Autocompaixão: 10 dicas para ser mais gentil consigo mesmo
Você é o tipo de pessoa que comete um erro e depois fica se remoendo e perguntando o que poderia ter feito diferente? Muitas vezes, pode ser falta de autocompaixão.
Nem sempre é fácil olhar para as nossas ações e escolhas de forma generosa e reconhecer que somos apenas humanos quando algo dá errado.
Aqui, vale destacar que esse olhar mais complacente não significa ter autopiedade, ou seja, uma vitimização ou pena de si mesmo. A autocompaixão é o reconhecimento de que, assim como ocorre com todas as pessoas, você merece compreensão e precisa se cobrar menos no dia a dia.
"Essa perspectiva de cuidado de si mesmo tem a ver com a nossa conexão e autopercepção. E essa reconexão trará bem-estar. É importante que a gente sempre se pergunte quem nós somos e aonde queremos ir. A sociedade exige a busca pela perfeição e isso impede a autoaceitação", explica Rodrigo Costa, psicólogo e professor do Hospital Universitário Onofre Lopes da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
As pessoas que têm mais autocompaixão são mais propensas a ter relacionamentos mais saudáveis, maior consciência emocional, clareza dos fatos e aceitação. Geralmente, também reagem melhor ao estresse, evitam preocupações desnecessárias e têm menos problemas emocionais, como depressão e ansiedade.
Ser compreensivo com você mesmo
De acordo com Kristin Neff, psicóloga, pesquisadora e autora de diversos livros sobre o tema, a autocompaixão também envolve a autobondade, o senso de comunidade (humanidade comum) e a atenção plena.
A autobondade é quando conseguimos nos compreender de forma mais humana e sabemos nos tratar com respeito e carinho, em todas as situações. E também mostrar paciência em relação às falhas, sendo mais tolerante com as suas próprias limitações.
Já a humanidade comum é reconhecer que todas as experiências individuais são incorporadas à experiência humana. Sendo assim, não estamos isolados ou tão distantes uns dos outros. É uma maneira de perceber que todos passam por dificuldades e, muitas vezes, sentem-se inadequados.
A atenção plena serve para reconhecer os próprios pensamentos em vez de reagir de forma explosiva. É fundamental reconhecer a dor (física ou emocional), associá-la com o momento que está vivendo e refletir o que está sentindo.
"É importante conseguir ser compreensivo consigo mesmo, principalmente quando sofremos ou falhamos. Nesses momentos, a tendência é aumentar a autocrítica. Aquilo que vivemos faz parte da nossa história, de algo maior. Não é preciso se responsabilizar por tudo, já que nem sempre temos controle das situações", afirma Juliana Yokomizo, psicóloga do IPq/HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Como treinar a autocompaixão?
A boa notícia é que ser mais empático ou ter compaixão consigo mesmo é uma atitude que pode fazer parte da rotina. Algumas técnicas e dicas ajudam a atingir esse objetivo e a viver de forma mais equilibrada.
"A habilidade de autocompaixão pode ser desenvolvida, uma vez que já está dentro de nós. É importante ter tempo para nós mesmos, revermos nossos projetos e responsabilidades. Também é fundamental nos permitirmos falar dos nossos sentimentos", complementa Costa.
A seguir, veja como praticar a autocompaixão:
Fale com você como se fosse com um amigo
Uma maneira bastante eficiente para ser mais gentil consigo mesmo é pensar: será que eu falaria assim com um amigo? Geralmente, os indivíduos tratam os amigos com mais bondade e menos julgamentos do que a si mesmos. Cuide de você como cuidaria dos outros.
Também é importante dar a si mesmo permissão para ser humano, aceitar suas falhas e lembrar-se regularmente de que todos são imperfeitos.
Toda vez que tiver uma conversa interna negativa, tente pensar o que diria para alguém que gosta muito. E também vale a pena escrever sobre os sentimentos e pensamentos que atrapalham a autoestima.
Evite se julgar
Será que você não tem sido muito duro consigo mesmo? Além de buscar a perfeição, é comum que os erros causem dor, arrependimentos e julgamentos. Porém, o autojulgamento excessivo gera medo, ansiedade, raiva e até depressão.
"Quanto mais nos achamos capazes, mais exigimos e julgamos nós mesmos. Porém, vivemos em uma cultura que nos empurra a exigências desmedidas. Não é sobre ser a melhor versão de si mesmo, mas sim a melhor versão possível de si a cada momento", explica Ana Suy Sesarino Kuss, psicanalista e professora do curso de psicologia da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).
Não se compare com os outros
Ao se comparar com um indivíduo que considera bem-sucedido, é comum que a pessoa se sinta mal consigo mesma, achando que fracassou ou não se esforça o bastante.
"A cobrança, muitas vezes, vem da comparação que fazemos com os outros. Cada um está no seu processo de amadurecimento. Possuem sua história, conquistas, desafios e personalidade. Pode ser uma visão distorcida da realidade, uma ilusão que causa sofrimento", destaca Yokomizo.
Perdoe-se mais
Quem não erra? Aprender a se perdoar pode ser o caminho da autoaceitação. Isso não significa esquecer o erro, mas reconhecer sua humanidade e mostrar mais compaixão por si mesmo. É importante também lembrar que os erros levam ao aprendizado e crescimento pessoal.
Fale afirmações positivas
Sempre que sentir que não está dando conta ou não é o suficiente para realizar algo, diga em voz alta frases positivas como: "Estou fazendo o meu melhor" e "Agora não sei o que fazer, mas vou me acalmar, respirar fundo e aguardar esse sentimento passar".
Seja mais consciente
A atenção plena dos sentimentos pode contribuir com a autocompaixão. Trata-se de um estado mental receptivo e sem julgamento, no qual se observa pensamentos e sentimentos como eles são, sem tentar suprimi-los ou negá-los.
Portanto, assim que tiver algum pensamento negativo sobre si mesmo, reflita o que o levou a sentir isso e pense em algo diferente, como uma lembrança de alguma conquista recente. Meditar por alguns minutos por dia pode contribuir para aumentar a consciência dos pensamentos e ações.
Não busque aprovação dos outros
A necessidade de ter o reconhecimento e aprovação dos outros pode ser frustrante. As avaliações externas podem atrapalhar a tomada de decisões e aumentar a cobrança sobre si.
Converse mais com as pessoas
Ao falar com pessoas mais próximas, é possível perceber que todos estão no mesmo barco: com problemas no dia a dia, sentem dores e dificuldades. Isso faz com que se enxergue a humanidade e aumente a conexão interna. Além disso, pode ajudar a entender que a vida pode ser bastante difícil em alguns momentos para todos.
Invista no autocuidado
Quando foi a última vez que você fez algo por você? O autocuidado também é uma forma de se valorizar. E não precisa ser algo complexo. Tomar um banho quente, comer uma refeição saborosa, dormir bem e se exercitar são atitudes simples que já contribuem com o bem-estar e ajudam a pessoa a cuidar de si mesma.
Pratique a autoaceitação
É importante aprender a amar a si mesmo e as características que o tornam único. Nessa jornada, é fundamental reconhecer quais são os pontos fortes e as mudanças que ainda são necessárias. No entanto, a recomendação é sempre comemorar as conquistas, por menores que sejam.
"Somos mais generosos na medida em que conseguimos acolher nossas particularidades, nossa história, muito singularmente. Porque quanto menos a gente consegue se exigir, menos exigimos do outro também", finaliza Kuss.
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