Após operar catarata, ela voltou a enxergar as cores e saltou de paraquedas
"Não conseguia enxergar direito as cores, via tudo embaçado e nublado." Foi assim que ficou a visão da dona de casa Solange Oliveira, 62, quando a catarata deu os primeiros sinais em 2018. De vez em quando ela relatava o incômodo ao marido e aos quatro filhos, mas foi só em 2020, quando a filha começou a trabalhar de casa devido à pandemia, que ela notou como a mãe se queixava com frequência.
"Ela reclamava que estava difícil para enxergar as coisas pequenas e que a visão embaçada atrapalhava as tarefas domésticas, ela tinha mais dificuldade para limpar a casa, passar a linha na agulha, costurar e passar roupa. Por conta disso, precisava fazer tudo mais devagar", diz a engenheira ambiental, Talita de Oliveira Souza, 36.
Como a mãe não tem convênio, Talita marcou uma consulta com oftalmologista para ela pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O médico detectou que Solange estava com catarata nos dois olhos e que precisava fazer cirurgia.
Problema de saúde pública no Brasil e no mundo, a catarata é a opacificação do cristalino, uma lente biológica que existe dentro do olho. "Essa opacificação ocorre de forma progressiva e se assemelha ao para-brisa do carro embaçando, isto é a catarata", explica Rubens Belfort Junior, oftalmologista, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e presidente do Instituto da Visão.
Ainda segundo o oftalmologista, quase todo mundo acaba tendo catarata com a idade. Antigamente, as técnicas utilizadas não permitiam operar antes nem depois, mas hoje em dia a catarata pode ser operada em qualquer fase e sempre que estiver interferindo na qualidade visual do paciente e nas suas condições de vida.
Os sintomas inicias da doença são leves: ofuscamento e cansaço visual para longe e/ou para perto, mas conforme vai progredindo, a pessoa pode chegar ao ponto de apenas ter a visão de vultos ou perceber se a luz está acesa ou apagada. "Felizmente, trata-se de uma perda de visão e uma cegueira reversíveis", afirma Belfort Junior.
A demora pelo SUS e a solução
Com a guia em mãos, Talita foi ao posto de saúde agendar os exames em março de 2020, mas foi informada que não estavam agendando devido à pandemia. A cada dia, o problema só piorava.
"Tinha dificuldade para andar na rua, não conseguia enxergar as calçadas e os degraus direito, tinha medo de cair. Sempre gostei de caminhar, mas evitava sair em dias de sol porque a luz atrapalhava, minha vista ficava ainda mais embaçada. Dentro de casa não era diferente, tinha dificuldade para ler livros, as mensagens no celular e até assistir a TV", relembra Solange.
Preocupados com a evolução da doença e sem saber quando o serviço de agendamento dos exames seria liberado pelo SUS, a família pagou uma consulta particular com oftalmologista. A médica constatou que Solange tinha perdido 30% de visão no olho esquerdo e 15% no direito. A recomendação era que ela fizesse a cirurgia o quanto antes.
Talita cotou o valor da cirurgia em três clínicas e o resultado foi desanimador. "Cada olho, fora os exames e consultas, ficava R$ 4.000 no lugar mais barato; no mais caro, chegava a R$ 7.000. Não tínhamos condições de pagar", conta a filha.
Sem perspectivas, Solange ficou angustiada com a demora e a possibilidade de não conseguir fazer o procedimento. "Fiquei muito preocupada, triste e com medo de ficar completamente cega."
Em junho de 2021, o noivo de Talita viu o anúncio de um vídeo sobre a Central da Visão no YouTube. A startup, especializada em jornada digital de saúde, favorece o acesso de pessoas sem plano médico a cirurgias oftalmológicas.
Isso ocorre por meio de parcerias com cirurgiões especializados que oferecem horários vagos em seus consultórios e clínicas com condições mais acessíveis e facilitadas de pagamento —são 28 clínicas distribuídas por nove estados brasileiros, totalizando mais de 100 cirurgiões oftalmologistas.
Talita entrou em contato com a Central da Visão e explicou o caso da mãe. "Só depois de me certificar que se tratava de uma empresa séria e confiável, marquei a consulta na clínica que me indicaram. O atendimento foi bom e a melhor parte foi o preço. O valor total, incluindo consulta, exames, cirurgia e direito a três retornos pós-operatórios, ficou acessível e eles facilitavam as condições de pagamento", relembra.
Talita, o pai e os irmãos fizeram um rateio e pagaram a cirurgia do olho esquerdo para a mãe, que foi feita no dia 24 de agosto de 2021, 1 ano e 5 meses depois que ela recebeu a indicação cirúrgica.
Catarata só é curada com cirurgia
A catarata é a causa mais frequente de cegueira e a cirurgia para sua correção é uma das mais realizadas no Brasil e no mundo. Só no nosso país, calcula-se que existam mais de 500 mil pessoas para serem operadas dessa condição, informa Belfort Junior, que tem doutorado e pós-doutorado em oftalmologia e imunologia.
"É uma cirurgia delicada e altamente especializada. Uma vez removida a catarata, o cirurgião coloca uma lente intraocular no lugar dela, recuperando a visão. Durante o procedimento, o médico também tenta corrigir o grau do olho para evitar o uso de óculos. Vale ressaltar que a cura da catarata é sempre cirúrgica, não existe colírio, comprimido, ginástica ou laser que evite o problema ou atrase o seu desenvolvimento", explica o médico.
Feliz e animada com o resultado da cirurgia, Solange diz que a primeira coisa que notou foi como as cores da TV estavam vivas. "Depois fui andando pela casa e comentando as coisas que me chamavam atenção, a chama do fogão era azul, e o jogo de panelas que tinha ganhado da Talita era vermelho. Só me dei conta do quanto estava ruim e do quanto tinha perdido a visão depois que operei", afirma.
Quatro meses após o procedimento, Solange recebeu a ligação de uma atendente do posto de saúde informando que a guia dos exames tinha sido liberada e que ela poderia dar sequência para marcar os exames e, posteriormente, a cirurgia. Como ainda precisa operar o olho direito, a dona de casa teria a opção de fazer pelo SUS, mas não quis.
"Vou continuar o tratamento na clínica afiliada à Central da Visão. Fui muito bem tratada pela equipe, sou grata por eles terem me ajudado voltar a enxergar. Meu marido e meus filhos estão terminando de pagar a primeira cirurgia, vou operar o olho direito em junho deste ano. Estou ansiosa e na expectativa", diz a dona de casa.
Com a visão do olho esquerdo completamente recuperada, Solange comemora o fato de ter mais qualidade de vida e compartilha uma experiência que teve no ano passado: "A Talita ia me dar um salto de paraquedas no meu aniversário de 62 anos. Quando fomos conhecer o local, achei tão incrível que tomei coragem e acabei pulando antes da data combinada. Contemplei a paisagem com os bem olhos abertos, me senti livre e realizada".
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