Estudo identifica mais de mil genes ligados a casos graves de covid
Desde a eclosão da pandemia de covid-19, cientistas buscam entender porque algumas pessoas desenvolvem sintomas mais severos da doença enquanto outras têm sintomas leves —ou até permanecem assintomáticos.
Uma pesquisa identificou mais de 1 mil genes que podem estar ligados a pelo menos 75% dos casos graves de covid-19, ou seja, aqueles em que foi preciso uso de respiradores ou que foram fatais.
Os pesquisadores da Universidade de Sheffield e da Faculdade de Medicina de Stanford também conseguiram identificar os tipos de células em que os genes descobertos agem. O estudo foi publicado na terça-feira (14), no periódico científico Cell Systems.
Como o estudo foi feito
Para conseguir chegar aos resultados, foi preciso fazer uma coleta de informações genéticas de tecidos pulmonares saudáveis. Em seguida foram analisadas informações de um banco de dados de saúde da Covid-19 Host Genetics Initiative para encontrar características genéticas que pudessem indicar maior risco de sintomas graves da doença. Os cientistas buscaram por mutações mais ou menos frequentes entre pacientes com sinais graves.
Algumas mutações genéticas apareceram com mais frequência do que outras, então foi possível formular a hipótese de que elas estariam ligadas aos casos mais severos de covid-19. Para determinar essa relação, no entanto, a equipe usou dados que descrevem quais regiões do genoma são importantes para diferentes tipos de célula do tecido pulmonar.
Ao sobrepor as mutações aos genomas específicos das células, os pesquisadores puderam identificar quais genes estavam "defeituosos" e dentro de quais tipos de células.
Com ajuda de uma ferramenta de aprendizado de máquina (machine learning), eles conseguiram concluir que casos graves de covid-19 estão associados a uma resposta enfraquecida de duas importantes células do sistema imunológico, as células T e NK (natural killer).
Resposta imune menos robusta
As células NK são como a linha de frente do sistema de defesa do nosso corpo contra infecções, elas conseguem destruir vírus e células cancerosas, além de produzirem proteínas que ativam outras células do sistema imunológico.
"Descobrimos que, em pessoas com infecção grave por coronavírus, os genes importantes nas células NK são menos expressivos, portanto, há uma resposta imune menos robusta. A célula não está fazendo o que deveria fazer", explica o médico Johnathan Cooper-Knock, um dos autores do estudo, em comunicado.
Michael Snyder, autor principal da pesquisa, comparou os genes ligados ao risco de desenvolver sintomas graves de covid-19 a variantes nocivas dos genes BRCA, que predispõem algumas pessoas ao câncer de mama e ovário.
"Nossas descobertas estabelecem uma base para um teste genético que pode prever quem nasce com um risco aumentado para covid-19 grave", diz. "Imagine que existam mil mutações no DNA ligadas à covid grave. Se você tiver 585 delas, isso pode torná-lo bastante suscetível à doença e você deve tomar todas as precauções necessárias."
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