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Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Orgasmo só com o poder da mente? Mulher diz que consegue e estudo comprova

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Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

31/07/2022 13h40

Uma mulher de 33 anos que sofre com vaginismo se tornou um caso estudado por causa da forma como chega ao orgasmo. Após 10 anos de prática, ela diz que consegue atingir e controlar o tempo de duração de orgasmos apenas com o poder da mente. O estudo foi publicado no periódico Sexual Medicine em abril deste ano.

O vaginismo é uma contração involuntária na região perineal que faz com que o canal vaginal se estreite e impossibilite a penetração. Como o distúrbio provoca dores, a mulher que instigou cientistas buscou a ajuda da ioga tantra.

Segundo ela, o treinamento de uma década envolveu "aprender posturas corporais, técnicas de respiração, bloqueios corporais, visando aprender a despertar e sentir a energia e depois aprender a guiá-la e movê-la para cima. Além disso, fiz exercícios do assoalho pélvico, prática de massagem nos seios e práticas para liberar a vergonha e a culpa. Aprendi a relaxar e deixar ir, aceitei a imagem corporal e trouxe um aumento da atenção plena também para a vida cotidiana em geral".

Atingir o orgasmo não era seu principal objetivo com a prática, mas à medida que seu treinamento progredia, sua capacidade orgásmica também evoluiu. Ela relatou aos cientistas que se sensibilizou a tal ponto que ela não apenas superou seu vaginismo, mas foi capaz de se colocar em um estado orgásmico contínuo quase instantaneamente e fazê-lo durar por um longo período de tempo.

É importante dizer que ter orgasmos sem estimulação genital não é exatamente uma novidade. Já foram relatados casos de pessoas que experimentaram orgasmos durante o sono, após o exercício, ao ver imagens e imaginar fantasias. Homens e mulheres paraplégicos também relatam orgasmos "fantasmas".

No caso da mulher que praticou ioga, os cientistas tentaram provar que ela atingia mesmo o orgasmo analisando o nível de prolactina circulando em seu sangue. Esse hormônio circula mais pelo corpo quando se atinge o orgasmo e a magnitude desse "pico" também coincide com a quantidade de prazer que a pessoa está sentindo.

Os pesquisadores fizeram análises do sangue da voluntária antes e depois do seu "poder da mente" e notaram uma mudança clara. Os níveis de prolactina dela aumentaram 25% após 5 minutos de orgasmo não estimulado genitalmente e 48% após 10 minutos de orgasmo não estimulado genitalmente.

Segundo eles, os níveis estavam quase iguais aos de prolactina de uma mulher após o orgasmo estimulado genitalmente.

"Subjetivamente, os orgasmos atingidos apenas com a mente eram tão prazerosos quanto os com estimulação externa ou interna e produziram um conjunto relativamente semelhante de experiências sensoriais", concluíram os autores. "Foram induzidas as mesmas mudanças fisiológicas."

Além da mente

Além das pessoas que conseguem ter esse controle da mente para atingir orgasmo, há também quem chegue nele de outras formas. Abaixo, listamos as mais conhecidas.

  • Estimulação dos mamilos

Se o clitóris tem um parente no corpo da mulher, é o mamilo. "Ele é cientificamente comprovado como um estimulante importante para o orgasmo da mulher", diz Carolina Ambrogini, ginecologista coordenadora do Projeto Afrodite, do Centro de Sexualidade Feminina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Ele é muito enervado e sensível. Acredita-se que a área do cérebro que controla o prazer proveniente do clitóris é a mesma do estímulo mamilar.

Em um estudo publicado no periódico Journal of Sexual Medicine em 2011, cientistas mostraram que, quando os mamilos foram estimulados, por exemplo, a área do cérebro correspondente às sensações no tórax foi estimulada, mas os genitais também foram ativados.

O mamilo é tão sensível que, ao causar o orgasmo, libera grandes concentrações de ocitocina, hormônio responsável por contrair o assoalho pélvico.

  • Prazer anal

O ânus tem bastantes enervações também, ou seja, é mais fácil sentir prazer com ele, se for estimulado. O períneo (entre a vulva e ânus), por exemplo, é muito sensível ao toque, seja das mãos, braços, lábios.

Mas depende muito do limiar de sensibilidade de cada um. Em alguém mais sensível, só a estimulação anal já leva a uma onda enorme de prazer. Mas normalmente é mais difícil. Geralmente o orgasmo vem quando há uma junção de estimulação anal e clitoriana.

  • Beijo

Não há trabalhos científicos que falem de atingir o orgasmo somente com o beijo, mas especialistas afirmam que, com base na lógica de que quanto mais enervada a parte do corpo, maior e mais fácil é a conexão com cérebro e, portanto, com as contrações musculares, a boca pode ser uma chave para o prazer.

"Sabemos que a boca é muito enervada e tem um estímulo muito sensorial, já que é por ela que sentimos os sabores, por exemplo. Isso claramente eleva a sensação de prazer", diz Ambrogini.

*Com informações de matéria publicada em 06/03/2019