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Linn passa por cirurgia de afirmação de gênero; o que é feminização facial?

Linn da Quebrada - Reprodução/Instagram
Linn da Quebrada Imagem: Reprodução/Instagram

Do VivaBem, em São Paulo

31/07/2022 10h15

A cantora e ex-participante do BBB Linn da Quebrada postou fotos do pós-operatório de cirurgia de reafirmação de gênero, em seu perfil no Instagram, neste sábado (30). O procedimento é realizado em homens e mulheres transgênero para deixar os traços do rosto com os quais mais se identificam.

São em torno de 12 procedimentos disponíveis que alteraram as características faciais, como projetar as maçãs do rosto e os lábios, suavizar o contorno da testa e das têmporas, alterar a projeção e o contorno do nariz, até a reduzir o pomo de adão —cartilagem tireoidea acentuada.

Além dessas, segundo Suzy Vieira, cirurgiã plástica que atua nas áreas de cirurgia estética, reparadora e cosmiatria, ainda voltadas ao público feminino transgênero, é possível alterar a estrutura óssea para retrusão do queixo (mentoplastia), realizar implantes capilares e correção de áreas de calvície, laser para remoção de pelos e elevar dos supercílios.

Veja abaixo os tipos de cirurgias disponíveis para a feminização facial:

  • Reconstrução fronto-orbitária: mudança na testa, aplainamento ósseo, com placas e parafusos de titânio;
  • Recontorno mandibular: apagamento do ângulo mandibular;
  • Mentoplastia: redução ou avanço do mento (queixo), sempre produzindo um efeito triangular, com um queixo de cerca de 2,5 cm;
  • Redução do pomo de adão;
  • Rinoplastia: aumento do ângulo naso-labial e retirada da giba nasal, que é a saliência óssea localizada no dorso nasal.

Chamadas cirurgias de confirmação de gênero facial, elas são definidas com critério médico e analisadas caso a caso. "A atuação é conjunta entre cirurgião plástico e os demais profissionais envolvidos, como endocrinologista (hormônios), foniatras (tratamento da voz) e bucomaxilofacial para o bem-estar dos pacientes", afirma Moises Wolfenson, cirurgião plástico e professor de medicina da Uninassau (Centro Universitário Maurício de Nassau) de Olinda (PE).

Linn da Quebrada faz procedimento de feminilização facial - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Linn da Quebrada faz procedimento de feminilização facial
Imagem: Reprodução/Instagram

"O resultado é muito bom. Essas cirurgias são procuradas e desejadas porque fazem com que o semblante seja identificado como feminino, sem retirar a identidade da pessoa, deixando-o proporcional aos próprios traços", diz Aureliano Lopes da Silva Junior, professor do curso de psicologia da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). Ele comenta que as cirurgias fazem parte também de um desejo, muito naturalizado, cujo intuito é se sentir mais bonita e melhor, elevando a autoestima.

Onde fazer?

A Unifesp mantém o Núcleo TransUnifesp, que contempla pesquisa, ensino, extensão e assistência à pessoa transgênero com equipe multidisciplinar, que inclui psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas, ginecologistas e cirurgião plástico, muitos dos quais são voluntários.

"O núcleo já realizou 10 cirurgias de feminização facial. As de masculinização dependem de próteses, assim como as de feminização necessitam de parafusos de titânio, entre outros materiais quando realizadas, e o SUS (Sistema Único de Saúde) acaba não cobrindo os altos custos", informa Adriano Guimarães Brasolin, cirurgião plástico e professor da disciplina de cirurgia plástica da EPM-Unifesp (Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo).

Os encaminhamentos ao NúcleoTrans são realizados via Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, que regula vagas do SUS.

Os hospitais habilitados junto ao SUS para a realização do processo transexualizador no país são:

  • Hospital das Clinicas da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia;
  • Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre;
  • Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro;
  • Fundação Faculdade de Medicina, da Universidade de São Paulo, em São Paulo;
  • Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, no Recife.

Há ainda os ambulatórios em várias cidades para o acompanhamento da saúde, incluindo a mental, de homens e mulheres transgênero, contudo, as cirurgias plásticas não são realizadas lá.

A operação que reduz o pomo de adão e o procedimento de alongamento das cordas vocais para feminizar a voz, para mulheres transgênero e travestis, podem ser realizados pelo SUS, diferentemente dos faciais.

*Com informações de matéria publicada em 26/07/2022