Com duração mínima de 6 meses, tratamento da tuberculose pode ser reduzido
Atualmente, o tratamento da tuberculose, doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, dura no mínimo seis meses e envolve uma grande quantidade de antibióticos —o número de comprimidos depende do peso da pessoa, mas pode passar de quatro por dia.
Esse período de seis meses é considerado longo por especialistas, prejudicando, em muitos casos, a adesão ao tratamento. Isso porque, nos primeiros meses, o paciente nota as melhoras dos sintomas —como tosse, cansaço, dor no peito, entre outros—, e deixa de tomar os medicamentos.
Agora, com auxílio de outras duas drogas, esse tratamento "padrão" poderia ser reduzido para quatros meses, mas com uma quantidade maior de comprimidos. O tema foi discutido durante o 13º Congresso Paulista de Infectologia 2022, realizado entre 23 e 25 deste mês.
Na palestra, a infectologista Mariângela Ribeiro Resende, professora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), citou um estudo publicado no periódico The New England Journal of Medicine que montou um esquema que substitui a rifampicina —antibiótico potente para tuberculose— por uma substância "prima" dela, a rifapentina, além de incluir o moxifloxacino. O regime também conta com isoniazida, pirazinamida e etambutol, já utilizadas no tratamento da doença.
"O estudo mostrou que o resultado foi bem-sucedido em relação ao tratamento padrão. Não foi inferior", diz a médica a VivaBem, durante o evento, na última sexta-feira (24). De acordo com ela, esse esquema poderia beneficiar apenas alguns grupos.
"Existem várias formas de tuberculose, a pleural, por exemplo, é considerada menos grave, que não tem uma quantidade muito grande de bacilos [de Koch]. Nesses casos mais leves e localizados, seria um caminho viável", explica. "Agora, nessas formas disseminadas, que invadem todo o pulmão, não."
Ainda segundo Resende, as drogas já existem e estão em uso no Brasil, geralmente em casos da tuberculose multirresistente, mas o Ministério da Saúde não inclui neste tipo de regime —para casos mais leves.
"Não temos ainda neste nível, mas é uma possibilidade em curto prazo já que temos estudos mostrando que é viável. É algo que tem que ser muito bem pensado e os casos bem selecionados. Isso precisa ser discutido", afirma a infectologista.
Além disso, a quantidade de comprimidos pode aumentar já que não há um único medicamento contendo todas as cinco substâncias. "Essa é uma diretriz da OMS [Organização Mundial da Saúde] neste sentido, de tentar encurtar o esquema."
Entenda a tuberculose
Trata-se de uma doença infecciosa causada por um tipo de bactéria chamada Mycobacterium tuberculosis —que é transmitida por meio de aerossóis (partículas líquidas minúsculas) produzidos pela tosse, espirros ou fala.
No mundo, a tuberculose está entre as 10 principais causas de morte no geral. De acordo com a OMS, estima-se que em cerca de ¼ da população mundial a tuberculose seja latente, ou seja, o bacilo de Koch entrou no organismo, mas se mantém contido pelo sistema imunitário. Assim, a doença não causa sintomas e nem pode contaminar outras pessoas. O Brasil é o 2º país no mundo em mortes por tuberculose, segundo a organização.
Os sinais mais comuns da tuberculose são:
- Tosse seca, com catarro ou sangue, que persiste por mais de 3 semanas;
- Falta de ar;
- Cansaço.
- Dor no peito;
- Perda de peso;
- Sudorese noturna;
- Febre vespertina (ao final do dia).
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