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Perigo no guarda-roupa: veja roupas e acessórios que podem prejudicar saúde

Alguns modelos de roupas e acessórios podem prejudicar a saúde; entenda como - iStock
Alguns modelos de roupas e acessórios podem prejudicar a saúde; entenda como Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

12/08/2022 04h00

Guarda-roupas oferecem perigo e não apenas de caírem sobre alguém ou reterem mofo. Podem abrigar roupas e acessórios considerados verdadeiros vilões da saúde, asseguram os médicos.

No passado, uma peça que foi emblemática, saiu de moda e de uns tempos para cá retornou é o espartilho, que, se por um lado diminui a cintura, por outro causa uma série de males, entre os quais, refluxo, falta de ar, dor nas costas, compressão vascular e deformidades.

Mas, para além dele, há o que cause muito mais preocupação. São produtos populares, que conquistam facilmente as massas, independente de gênero, idade, classe social e dificilmente são abandonados. A lista é enorme e, se não bastasse esse fato, outras preocupações envolvidas incluem seus materiais, modelos, procedência, limpeza e utilização com frequência.

A começar pelo alto do corpo...

óculos de sol - Tania Mousinho/Unsplash - Tania Mousinho/Unsplash
Imagem: Tania Mousinho/Unsplash

Na cabeça, peças que merecem atenção são boné, chapéu e qualquer outro adereço que cubra inteiro o couro cabeludo. Eles protegem —sobretudo os calvos— da radiação solar e consequentemente do risco de queimaduras e câncer de pele.

Mas não devem ser usados o tempo todo, como "parte da personalidade", a exemplo de como faz o Indiana Jones. Podem tracionar, abafar e transpirar muito a região capilar, o que leva à queda dos fios (alopecia).

Óculos de sol também merecem cuidado. Devem ser comprados em óticas de boa procedência e ter proteção contra raios UV. Do contrário, os danos podem ser piores do que não usar óculos nenhum. Os "piratas" provocam cansaço ocular, dores ao redor e no fundo dos olhos, lacrimejamento e enxaqueca.

Fora que, ao não protegerem do excesso de exposição solar, facilitam diversas doenças, como a catarata (principalmente em idosos) e até câncer nos olhos.

Brincos e colares não ficam fora dessa. Os primeiros, se forem pesados e usados toda hora, contribuem para que as orelhas estiquem na parte inferior, do lóbulo, e o furo do brinco rompa pela tração e efeito da gravidade.

Quanto a colares, não são indicados muito grandes, para não provocar anteriorização da cabeça, isto é, fazer com que ela se curve para frente, nem para crianças. Há mães que põem em seus bebês os de âmbar (resina amarela que aliviaria cólicas), mas podem enforcar e causar ingestão acidental.

Fuja do que aperta, pesa ou pinica

Homem branco de terno e relógio de pulso ajeita gravata - Ruthson Zimmerman/Unsplash - Ruthson Zimmerman/Unsplash
Imagem: Ruthson Zimmerman/Unsplash

Se mulheres sofrem com espartilho, homens sofrem com gravata, que segundo um estudo de 2018, publicado no periódico American Journal of Neuroradiology, deve ser usada sem apertar o pescoço. Foi demonstrado que o uso inadequado da peça, ainda mais por quem seja obeso ou hipertenso, pode comprimir veias jugulares e artérias carótidas, acarretando prejuízos que vão desde redução do fluxo sanguíneo cerebral, a aumento da pressão intraocular e glaucoma.

Na área da cervical, ainda cabe falar de maxi bolsas, suspensórios e sutiãs, que em geral podem causar tensões musculares, desvios posturais e limitações de movimentos. As bolsas muito grandes transferem o peso para apenas um lado, o que leva a coluna a entortar e um dos ombros ficar mais baixo do que o outro.

Já o problema de sutiãs e suspensórios está nas alças, que devem ficar alinhadas e serem largas para distribuir as medidas e amenizar a sobrecarga.

A preocupação também se estende ao que vai por cima do corpo. Saia tubinho e calça muito justa (jeans skinny, por exemplo), ao limitarem o movimento das pernas e os atos de se sentar, subir e agachar, podem prejudicar músculos, nervos, circulação e desencadear varizes, celulite e até dores crônicas em testículos e má digestão, acúmulo de gases e constipação.

Gosta de usar roupa mais apertada? Modelos que garantam elasticidade, tipo legging, são mais confortáveis.

Por falar em tecidos, certos tipos também podem desencadear alergias e intoxicações. É o caso das roupas tratadas quimicamente para ganhar cores vivas, prevenir manchas e amarrotados, que devem ser lavadas antes do primeiro uso, e das sintéticas, desaconselhadas para quem tem histórico de dermatite. Usá-las diretamente sobre a pele causa atrito, que piora o quadro.

Cavas, saltos e outros modismos

Salto alto - Reprodução/Unsplash - Reprodução/Unsplash
Imagem: Reprodução/Unsplash

Tão ruim como vestir algo que aperta, limita e causa inchaços e hematomas é vestir algo que provoca assaduras, infecções fúngicas, feridas, além de odores desagradáveis, principalmente em áreas sensíveis, como virilhas e genitais.

Por isso, inclua também como peça "colada" e danosa à saúde: cuecas, sungas e calcinhas extremamente justas e cavadas. Em comum, elas dificultam a transpiração e a ventilação, gerando superaquecimento e umidade na região.

Modelos fio-dental são ainda piores. A tira de tecido facilita a migração de bactérias do reto para a vagina e a uretra, causando cistite, infecções vaginais e corrimento. Sem falar nas dolorosas hemorroidas e fissuras anais.

Mas nada que é solto demais também é bom. No que compete aos homens, cuecas samba-canção e boxer, se usadas para praticar esportes, por exemplo, elevam o risco de traumas íntimos, pois não estabilizam bem. Vale o bom-senso.

Por fim, não dá para encerrar esta reportagem sem falar de certos calçados, cujos problemas que causam, normalmente tem a ver com dois extremos. Se salto alto provoca alteração angular e sobrecarga dos joelhos e com bico fino compromete a parte dianteira dos pés e favorece o aparecimento de joanetes, modelos rasteiros de chinelos, sandálias e sapatilhas deixam os pés planos demais, facilitando fascite plantar, tendinites e dores nos pés e no quadril.

Fontes: Alexandre Fogaça Cristante, ortopedista e professor da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Humberto Costa, ortopedista e especialista em quadril do Hospital São Rafael, da Rede D'Or, em Salvador; Juliana Toma, dermatologista pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Rodolfo Favaretto, urologista pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP; e Wendell Uguetto, cirurgião plástico da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).