Relação caótica, infância ruim: veja como superar trauma e seguir em frente
Um trauma é um sentimento é caracterizado por uma ferida psíquica, provocado por uma experiência dolorosa. Assédios sexual e moral, violências, maus tratos, guerra, fome, bullying, chantagens, divulgação de fotos e informações não autorizadas, luto, doenças, nos seus mais diversos graus de intensidade.
"O trauma psíquico é uma das possíveis consequências de um evento traumático, em que a consciência do indivíduo se fratura e deixa uma cicatriz", diz Maria Julia Francischetto, psiquiatra do HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual), de São Paulo. Segundo ela, essa pessoa passa, então, a responder aos acontecimentos em sua vida ou se comportar de uma maneira diferente, apresentando sintomas psíquicos que levam ao sofrimento ou a uma disfunção em sua vida.
Após o acontecimento traumático, as pessoas podem elaborar o ocorrido, podendo se abalar ou não, e se adaptar, novamente, ao seu cotidiano. Mas há quem adoeça durante esse processo e chegue a apresentar o transtorno do estresse agudo —diagnóstico transitório, em que os indivíduos apresentam sintomatologia dentro do primeiro mês após o evento traumático—, ou a cronificação, gerada pela má elaboração desse evento, que é o transtorno do estresse pós-traumático.
As perturbações levam aos sintomas de revivência, evitação e hipervigilância. "A lembrança é caracterizada pela soma de emoções, imagens, sons e todos os sentimentos vivenciados a partir da ocorrência do trauma", fala Helen Mavichian, psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes, mestre em distúrbios do desenvolvimento e pesquisadora do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Porém, segundo Francischetto, a maioria das pessoas que vivenciam um evento traumático consegue superar e seguir a vida, muitas vezes, sentindo-se mais fortes que antes.
Superar a situação é possível por meio da ressignificação —atribuir um novo sentido ou significado. Ter, nesse processo, o apoio profissional é crucial para aprender a lidar com os sentimentos e emoções como culpa, vergonha, desgosto, raiva e tristeza.
"O mais importante após o evento traumático é a elaboração da vivência, por meio do entendimento e da aceitação", afirma Francischetto.
A seguir, veja um guia de como superar um trauma e seguir em frente.
Mantenha hábitos saudáveis
A psiquiatra Maria Julia Francischetto recomenda que se tenha a companhia de pessoas próximas, mantenha hábitos saudáveis de alimentação e sono. Além disso, é importante se afastar de vivências que possam remeter ao acontecimento, e piorar o estresse e o estado de alerta ser instaurado.
Procure auxílio profissional
Caso ocorra sofrimento excessivo e piora da funcionalidade nas atividades cotidianas, o acompanhamento médico psiquiátrico se faz necessário, para que não cronifique. "O melhor caminho vai ser sempre a ajuda profissional, seja para tentar recontar essa história, seja para minimizar o sofrimento e a perda decorrentes do trauma", diz Francischetto.
Para a psicoterapeuta Helen Mavichian, o ideal é reestruturar cognitivamente a experiência negativa de forma que não seja mais dolorosa, com a intervenção psicofarmacológica e a psicoterapia com abordagem cognitivo-comportamental, se possível.
Não fuja da realidade
No processo terapêutico vários aspectos serão trabalhados como a aceitação da realidade. O ideal é que o indivíduo não fuja da realidade, por mais difícil que ela seja. "O terapeuta vai dar todo o suporte necessário para esse processo", diz Mavichian.
Faça novos planos
Para lidar com o trauma e desenvolver habilidades para manejar a situação, é essencial encontrar alívio para o sofrimento, por meio de atividades que proporcionem prazer, além de traçar novos objetivos, não deixar de sonhar, buscar expressar os sentimentos e trabalhar a autoconfiança.
Trabalhe a culpa para deixá-la ir
"A culpa, o medo, o sentimento de fracasso, de impotência, vergonha e, até mesmo, depressão e ideação suicida, em casos mais graves, são frequentes", lista Ana Claudia Alexandre Carneiro da Costa, psicóloga, doutoranda em psicologia clínica e coordenadora do curso de psicologia da Uninassau, em Olinda (PE).
O sentimento de culpa pode ser tão intenso e impactar o organismo, resultando em insônia, enxaqueca, problemas digestivos, náusea, entre outros.
Para deixar de sentir culpa, é preciso compreender e aceitar a realidade. "Racionalizar a situação traumática, identificar e aceitar a culpa para que seja possível fazer algo a respeito dela", ensina Mavichian.
Ao aprender a lidar e a ressignificar o sentimento de culpa, ele dará lugar a uma compreensão do ocorrido e a pessoa conseguirá seguir com a vida.
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