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Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Tem pavor de falar em público? Veja dicas para perder esse medo

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Isabella Abreu

Colaboração para o VivaBem

21/07/2022 04h00

As mãos suam, as pernas tremem, o coração acelera, a voz enrosca na garganta, os pensamentos desaparecem. Esses são alguns dos sintomas de um medo comum para muitos de nós: falar em público.

Falar em um palco para uma plateia ou até mesmo em um vídeo nas redes sociais pode causar uma grande sensação de desconforto. "Como será?", "O que vão pensar de mim?", "E se eu esquecer o que tenho de falar?", "E se fizerem uma pergunta que não sei responder?", "E se eu gaguejar?".

"São tantos os questionamentos que podem resultar em sentimentos de insegurança, ansiedade, vergonha. A possibilidade de fracasso gera a vontade de fugir para não se expor, e isso costuma impedir a pessoa de alcançar seus objetivos, sejam eles pessoais ou profissionais", diz Mariza Menegasso Lencioni, psicóloga da plataforma Vittude.

O receio de cometer gafes e de passar uma imagem de que não se sabe o que está falando tem um motivo. Segundo Vivian Rio Stella, doutora em linguística pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e idealizadora da VRS Academy, ao falar em público, expressamos para as pessoas nosso domínio sobre um tema, um processo, uma ideia, um negócio. "É como se fosse a validação de um saber, com direito a comitê julgador ali na sua frente. Porque, sim, as pessoas nos avaliam o tempo todo, em especial quando somos o centro da atenção", diz.

Ela destaca que ao conduzir reuniões e apresentar ideias, estamos diante da imprevisibilidade do que podem nos questionar, de como podem nos avaliar a partir das escolhas que fizemos ao elaborar o conteúdo. Por isso é tão valioso quando sabemos conduzir situações como essas com eficiência, naturalidade e credibilidade.

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O medo de falar em público também pode acontecer em reuniões e apresentações remotas
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Características de um bom orador

De acordo com Rachel Polito, diretora e professora do curso de expressão verbal do Instituto Reinaldo Polito, quando assistimos a uma apresentação e gostamos muito, é porque o orador tem pelo menos algumas das seguintes características:

  1. Bom humor: ser bem-humorado não significa contar piadas --isso nunca será obrigatório. No entanto, ter presença de espírito, saber rir e brincar, até mesmo com situações que possam surgir no momento, sempre serão boas características.
  2. Saber contar histórias: independentemente da profissão, os melhores oradores são bons contadores de histórias. Aprendemos mais com exemplos e as histórias nos prendem mais. Somos curiosos e a chance de fixar uma informação se torna ainda maior.
  3. Bom ritmo e alternância da intensidade e velocidade da fala: não gostamos de ver ninguém com fala desanimada e com o mesmo tom de voz o tempo todo. É preciso demonstrar entusiasmo.
  4. Boa postura e gesticulação: isso não significa que existe certo ou errado. O que precisamos entender é que sempre que utilizamos os gestos a nosso favor, a mensagem fica mais poderosa.
  5. Boa organização do pensamento: saber o que vai falar e ter confiança para desenvolver o assunto até a conclusão é essencial para uma excelente apresentação, seja ela de 10 minutos ou uma hora.

Como vencer o medo e se sentir mais confiante

Para Rachel Polito, não existe nada melhor em comunicação do que treino e prática. "Aquele que foge das apresentações o tempo todo jamais se sentirá seguro e confiante para falar em público", diz.

E diferente do senso comum, timidez e introversão não são impeditivos para fazer uma boa apresentação. "Aliás, Steve Jobs e Barack Obama têm personalidades com traços de introversão e são tidos como grandes oradores. Jorge Paulo Lemann não é um showman no palco e ainda assim move plateias e negócios incríveis, sendo quem é ao se expor", diz Vivian Rio Stella.

Portanto, o mais importante é saber que a apresentação é fruto de um bom planejamento. Dedicar-se a elaborar uma mensagem consistente, com um roteiro adequado ao contexto e ao público, permite que todas as pessoas, inclusive as tímidas, falem com mais confiança, segundo a doutora em linguística.

Para isso, a dica da especialista é planejar com antecedência e com critérios, como:

  • distinção entre tema, objetivo e mensagem central;
  • tópicos condizentes com o objetivo e a plateia;
  • formas de começar, encadear as ideias e concluir a mensagem.

Além disso, no dia da apresentação, vale chegar ou conectar com antecedência, fazer testes para estar realmente presente e conectado com as pessoas e não com intercorrências técnicas. "Olhar para as pessoas, usar o espaço, o corpo e a voz a favor da naturalidade, para passar convicção, são essenciais. E a habilidade é aprimorada quanto mais a pessoa treina, exercita, vivencia situações de apresentação, reflete sobre o que funcionou ou não", diz.

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Planejar o que vai falar e treinar antes são passos para uma boa apresentação
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Principais erros

Quais as falhas mais habituais que devemos evitar? Na opinião da professora do Instituto Reinaldo Polito, não organizar a fala é um erro seríssimo. "As pessoas se preocupam muito com postura e gesticulação e pensam 'eu sei o assunto, não preciso me preocupar com a mensagem'. Erro grave! Você só falará por conhecer o assunto, mas a sua fala só terá qualidade se você organizar o raciocínio", enfatiza.

Rachel Polito explica que sem organizar o pensamento os vícios de linguagem aparecem com mais frequência: "Né?", "Tá?", "Tipo". E principalmente os vícios por falta de fluência: "ééééé", "ããããããã", "humm", no meio das pausas. "Falar muito baixo ou muito alto também é um erro e a fala desanimada é outro terrível. Demonstrar vontade por aquilo que estamos falando é importante para prender a atenção do outro", recomenda.

Para Vivian Rio Stella, outro erro comum é supervalorizar os slides e não a mensagem. Ela também sugere calibrar a quantidade de informações. "Tendemos a colocar mais conteúdo do que é possível apresentar no tempo, como se mais fosse melhor. Mas a lógica 'menos é mais' é valiosa ao apresentar", salienta.