Vacina infantil contra a covid-19 é segura; veja mitos e verdades
Depois das crianças de 5 a 11 anos iniciarem a imunização contra a covid-19, a expectativa agora é grande para que bebês a partir de seis meses e crianças menores, de até 4 anos, também possam receber as doses de proteção contra a doença.
No Brasil, por enquanto, apenas a CoronaVac foi autorizada (de forma emergencial) pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a ser aplicada em crianças de três a cinco anos. Já nos Estados Unidos, os imunizantes da Pfizer e da Moderna já estão sendo aplicados nesse grupo desde junho, quando a FDA (Food and Drug Administration) deu o sinal verde e o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) recomendou a vacinação.
No entanto, muitos pais ainda se sentem inseguros e questionam se é realmente necessário aplicar a vacina em crianças tão pequenas.
Alguns números recentes, no entanto, mostram que vacinar esse grupo é fundamental para reduzir mortes nesta etapa da pandemia. Em dois anos, as mortes de crianças de até cinco anos por covid-19 foram mais que o triplo das causadas por outras 14 doenças em uma década.
De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, entre 2020 e 2021, 1.508 crianças morreram de covid-19. Já as mortes por doenças evitáveis —como coqueluche, sarampo, hepatite B e meningite meningocócica, entre outras, em um total de 44 —totalizaram 498 mortes entre 2012 e 2021.
A análise é do Observatório de Saúde na Infância - Observa Infância, da Fiocruz/Unifase, feito com dados obtidos do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) do Ministério da Saúde.
"É curioso que vemos os pais com todas as doses em dia não querendo proteger os filhos com as mesmas vacinas", afirma Renato Kfouri, pediatra e infectologista, presidente do Departamento de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).
De acordo com ele, um dos fatores que levam os pais a hesitarem na imunização dos filhos é a percepção de que a doença é menos grave ou tem um menor risco de complicações em crianças. "Mas os números mostram que milhares de mortes de crianças poderiam ser evitadas. Então, por que não?", questiona o médico.
Mas esse não é o único motivo que atrapalha a vacinação infantil contra a covid-19. Confira a seguir outros mitos e verdades envolvendo o assunto.
A vacina infantil contra a covid-19 é segura
Verdade. Para ser autorizada, as vacinas precisam apresentar estudos comprovando não apenas a segurança como também a eficácia do imunizante.
No caso das doses pediátricas, a questão envolvia descobrir qual era o esquema vacinal e a dosagem correta para que o sistema imunológico das crianças —que ainda é imaturo entre os seis meses e quatro anos e, portanto, apresenta uma resposta diferente em comparação aos mais velhos— apresentasse uma resposta satisfatória.
A pediatra Maria do Socorro Martins, da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande) e presidente da Sociedade Paraibana de Pediatria, explica que, no caso da Pfizer, a vacinação só foi autorizada nos EUA após a apresentação de estudos clínicos à FDA comprovando a eficácia do produto —que deve ser aplicado em esquema de três doses, sempre menores que as usadas nos adultos.
"O regime de três aplicações mostrou-se com eficácia de 80% contra a variante ômicron, a aprovação foi unânime pelos especialistas da agência americana", afirma a especialista.
A vacina contra a covid-19 pode interferir na fertilidade dos meninos
Mentira. Essa é uma das fake news que circulam e só aumenta a hesitação dos pais. Mas não há evidências científicas que mostrem que qualquer vacina, incluindo aí a da covid-19, pode causar problemas na fertilidade tanto de meninos como de meninas.
A covid-19 não causa problemas graves em crianças, então elas não precisam de vacina
Não é verdade. Como dito acima, o número de mortes de crianças entre seis meses e cinco anos foi muito maior do que qualquer outra doença comum na infância.
Além disso, a doença pode causar sequelas graves também em crianças, como sintomas de covid longa, síndrome inflamatória multissistêmica e até problemas no coração.
A vacina contra a covid-19 pode dar problemas no coração das crianças
Falso. Sabe-se hoje que as crianças infectadas pelo Sars-CoV-2 têm de 10 a 17 vezes mais risco de desenvolver uma miocardite (inflamação no miocárdio, um músculo do coração) do que as crianças vacinadas.
Os estudos mostram que o risco da inflamação ocorrer entre crianças de cinco a 12 anos que sejam imunizadas é de um caso entre um milhão de doses aplicadas —e, mesmo assim, com gravidade bem menor do que a complicação causada pelo vírus.
"Todas as vacinas são seguras e sua eficácia e benefícios são maiores que qualquer evento adverso que possa ocorrer", afirma Daniela Piotto, pediatra e médica do atendimento e vacinas do Grupo Fleury.
Ela lembra que, como qualquer vacina, a da covid-19 pode causar dor local, febre e mal-estar —mas, na grande maioria, nada que seja considerado grave. "É algo esperado e que será maior ou menor dependendo de como cada organismo reage", afirma.
Quando a vacina da Pfizer para crianças pequenas deve chegar ao Brasil?
Em comunicado a VivaBem, a Pfizer afirma que "a companhia está trabalhando para a submissão [da vacina] a outras agências regulatórias pelo mundo e busca fazer a submissão à Anvisa o mais prontamente possível".
A empresa declarou ainda que a vacina para crianças tanto de seis meses a quatro anos como para as de cinco a 11 anos continua sendo a primeira versão do imunizante.
"Pesquisas atuais e dados do mundo real demonstram que os reforços da vacina contra a covid-19 continuam a fornecer um alto nível de proteção contra doenças graves e hospitalizações com ômicron", finaliza.
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