Atleta desmaia na piscina após quadro de exaustão; por que isso acontece?
Nesta quarta-feira (22), a norte-americana Anita Álvarez, de 25 anos, deu um susto durante a prova de nado sincronizado do Mundial de Esportes Aquáticos, que está sendo disputado em Budapeste, na Hungria.
No final da apresentação, ela perdeu a consciência embaixo da água e precisou ser resgatada por sua treinadora, a espanhola medalhista olímpica Andrea Fuentes, que mergulhou de roupa para socorrê-la. A atleta apresentou um quadro de exaustão ao fim de sua prova. A equipe americana informou que ela está fora de perigo e passa bem.
Por que isso acontece?
De acordo com a colunista de VivaBem Taíse Spolti, nutricionista e educadora física, isso é bem comum de ocorrer com pessoas que participam de programas intensos de emagrecimento ou então com atletas que desempenham treinamento de alta intensidade.
O corpo possui uma adaptação aos estímulos que são dados: quanto mais estímulos, mais fácil se torna se adaptar às circunstâncias. Isso vale para treinamentos de alto nível, para quem começa a caminhar e logo está correndo ou para quem levanta 10 kg em um agachamento e logo está com 50 kg.
Durante uma atividade física mais intensa, o organismo é muito exigido. De forma simplificada, ele precisa mover os estoques de glicose (açúcar) do fígado para que a substância seja usada como combustível pelos músculos; tem de controlar a temperatura do corpo para evitar um aquecimento excessivo, que pode prejudicar vários órgãos; tem de aumentar a dilatação dos vasos sanguíneos para fazer com que mais nutrientes e oxigênio cheguem aos músculos --o que, consequentemente, exige mais trabalho do coração e dos pulmões--, entre outras coisas.
É muito trabalho! O corpo dá conta de tudo isso por um tempo, mas existe um limite que, se não for respeitado, pode trazer sérios prejuízos, como convulsões e desmaios --que muitas vezes são uma forma de organismo interromper o exercício à força, para evitar algo pior, como a falência de um órgão ou até uma morte súbita.
O que fazer para prevenir o mal-estar da atividade física intensa?
Primeiramente você deve ser uma pessoa preparada, ou seja, não ser sedentária. Sempre que possível faça reposição hídrica e também de eletrólitos (aquelas bebidas que parecem suco, são repositores de eletrólitos com sabor uva, morango, limão e outras).
Não faça em jejum, mas também não ingira alimentos pesados ou grandes refeições próximo ao momento do exercício. Acontece muitas vezes de o organismo pausar a digestão pois a demanda de sangue periférico está sendo alta, ou seja, a temperatura e o fluxo de sangue para as extremidades são maiores do que o exigido na digestão de uma refeição.
Essa má digestão causa o temido mal-estar durante a atividade física, causando vômitos, e vômitos ácidos, já que o ácido liberado para a digestão não foi usado ou absorvido corretamente.
Como saber que seu corpo está chegando no limite?
Nosso corpo tem um sistema pré-definido de autopreservação. Isso quer dizer que ele vai avisar quando está próximo de atingir seu esforço máximo.
Os principais sinais de que você está chegando perto do seu são:
- Sensação de que não há mais força suficiente para realizar os movimentos, que acabam sendo mal executados;
- Perda de coordenação motora e de equilíbrio;
- Cãibras;
- Náuseas;
- Enxergar pontinhos brilhantes e ter a vista embaçada ou escurecendo;
- Hipertermia (temperatura elevada do corpo);
- Dor de cabeça (cefaleia).
"Depois de receber algum desses sinais, você pode até continuar o treino, mas é como um carro com algum problema, se continuar dirigindo, pode dar pane total", exemplifica o profissional de educação física Rodrigo Poli, especialista em fisiologia do exercício e treinamento resistido na saúde, na doença e no envelhecimento pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
A pane do corpo, no caso, é uma síncope, ou melhor, um desmaio. É o organismo apertando o botão vermelho de que você precisa parar. Ao desmaiar, o sangue, que não estava circulando de forma eficiente para algumas partes do corpo pois seu foco era "atender" os músculos, volta às suas funções rapidamente compensando a queda da pressão e reduzindo a sensação de mal-estar.
É um mecanismo de autodefesa eficiente, afinal, você realmente vai parar com o que estava fazendo. E se não parar, em casos extremos, convulsões e fortes alterações cardiovasculares, metabólicas e cerebrais podem ocorrer.
* Com informações de reportagens publicadas em 13/08/2019 e 16/05/2021.
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