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Frutas desidratadas, cristalizadas e chips: veja diferença e qual é melhor

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Janaína Silva

Colaboração para o VivaBem

29/07/2022 04h00

Fontes de nutrientes, como vitaminas e sais minerais, as frutas fazem bem à saúde, mas, muitas vezes, por conta da rotina, seu consumo é restrito. É aí que entram as versões desidratadas —conhecidas também como secas—, e os chips assados, boas opções para lanches rápidos fora de casa ou pré-treino. Já as frutas cristalizadas são mais doces e calóricas.

A diferença entre elas está no processo, que pode alterar não apenas suas características como também sua composição. A desidratação, por exemplo, é uma técnica muito antiga de preservação de alimentos. O processo é simples e consiste na eliminação de água por evaporação com transferência de calor e massa. Entre as vantagens estão a facilidade no transporte e a armazenagem, já que dispensam refrigeração e aditivos.

O método concentra os açúcares naturais das frutas —a frutose— e as tornam mais doces. "Há aumento na concentração de nutrientes, fibras e compostos bioativos em comparação às frescas, se consumidas na mesma quantidade", afirma Daniela Miyuki Nakajima, nutricionista e supervisora de nutrição no Hospital São Camilo Granja Viana.

O alto teor de fibras mantém o índice glicêmico de baixo a moderado e proporciona mais saciedade. Porém, sustentam menos e há a tendência de exagerar nas quantidades, devido à eliminação da água.

Crianças e gestantes podem se beneficiar pela necessidade nutricional nessas fases da vida, tomando cuidado com os excessos. "Consumir tâmaras no final da gestação é benéfico, pois auxilia na dilatação do colo do útero, favorecendo o trabalho de parto natural", comenta a nutricionista.

chips de frutas; maçã - iStock - iStock
Prefira chips feitos em casa, que não contêm conservantes e excesso de sal
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Cuidado com os chips prontos e fritos

No caso dos chips de frutas, ele pode ser feito de duas formas: frito ou assado. No forno, claro, é mais saudável, principalmente se feito em casa. "Por exemplo, a banana verde assada, disponível nas versões doce (com adição de canela) e salgada (adição de sal), possui grande quantidade de amido resistente, que auxilia na digestão e saciedade", diz Nakajima.

No entanto, também é possível encontrar os chips à venda nas gôndolas dos supermercados, hortifrútis e lojas de conveniência. Nesse caso, deve-se atentar às quantidades de gordura e à ingestão por impulso, sem controle da quantidade.

Além disso, quando se compra por quilo (a granel) não se tem a noção das calorias por porção. Então é preciso atenção.

Na opinião de Durval Ribas Filho, médico nutrólogo, endocrinologista e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), os produtos prontos, encontrados nos mercados, parece uma boa opção para quem quer fazer um lanchinho saudável e rápido, mas isso não é verdade. Essas variações sofrem a adição de ingredientes, como alguns tipos de gorduras que conferem crocância, adição de caldos de legumes e carne —que servem para enriquecer o sabor—, e sódio.

"Nesse caso, a forma de preparo é importante. As caseiras são mais saudáveis", esclarece Vinícius Sampaio Brandão, mestre nutricionista do ambulatório de obesidade e diabetes do HUPES-UFBA (Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia), vinculado à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

frutas cristalizadas; gengibre - iStock - iStock
O problema das frutas cristalizadas é a dição de açúcar e quantidade de calorias
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Frutas cristalizadas têm muito açúcar

Na produção das cristalizadas, é retirada toda a água da fruta, preservando as características, porém o processo de cristalização agrega açúcar refinado e calorias.

"Não são interessantes para quem deseja controlar o peso e, no caso das pessoas com diabetes, o cuidado é ainda maior, pois elas aumentam a glicemia, pelo seu alto teor de açúcares", ressalta Brandão.

As variedades enlatadas ou em conserva também não são a melhor opção de consumo. Os especialistas explicam que elas são hidratadas e por terem uma quantidade elevada de água são mais suscetíveis à deterioração. Por esse motivo, são adicionados ingredientes como conservantes e açúcares a fim de prolongar o tempo de conservação.

Contudo, isso não significa que essa forma deva ser excluída da dieta. Há marcas em que a conserva não tem a adição de açúcar, apenas o das frutas. "É importante ficar atento aos rótulos. Os produtos industrializados podem conter sódio, açúcares, gorduras ou outros itens indesejáveis", enfatiza Brandão.

Qual é melhor?

É claro que as opções in natura são melhores. Elas satisfazem mais e induzem a comer menos calorias complementares. "Ao ingerir 60 gramas de banana chips, provavelmente uma pessoa vai querer comer mais alguma coisa. Já 100 gramas de banana em estado natural proporcionará mais sustento", exemplifica Brandão.

Mas se a opção in natura não for possível, prefira as desidratadas. Além de fáceis de carregar e de conservar, substituem os doces para aquelas pessoas que não abrem mão.

"As secas são as melhores escolhas, seguidas das em forma de chips, se forem preparadas em casa ou de alguma marca que não adiciona ingredientes prejudiciais", afirma o nutricionista.

Essas alternativas são mais saudáveis, pois são ricas em fibras, que aumentam o tempo de saciedade, absorção de gorduras e auxiliam a saúde intestinal.

Além disso, de acordo com Nakajima, as in natura não apresentam perda de nutrientes, durante o processamento.

Mas a recomendação de comer com moderação é válida para elas também. Em uma alimentação saudável e equilibrada, a ingestão é de três a cinco porções de frutas por dia. "No caso de quem tem diabetes, a orientação do médico é essencial, pelo próprio teor de açúcar de cada uma", informa Durval Ribas Filho.

"Uma média de duas unidades das maiores, como damasco, manga e pera, e duas colheres (sopa) para as menores, como passas e cranberries, por exemplo. Isso equivale a uma recomendação diária em torno de 30 a 60 g de frutas secas", sugere.