Cocô, sono, sexo, xixi: será que existe frequência ideal? O que influencia?
Já ouviu falar em ciclo, ou ritmo, circadiano? Ele equivale, digamos, a um relógio biológico, pelo qual nosso organismo se ajusta em aproximadamente 24 horas, para comandar diversos processos, como dormir, sentir fome, ir ao banheiro, e assim por diante. É um assunto que tem a ver com frequências fisiológicas.
Entretanto, não é sempre que o nosso corpo obedece aos ponteiros. Dependendo do estilo de vida, a "programação" dele pode ficar bem desajustada.
Por exemplo, à noite é esperado que, com a diminuição dos estímulos luminosos naturais, a melatonina (hormônio do sono) seja produzida para que durmamos até o amanhecer.
Mas com o celular ao lado da cama, acendendo direto, o que leva a conferir mensagens, isso muito provavelmente não irá ocorrer, e se ocorrer, não será um sono contínuo, tranquilo e reparador.
Daí a importância de se prestar atenção aos hábitos, em todas as áreas. E isso se faz dormindo, comendo, exercitando-se, entre outras atividades, de forma saudável, e, sim, de acordo com horários. Não significa que todos devem seguir uma agenda exatamente igual. Rotinas são individuais. Mas, se possível, tome café na manhã, não almoce tarde e durma de noite.
Como os hábitos nos afetam
Para provar como os horários que estabelecemos afetam a frequência dos mecanismos fisiológicos, cientistas americanos e espanhóis publicaram em conjunto um estudo no periódico International Journal of Obesity que evidenciou que almoçar muito tarde (após às 15h), por exemplo, leva pessoas com excesso de peso a emagrecerem menos quando comparadas com pessoas com excesso de peso que almoçam mais cedo (antes das 15h).
Quanto mais tarde comemos, maiores ainda são as frequências em soltar arrotos e gases, em decorrência da má digestão, pois o organismo não fica tão ativo como de manhã e no almoço para digerir grandes porções, entramos num estágio de economia de energia para dormir.
Beber líquidos em demasia perto da hora de ir para cama também não é boa ideia. Aumenta as idas ao banheiro para urinar e igualmente despertares e bocejos ao longo do dia seguinte.
Dormir mal também é uma das causas de estresse e ansiedade, que podem ser gatilhos para uma compulsão por sexo e masturbação, na tentativa de se obter relaxamento, mas em vão, pois esse hábito não trata as causas.
Homens e mulheres também podem ser afetados por descompassos de ordem urológica e intestinal (mais especificamente incontinências) quando não trabalham ou trabalham de forma errada, com exercícios intensos, a musculatura pélvica.
Médias de algumas frequências
Determinar em números a frequência de mecanismos que o organismo deve desempenhar é difícil, os médicos preferem falar em médias e não é tudo que conseguem estimar. Fica mais fácil quando a frequência é de desempenho de órgãos que exercem um papel vital, como o coração, que em condições normais deve bater de 50 a 90 vezes por minuto (bpm). Ou pulmões, cuja frequência respiratória normal fica entre 12 e 20 movimentos respiratórios por minuto (mrm).
Mas vamos a algumas. A frequência "normal" de soltar gases produzidos no intestino, por exemplo, gira em torno de 20 ao dia, inclusive durante o sono e a maioria não é percebida.
Já o total estimado de evacuações é bem menor, podendo ser considerada uma média normal de três evacuações ao dia ou até uma evacuação a cada dois dias. Quanto aos arrotos, nenhum dos entrevistados por VivaBem calculou a frequência, mas se é constante, indica problemas.
Sobre urinar, em mulheres a frequência esperada é de, em média, 6 a 8 micções por dia, de 3 a 4 horas, mas pode variar a depender da quantidade de água ingerida e em se tratando de gestantes, que vão mais ao banheiro, até de 2 em 2 horas, devido à compressão da bexiga pelo útero.
Nos homens, de 4 a 5 micções por dia, com intervalos de 4 a 5 horas, e quanto a sexo, de 1 a 2 vezes na semana estando em relação estável, produzindo no mínimo 2 ml de sêmen.
Mudando o enfoque para o sono, saiba que despertar várias vezes enquanto dorme, mesmo que seja por períodos bem curtos, é prejudicial e pode indicar insônia. Existe uma frequência de horas a ser cumprida e que varia de acordo com a faixa etária. Em adultos jovens, de 7/9 a 10/11 horas. Com 65 anos ou mais, entre 5/7 e 8/9 horas. Crianças, em média, de 9/10 a 11/12 horas, e recém-nascidos e bebês até os 2 anos, de 11/12 horas a 14/18 horas.
Como ajustar a si mesmo
Se você tem notado que seu estilo de vida tem repercutido em prejuízos, desconfortos ou limitações, procure um médico, esse é o primeiro passo para investigar o que pode estar por trás.
Depois, tratar, o que nem sempre tem a ver propriamente com rever os hábitos, mas em grande parte recebe influência deles, a exemplo de doenças, como câncer, cardiopatias, distúrbios osteomusculares, gastrointestinais e neurodegenerativos, diabetes e obesidade.
Se o físico merece cuidados, o emocional e o psicológico também, assim invista em psicoterapia. Não é preciso ser acometido por algum conflito interno ou transtorno para se autoconhecer.
Complementarmente, para aliviar a ansiedade e o estresse, que prejudicam vários processos fisiológicos, mantenha outras frequências, como de encontros sociais, passatempos que gosta, exercícios físicos e freie o excesso de informações.
Desligue a TV e se desconecte do celular e computador antes de se deitar e, ao longo do dia, procure fazer as refeições sempre nos mesmos horários, priorizando uma dieta diversificada e menos gordurosa, pesada e com muita fritura, principalmente no jantar, para não atrapalhar o sono e a digestão.
Hidratar-se ao longo do dia é fundamental, mas à noite o consumo de líquidos, sobretudo estimulantes (café, refrigerante, álcool), deve ser reduzido ou evitado.
Fontes: Alex Meller, urologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra dos Hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein (SP); Júlio Barbosa, médico e neurocirurgião pela UFBA (Universidade Federal da Bahia); Malu Freitas, fisioterapeuta pela Santa Casa de São Paulo; Paulo Camiz, clínico geral e professor do Hospital das Clínicas de São Paulo; Rodrigo Barbosa, cirurgião do aparelho digestivo pela FCMPB (Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba); e Vinícius Nunes, gastroenterologista e hepatologista do Hospital Aliança, em Salvador (BA).
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