Ageless Talks: representatividade madura nas telas importa

A representatividade tem avançado em muitos aspectos. Na mídia e no entretenimento, ainda que em menor escala do que poderia, já é comum ver perfis mais diversos de homens e mulheres, considerando principalmente raça. Porém, entre os grupos que ainda seguem com menos protagonistas, estão as pessoas mais maduras.

Não à toa, há muito tempo uma personagem de novela não causava tanta comoção como Rebeca, interpretada pela atriz Andréa Beltrão, em Um Lugar ao Sol, novela assinada por Lícia Manzo, ela mesma uma mulher madura que passou por muitas das questões que trouxe para a tela.

Na terceira edição do Ageless Talks, evento realizado por VivaBem na última semana, um painel mediado por Tatiana Schibuola, gerente geral de marcas editoriais do UOL, Lícia e a atriz Denise Fraga, debateu sobre este que já é considerado um marco na história da televisão, quando uma mulher madura atravessando fases e dilemas tão comuns a tantas outras, marcou mais que os protagonistas da história.

Novos tipos de mulheres

Denise, que também atuou na novela, reafirmou o que já disse em algumas entrevistas. Há uma invisibilidade, ainda que temporária, quando atrizes chegam aos 50 anos ou mais.

"É uma fase de transição. De repente, você não faz mais a mocinha, mas depois de um tempo é a mãe dela", refletiu. Ela chamou atenção, porém, para o fato de que homens são tratados de outra maneira, no mesmo ofício. "Não ficam em cima de um cara de 45 anos por conta dos grisalhos ou da pele caída", desabafou.

Já Lícia Manzo, que reconhece ter abordado muitas das temáticas de sua obra sob um ponto de vista bastante pessoal, falou sobre como as mulheres mais maduras ainda costumam ser retratadas de forma estereotipada.

"Hoje, porém, temos outros tipos de mães, sogras... E eu não demonizo como as mais velhas agiam antigamente, pois muitas questões eram silenciadas e enlouquecedoras", ponderou.

Em complemento ao fato de as atrizes serem mais cobradas por suas aparências na maturidade que os atores, a escritora comentou que, para homens, existe a ideia do maduro sedutor. E reconheceu que tem se autocriticado para assumir uma postura diferente nos processos de seleção de atores e atrizes. Uma forma de perpetuar a mudança que ela mesma acelerou em sua última novela.

Ageless Talks 2022

Patrocinado por Genera, Vitasay e O Boticário, o Ageless Talks é um encontro da geração que passou dos 45 anos e que vem revolucionando o significado de envelhecer. As pessoas não querem apenas viver mais, buscam uma vida plena, com potência. Querem aprender coisas novas, viajar, cuidar da saúde do corpo e da mente, aproveitar o melhor do sexo.

Confira abaixo como foi a terceira edição do evento (clique no nome de cada painel para assisti-lo no YouTube).

Abertura: entrevista com a cantora Marina Lima

Painel 1 - Beleza atemporal: o que muda e como cuidar da pele e dos cabelos
Com Bianca Viscomi, dermatologista; Cristiana Oliveira, atriz; e Eliane Dias, advogada e empresária. Mediação de Maria Cecília Prado, jornalista especializada em beleza.

Painel 2 - Libido não tem prazo de validade
Com Tania Khalill, atriz; Penélope Nova, comunicadora e sexóloga; e Ana Canosa, psicóloga e colunista de Universa. Mediação de Adriana Ferreira Silva, jornalista

Painel 3 - Representatividade nas telas: como isso afeta nossa visão sobre envelhecer?
Com Denise Fraga, atriz e Lícia Manzo, roteirista. Mediação de Tatiana Schibuola, jornalista

Painel 4 - Os 50 seriam a adolescência da maturidade? Como lidar com a fase de transição
Com Murilo Rosa, ator e Isabel Fillardis, atriz. Mediação: Silvia Ruiz, jornalista

Painel 5 - Manter-se ativo é manter-se vivo: como o movimento nos dá potência e longevidade
Com Fernanda Keller, triatleta; Fernando Scherer, medalhista olímpico na natação; e Didi Wagner, atriz. Mediação: Alexandre da Silva, especialista em envelhecimento

Encerramento: Fabrício Carpinejar, escritor