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Entenda a importância das vacinas contra gripe e pneumonia

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Imagem: iStock

Danielle Sanches

Colaboração para VivaBem

21/06/2022 04h00

O Brasil sempre foi considerado um exemplo no quesito vacinação tanto pela capilaridade da rede de saúde utilizada para a aplicação como pela adesão da população aos imunizantes.

Em 2022, no entanto, fica claro que esse cenário positivo está em perigo. Dados do Ministério da Saúde indicam que a cobertura vacinal para as principais doenças —como sarampo, meningite e hepatite, entre outras— vem caindo ano a ano e atinge patamares perigosos atualmente.

O caso se repete com a vacina da gripe, aplicada anualmente e que costuma ter boa procura especialmente entre os públicos prioritários. Neste ano, a campanha nacional não conseguiu atingir os 50% de cobertura entre esses indivíduos e acabou sendo estendida.

"Sempre fomos reconhecidos no mundo por nossas campanhas bem-sucedidas e por bater metas, mas infelizmente isso está deixando de acontecer", lamenta Amanda Alecrim de Souza, representante da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) no Amazonas.

Por que é importante se vacinar contra gripe?

Porque essa é a forma mais eficaz e segura de prevenção contra a doença e suas complicações. Em tempos de covid-19, isso é ainda mais importante, já que evita uma sobrecarga nos sistemas de saúde público e privado.

"Percebemos no dia a dia que, quanto menor a taxa de vacinação, maior o número de internados por influenza e complicações", afirma Milton Monteiro, enfermeiro infectologista do Hospital HSANP, em São Paulo.

Segundo ele, atualmente, os casos de internações causadas por gripe estão bastante semelhantes em volume aos casos de covid-19. "Temos visto pacientes com as duas infecções", afirma.

Além de evitar complicações, a vacina da gripe também reduz a circulação do vírus. Isso é importante pois evita que pessoas que não podem tomar a vacina —como recém-nascidos e imunodeprimidos— estejam em perigo. "Você protege a comunidade também ao se imunizar", reforça Monteiro.

Atenção para a época certa de vacinação

Todos os anos, a vacina da gripe precisa ser atualizada. Isso ocorre porque o vírus influenza sofre mutações anualmente, modificando sua estrutura e tornando a vacina menos eficaz.

"É importante que as pessoas saibam que a vacina anual não é um reforço", afirma Mônica Levi, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunização). "Todos os anos, a composição muda, é uma vacina diferente", afirma.

Na rede pública, a vacina da gripe é a trivalente e previne contra três cepas do vírus. Este ano, a composição inclui o H1N1, o H3N2 Darwin (causador do surto de gripe no Brasil em dezembro de 2021) e um subtipo de influenza B. Na rede privada, a vacina é a tetravalente e inclui um subtipo a mais do influenza B.

Vale lembrar que, como qualquer imunizante, a vacina da gripe precisa de cerca de 15 dias para garantir proteção total no nosso corpo. Por isso, é importante se vacinar quando a campanha for iniciada e não durante a alta temporada de doenças respiratórias.

"O que vemos hoje é justamente isso, as pessoas procurando a vacina apenas em caso de surto ou no inverno, no desespero", diz Amanda Alecrim de Souza. "O ideal seria que elas chegassem nesse período já protegidas", afirma.

Isso acaba criando situações como aquelas em que a pessoa se vacina e acaba doente um ou dois dias depois —e culpando a vacina pela situação. "Isso é mito", afirma a especialista. "Geralmente, o que ocorre é que ou a pessoa já estava contaminada pelo influenza dias antes ou acaba se infectando com outros vírus respiratórios causador de resfriados, para os quais a vacina não protege", explica.

Pneumonia também merece atenção

Você provavelmente conhece alguém que teve uma gripe forte e o quadro evoluiu para uma pneumonia. Essa é uma situação que pode acontecer, já que, com o sistema imunológico trabalhando para barrar o vírus, o organismo pode ficar vulnerável ao ataque de outros patógenos oportunistas.

É o caso do Streptococcus pneumoniae, popularmente chamado de pneumococo. A bactéria é uma velha conhecida dos prontos-socorros e causa doenças como otite, amigdalite e meningite, além da própria pneumonia.

Em adultos saudáveis, as complicações são raras. No entanto, crianças pequenas e idosos podem apresentar complicações graves pela fragilidade do sistema imunológico.

Felizmente, existem vacinas para reduzir a chance de internações e óbitos nesses grupos específicos —que incluem ainda imunodeprimidos e portadores de comorbidades ou doenças crônicas, como asma e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica).

Existem três tipos de vacinas contra a pneumonia:

  • VPC 10 ou VPC 13 - as vacinas pneumocócicas conjugadas incluem 10 ou 13 sorotipos de pneumococo e previnem a maioria das doenças graves provocadas pela bactéria em crianças. Recomendada como rotina para indivíduos de dois meses a seis anos; e maiores de 50 anos.
  • VPP 23 - a vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente protege contra 23 tipos de pneumococos. Faz parte da rotina de vacinação de crianças acima de dois anos, adolescentes e adultos com algum problema de saúde que os torne mais vulneráveis à doença; e de idosos acima dos 60 anos. Não costuma ser recomendada para crianças, adolescentes e adultos saudáveis.

Como a doença não costuma acometer com gravidade adultos jovens e saudáveis, ela está disponível na rede pública apenas para crianças pequenas (faz parte do calendário vacinal) e portadores de doenças crônicas e comorbidades.

Nesse caso, elas devem ser aplicadas após orientação do médico que acompanha o paciente e podem ser encontradas nos CRIEs (Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais).

Pode tomar mais de uma vacina ao mesmo tempo?

Geralmente, sim. De acordo com Mônica Levi, hoje já é possível aplicar a vacina da gripe e da covid-19 no mesmo dia, por exemplo. "O intervalo antes era preventivo; hoje sabemos que as duas vacinas não causam reação e podem ser usadas juntas", afirma.

No caso de crianças, é importante consultar o pediatra ou médico que acompanha a família para saber quais vacinas podem ser aplicadas no mesmo dia. Normalmente, os imunizantes feitos de vírus inativado não têm interação; já aqueles que utilizam vírus e bactérias atenuados (como a da febre amarela) devem ser aplicados em outro momento.

Por fim, é sempre bom lembrar que, sendo criança, adulto ou idoso, qualquer ida ao posto de saúde é também uma oportunidade de checar a carteira de vacinação com um profissional e atualizar a imunização caso esteja em falta.