em um laboratório a partir de um óvulo doado (caso de Andreia) ou congelado com o espermatozoide, formando assim o embrião. Depois, ele é colocado dentro no útero.
O médico da paciente contou que, depois da 12ª semana de gestação (3 meses), a assistente social não precisou usar reposição de hormônio para gravidez seguir adiante —como pode ser necessário em outras situações.
Gravidez na menopausa é possível, mas necessita de cautela
Engana-se quem pensa que a menopausa é o fim para aquelas mulheres que querem engravidar. Hoje, com o avanço da ciência, é possível ter filhos em idades mais avançadas, por meio da utilização de óvulos de doadoras.
"Se desejar, a mulher tem de fazer um tratamento intensivo e um procedimento de fertilização in vitro. Não há limite de idade, cada pessoa é cada pessoa, e o índice de gestação em casos de esterilidade chega a 60%", afirma Elizabeth Leão, ginecologista do hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
As especialistas lembram, no entanto, que é sempre bom ser prudente. "O útero não envelhece e, sendo preparado, pode receber um embrião e a mulher engravidar. Entretanto, sempre tem que se ter bom senso e também não colocar a mulher em risco com uma gravidez", diz a ginecologista Amanda Volpato Alvarez, especialista em medicina reprodutiva do IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Assistida).
"O médico sempre tem de ser criterioso e ver aquelas que podem, pois uma gravidez aos 45 anos é diferente de uma aos 25", completa Leão.
Uma avaliação cardiológica é sempre aconselhável, uma vez que a gravidez pode sobrecarregar a atividade cardíaca. Mulheres que já tenham algum problema de saúde, como hipertensão arterial e diabetes, por exemplo, devem avaliar com cautela os riscos de uma gravidez em idade avançada.
Acompanhamento diferenciado na gravidez
Durante a menopausa, ocorrem inúmeras mudanças hormonais no corpo feminino, que podem ou não trazer desconforto. As principais alterações ocorrem na produção de estrogênio, hormônio responsável pelo desenvolvimento do útero e pelo ciclo de ovulação, e a progesterona, que controla a menstruação.
Além disso, o fato de a mulher engravidar durante ou após a menopausa necessita de preparação e acompanhamento diferenciados. Em algumas situações, é preciso tomar hormônio, injeções e comprimidos para melhorar a circulação, segundo a ginecologista e obstetra Ana Carolina Lucio Pereira, em entrevista à Universa.
"Isso acontece porque o útero já tem a vascularização alterada", explica. A FIV é a forma mais segura, diz a médica, para que mulheres no climatério ou na menopausa engravidem, já que, nessas condições, não é mais possível ter uma gravidez por via natural.
"É diferente da inseminação artificial, procedimento em que a mulher precisa ovular perfeitamente". A fertilização pode ser feita com óvulos congelados ou com doados (caso da assistente social).
* Com informações de reportagem publicada em 07/11/2012.
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