Cantor morre aos 32 anos após 2 infartos; quanto mais novo, mais perigoso?
O cantor sertanejo Lucas Guedes, 32, morreu nesta quinta-feira (4) após sofrer dois infartos. Ele morava em Porto Ferreira (SP) e estava internado desde ontem. "Amigos, o Lucas não estava bem ontem, estava com muita dor, sofreu um começo de AVC e um infarto, internou... Teve outro infarto essa noite e não resistiu", disse Karina Santana, esposa do artista, no Facebook.
O infarto ocorre quando há a interrupção da circulação de sangue nos vasos de uma ou mais partes do coração. O problema, que ocorre principalmente devido ao acúmulo de placas de gordura nas artérias responsáveis por irrigar o órgão, pode provocar danos ao músculo cardíaco ou levar à morte.
Um ponto que chamou atenção foi a idade do artista: 32. No Brasil, ataques cardíacos e AVC são as doenças que mais matam antes dos 60 anos, mas a relação entre a mortalidade e a idade ainda divide especialistas.
Um estudo da Universidade Harvard (EUA), de 2019, mostrou que o número de pessoas com menos de 40 anos que sofreram infarto cresceu num ritmo de 2% ao ano durante os 10 anos de pesquisa —e 20% dos sobreviventes de infarto entre 2000 e 2016 estavam dentro da faixa etária.
Sofrer um infarto é mais perigoso nesta faixa etária?
O mesmo estudo apontou que, mesmo para quem está na faixa dos 20 aos 30 anos, o risco de o ataque cardíaco ter um desdobramento ruim é o mesmo de quem tem mais do que 40 anos. Porém, a questão é polêmica e muitos especialistas não concordam com isso.
No geral, é essencial ter em mente que, em grande parte das vezes, o que determina as sequelas de um infarto ou se ele será fatal não é idade e, sim, a agilidade nos primeiros socorros e o tempo para o restabelecimento do fluxo de sangue ao coração —a primeira hora é vital para minimizar sequelas.
Inclusive, quem teve infarto uma vez está mais propensa a ter outros e mais graves que o primeiro segundo o cardiologista Edmo Atique Gabriel, professor livre-docente na Unilago (União das Faculdades dos Grandes Lagos) e colunista de VivaBem.
"Em geral, temos muita preocupação quando a pessoa tem mais de um infarto porque a primeira lesão já é razoável e, caso tenha o segundo ou terceiro episódio, pode ser que acometa mais e cause maior repercussão no coração", diz.
Ainda segundo Gabriel, há mais riscos de sequelas para o paciente. "O músculo do coração pode perder força, gerando arritmias cardíacas ou levar à insuficiência cardíaca."
Por que os jovens estão sofrendo mais infartos?
Boa parte dos episódios precoces de infarto ocorre devido a uma predisposição genética. Mas o estilo de vida (má alimentação, tabagismo, sedentarismo e estresse) também tem sua parcela de culpa.
"O que se percebe hoje é que quando há dois fatores de risco presentes e sem controle, é maior a chance de isso se tornar o gatilho para um problema no futuro. Um fator de risco oferece uma chance X de infarto, mas essa chance se multiplica a partir do segundo fator, tornando-se bastante elevada", diz Nabil Ghorayeb, cardiologista e médico do esporte do HCor (Hospital do Coração).
Para evitar que isso aconteça, é importante criar e manter hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, com menos gordura e mais vegetais, praticar regularmente exercícios físicos, desenvolver formas de controlar o estresse e ainda visitar regularmente o cardiologista para check-ups preventivos.
Como agir em caso de suspeita
Ao sentir a dor no peito, a recomendação é ligar para a emergência e manter a pessoa em repouso. Enquanto aguarda, o paciente com suspeita de infarto deve tomar dois comprimidos de 100 mg de ácido acetilsalicílico (aspirina) infantil.
Em caso de parada cardíaca, deve-se deitar a pessoa no chão, com o queixo virado para cima, e iniciar a massagem cardíaca fazendo duas compressões por segundo no meio do peito até a chegada da equipe de socorro.
Mesmo que os sintomas sejam leves e a pessoa não tenha histórico de doença cardiovascular, é importante ir ao pronto-socorro. O coração é como um pistão de músculo. Quando o indivíduo tem um infarto, uma área do órgão morre e ele perde essa função de bombear o sangue, por isso o atendimento deve ser rápido. O ideal é que as providências sejam tomadas até seis horas após o início dos sintomas. Depois de 12 horas, a probabilidade de recuperação é mínima.
* Com informações de reportagens publicadas em 03/03/2020 e 05/07/2022.
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