Água não é tudo igual: quais as diferenças? Tem uma mais saudável?
Você já parou para pensar nas diferenças entre os tipos de água disponíveis para beber? Tem a de torneira, a filtrada, a mineral, a gaseificada naturalmente e a com gás. Mas quais são as diferenças entre elas?
Quem mora nas grandes cidades sabe que a água que recebe em casa passa por estações de tratamento para que seja transformada em água potável, ou seja, livre de contaminação.
O problema é que isso é impossível de verificar a olho nu, pois se a concentração de contaminantes não for grande, as alterações podem não ser sentidas pelo consumidor. Além disso, alguns elementos químicos, mesmo em pequena concentração, podem não ser notados e serem altamente prejudiciais à saúde.
"A olho nu só conseguimos ter essa percepção se tiver alteração na cor ou na turbidez da água, mudança de cheiro ou ainda se tiver alguma partícula em suspensão", diz Luciana Sales Leite Galvão Araújo, professora de economia dos recursos naturais da Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo).
No entanto, existe alguns indícios que devemos ficar atentos, como posicionar o copo com água contra a luz e verificar a existência de algum corpo estranho ou se a água está mesmo transparente. "Se você consegue enxergar através da água alguma turbidez que dificulte a visibilidade, pode ser que esteja havendo algum ponto de poluição e/ou ferrugem nos dutos ou encanamentos fluviais", sugere Camila Fukuda Gomes Santos, engenheira química, professora do curso de engenharia química da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).
O ideal, claro, é não ingerir qualquer água que apresente uma condição diferente da sua transparência normal. "Outro fator importante é observarmos se a água apresenta algum tipo de odor. Se ela apresentar cheiro de alvejante, mofo ou enxofre, há indicativos de que não esteja própria para o consumo. E é de suma importância comunicar aos órgãos competentes, que no caso são as distribuidoras de água do município", avisa.
André Lermontov, engenheiro químico, mestre e doutor em processos químicos e bioquímicos pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e superintendente do Grupo Águas do Brasil, recomenda que, para garantir a qualidade da água, as caixas d'água devem ser higienizadas duas vezes por ano. Quanto ao odor característico de cloro que a água pode conter é, segundo ele, uma segurança de que a água está isenta de bactérias. "A lei obriga que toda água canalizada tenha cloro desde o ponto de produção até a entrega ao cliente, garantindo desta forma a ausência de contaminação."
A eficiência dos filtros
Podemos dizer que a água que chega às torneiras não é totalmente pura e por isso o ideal é que ela passe por mais uma filtragem antes do consumo. Seja ela através dos filtros de barro, dos filtros de carvão ativado ou de purificadores de água.
"Filtros de barro que utilizam a chamada vela, que são câmaras de filtragem de cerâmica, são eficazes na redução da turbidez da água e na retenção de cloro, pesticidas, ferro, alumínio, chumbo e ainda sobre parasitas como a criptosporidiose (infecção intestinal que causa diarreia), conseguindo uma retenção próxima de 99% desses constituintes", afirma Nelisa Sita Pires Picolotto Martim, engenheira de alimentos, professora dos cursos de química e engenharia química e de alimentos da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). Mas para tal eficácia, a vela deve ser higienizada e trocada a cada seis meses.
"Filtros de carvão ativo granular são eficientes na remoção por adsorção de contaminantes orgânicos hidrofóbicos presentes em baixas concentrações na água, tais como pesticidas e compostos causadores de gosto e odor", informa. Entretanto, a professora lembra que desde a década de 1970 se verificou instabilidade biológica por formação de biofilmes nesses filtros, podendo levar ao crescimento de bactérias, produção de compostos com odores desagradáveis resultantes do metabolismo microbiano em uso contínuo.
Por isso, filtros dessa natureza, de carvão ativo granulado, devem ser trocados com frequência, sendo recomendado a cada seis meses. "Mas já existem filtros de carvão com prata coloidal que são mais eficientes em relação à prevenção de formação do biofilme", avalia.
Ainda há os purificadores elétricos, que costumam usar métodos mais elaborados, como a osmose reversa, onde a água passa sob pressão por uma membrana semipermeável, como se fosse uma peneira; a radiação ultravioleta (UV) e o ozônio (O3).
A água mineral é mais saudável do que a tratada?
Ao observar todo o tratamento pelo qual a água dos grandes centros urbanos passa até chegar as torneiras, pode-se afirmar que a água mineral é mais saudável. Só o fato de ela não precisar passar por nenhum tratamento químico já faz dela mais benéfica à saúde do que a água tratada.
Mas ambas têm algo em comum: os minerais dissolvidos. Não é porque a água da torneira é tratada que ela não tenha nutrientes como cálcio, magnésio, sódio, potássio, bicarbonato e sulfato. "A água tratada tem a mesma quantidade de sais minerais que 90% da água mineral vendida em supermercado", afirma Reginaldo Antonio Bertolo, geólogo, especialista em hidroquímica, vice-diretor e pesquisador do Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas do IGC-USP (Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo).
Mas a presença de sais minerais pode variar muito da região onde ocorre a sua captação. "Em uma região de solo rico em calcário, por exemplo, a água terá em sua composição altos teores de cálcio e magnésio, que embora sejam íons importantes para o nosso organismo, em excesso podem causar problemas renais. Assim como indivíduos que apresentem histórico de cálculo renal devem evitar a ingestão desse tipo de água mineral", alerta Eliane Siqueira Razzoto, professora do curso de química da PUCPR.
Outros minerais como potássio, sódio, zinco auxiliam no funcionamento do organismo de diferentes formas. "Uma água rica em potássio pode ajudar o sistema circulatório, nas funções renais e melhorando o metabolismo, pois auxilia na regulação dos níveis de açúcar e gorduras no sangue", complementa a professora.
Dicas para comprar uma água mineral pura
Na hora de escolher a melhor água mineral para o consumo, o geólogo Reginaldo Antonio Bertolo dá cinco dicas fundamentais:
- Pesquise empresas que tenham grande experiência nessa área e, de preferência, verifique no site da marca, o rigor no controle de qualidade da água que ele comercializa.
- Procure água cujo aquífero seja longe dos grandes centros comerciais.
- Confira no rótulo a quantidade de nitrato que a água possui. O ideal é que seja 0 ou no máximo entre 3 e 5 miligramas por litro. Quanto menor a quantidade dessa substância, mais longe a fonte estará de contaminação de origem humana.
- Veja no rótulo a data do envase. Quanto menor o intervalo entre a data da fabricação e o consumo, menor ação do tempo, de exposição à luz e menor o risco de contaminação. Prefira comprar a água em grandes centros comerciais, pois possuem uma maior rotatividade dos produtos.
Água com gás natural e gaseificada: qual a diferença?
Se você tem dúvidas ao escolher entre a água naturalmente gaseificada e a água mineral com gás, saiba que a única diferença é que a naturalmente gaseificada é mais leve do que a gaseificada artificialmente. "A água com gás natural, também chamada de água carbogasosa ou carbonatada, é gerada em processo natural proveniente do aquecimento subterrâneo, no qual ocorre quebra de ligações dos minerais contidos na água, que liberam vapores que são incorporados como gases no líquido mais tarde", explica a professora Martim.
Já a água gaseificada artificialmente passa por um processo industrial, no qual a água transcorre por um desaerador, cujo objetivo é retirar todo o oxigênio de sua composição. O gás carbônico é acrescentado em seguida, em um processo em que se resfria a água até 5ºC para que possa absorver melhor o CO2, deixando-a gaseificada e pronta para o consumo.
Tanto a água mineral natural como a água mineral gasosa apresentam os mesmos benefícios, pois os nutrientes presentes são os mesmos.
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