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6 maneiras de como evitar que a tecnologia atrapalhe seu relacionamento

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Imagem: iStock

Flávia Santucci

Colaboração para o VivaBem

15/07/2022 04h00

Não curtir a foto, não repostar os stories, assistir sozinho a um episódio de uma série que estão acompanhando juntos ou gastar no videogame o tempo que poderia estar passando com o parceiro. A tecnologia pode ser extremamente prejudicial para os relacionamentos, mas com uma boa dose de conversa e muita compreensão, é possível, na maioria dos casos, tê-la como aliada.

Para Ediane de Oliveira Ribeiro, psicóloga pela UNB (Universidade de Brasília), basta dar um passo para trás. "É crescente o número de pessoas que apontam o uso das redes sociais como um ponto de conflito do casal. Nesses momentos é preciso darmos um passo atrás para lembrar que a tecnologia não faz nada sozinha e não é por si só boa ou ruim", diz.

Segundo ela, o uso da tecnologia é feito pelas pessoas da relação, então, muitas vezes, o conflito aparece como um espelho de questões mais profundas do próprio relacionamento.

Tempo de qualidade que o casal se dedica, limites de privacidade de cada um e a negociação de momentos individuais é um acordo que precisa ser conversado, diz Ribeiro. E esses acordos precisam incluir o uso das redes e da tecnologia, dada a importância que elas ganharam na vida cotidiana, mas precisa ir além disso.

"Não é exatamente sobre usar ou não o celular quando estão juntos, e sim sobre qual o tempo de qualidade dedicam um ao outro, sobre limites de privacidade e confiança", afirma.

O excesso atrapalha (e muito)

O uso excessivo das redes sociais impacta a saúde e atrapalha o relacionamento. Mas isso não significa que casais deveriam evitar contas no Instagram ou no Facebook.

Para a psiquiatra Danielle Admoni, preceptora na residência da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), é importante ter um equilíbrio entre o que se faz no mundo virtual e o que se faz no mundo pessoal.

O que a gente mais vê é o parceiro ou a parceira se queixar que a pessoa fica o tempo todo no celular, rindo no WhatsApp, no Instagram, enquanto o parceiro está ali do lado, no mundo real, esperando algum tipo de resposta, algum tipo de companhia, algum tipo de toque. Danielle Admoni.

Outra questão importante quando se traz a tecnologia para os relacionamentos é a privacidade. "A gente vê que tem gente que gosta mais de se mostrar, postar foto, colocar no Instagram o que faz, onde está, e tem pessoas que são mais reservadas. Isso também acaba gerando bastante conflito. Alguns querendo mostrar mais a vida, a intimidade e outros se sentindo invadidos com essa situação", diz Admoni.

Como a tecnologia pode ajudar ao invés de atrapalhar o seu relacionamento

Para ter a tecnologia como aliada no relacionamento, o casal precisa estabelecer limites. Segundo a psicóloga Renata de Azevedo, especialista em terapia de casal e família pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), qualquer coisa que esteja fora do combinado, inclusive o próprio uso da tecnologia, pode —e vai— gerar briga.

"Se combinaram que ambos vão ter a senha do celular um do outro e um passa a esconder, isso vai gerar brigas. Se um fica tempo demais no celular e não dá atenção ao outro, isso vai gerar brigas. Qualquer coisa que saia fora do combinado, a tendência é que gere problemas na relação".

Veja a seguir como a tecnologia pode ajudar de verdade o seu relacionamento:

1. Combinado não sai caro

Desde o início do relacionamento, deixe claro o quanto você gosta ou odeia tecnologia. Uma das brigas mais comuns é a falta de curtidas ou reposts do parceiro. E também respeite se ele não é viciado em redes sociais como você é.

2. Estabeleça limites

A tecnologia é uma das coisas que mais podem tirar a atenção do parceiro e o outro pode se sentir preterido. Combinem horários de uso quando estão juntos, para que aproveitem mais a companhia um do outro do que os aplicativos do celular.

3. A importância da privacidade e da confiança

Como cada casal é um casal, a dinâmica pode mudar de um relacionamento para o outro. Converse sobre o melhor para os dois (não apenas para um).

4. Tenham um tempo de qualidade de verdade

Observe quanto tempo de qualidade vocês dedicam um ao outro e se isso atende as necessidades de ambos ou alguma das partes se sente desconsiderada.

5. Autocrítica e autoanálise

Observe-se para compreender se o uso excessivo das redes sociais e da tecnologia é um comportamento que está ficando disfuncional e prejudicando seus relacionamentos ou se está funcionando como fuga para não encarar problemas mais profundos da relação.

6. Evite o jogo de acusações

As conversas difíceis geralmente caem no julgamento do comportamento do outro e aí ambos entram na defensiva e o conflito só aumenta. Ao invés de julgar o comportamento, dizendo coisas como "você não sai desse celular" e "você não liga para mim", fale sobre como você se sente e quais as suas necessidades: "me sinto sozinho quando estamos juntos porque sua atenção está no celular" e "me senti desconsiderado quando você assistiu sozinho ao episódio da série que combinamos de assistir juntos").

O real motivo da briga

Se limites e conversas não funcionam e as brigas só estão aumentando, é preciso pesquisar a fundo o real motivo dos desentendimentos. Para Ribeiro, eles se tornam preocupantes quando os limites de uma ou das duas partes estão sendo constantemente desrespeitados.

"É preciso observar se as brigas são realmente por causa da tecnologia ou estão encobrindo problemas mais complexos do relacionamento, que podem levar à decisão, inclusive, de encerrar a relação", diz.

Admoni ressalta que quando começam a acontecer exageros, falta de confiança e quebra de privacidade, é um ponto a ser pensado.
"Quando aquele casal não consegue chegar em um acordo mais ou menos razoável para os dois, a tecnologia acaba sendo sintomática de várias outras questões", diz.

"É mais um ponto a ser pensado, não é o único, mas o casal precisa realmente pensar se o que está acontecendo ali está sendo algo positivo ou não em todas as questões, incluindo a tecnologia. Não dá para dar essa importância toda para a tecnologia entre outras coisas que acontecem no relacionamento."