Dor de cabeça, tontura, cãibra e cólicas após orgasmo. Será que é normal?
Tonturas, náuseas, espirro, cãibras, dores de cabeça e vontade de urinar são alguns dos sintomas que podem acontecer após o orgasmo, isso porque o corpo passa por um ápice de excitação extrema para um momento de relaxamento.
Juliana De Biagi, ginecologista, obstetra e professora da Fempar (Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná), esclarece que, durante o sexo, na fase de excitação, ocorre o relaxamento muscular, aumento da irrigação sanguínea nos órgãos sexuais e lubrificação.
No momento do orgasmo, há liberação de noradrenalina que ocasiona contrações musculares e dos vasos sanguíneos, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Logo após, a liberação de noradrenalina para abruptamente causando relaxamento intenso. Esse é o momento em que os sintomas indesejados podem acontecer.
Confira abaixo os sinais dos desconfortos que podem surgir em algumas pessoas após o momento máximo de prazer sexual:
- Vontade de urinar
Segundo De Biagi, o sistema urinário também pode ser afetado durante o clímax. O músculo da bexiga relaxa e a uretra contrai, o que leva a um desejo de urinar, mas com dificuldade de esvaziar a bexiga.
Esse sintoma costuma durar pouco tempo e depois é possível urinar normalmente. Inclusive uma dica de ouro, principalmente para as mulheres, é sempre esvaziar a bexiga após a relação para evitar infecções urinárias. No caso do homem, o resíduo de sêmen que ficou na uretra acaba sendo eliminado ao urinar.
- Dores de cabeça sexual e orgástica
Priscila Fernandes Gouveia, fisioterapeuta pélvica e especialista em reabilitação do assoalho pélvico pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirma que existe uma estimativa que varia entre 1% a 1,5% da população que sofre com dor de cabeça sexual com maior incidência entre os homens e pessoas geneticamente predispostas.
A dor pode acontecer um pouco antes, durante ou após o orgasmo tanto de uma relação íntima quanto de uma masturbação. Antes do clímax, a dor de cabeça sexual é aquela que vai aumentando gradualmente na medida que cresce a tensão no sexo entre os corpos e ocorre em cerca de 20% dos casos.
A dor de cabeça orgástica acontece imediatamente no orgasmo, sendo 80% dos casos e surge de maneira altamente intensa e repentina, como se fosse "um trovão" ou "explosão".
Os motivos do desconforto podem se originar de contração das artérias cerebrais, seguido de relaxamento, o que pode levar a dores de cabeça. Quando intensas, é necessário procurar atendimento médico de urgência.
Os ataques de dor podem ser de curta duração ou levar algumas horas. Existem remédios que podem prevenir essas dores, mas que devem ser prescritos por um profissional capacitado.
- Náuseas
Marcela*, 34, médica de Curitiba, conta que costuma sentir náuseas e um mal-estar após o prazer máximo nas relações. Por isso, ela precisa ficar deitada por poucos minutos até esperar os sinais desconfortáveis passarem. Quando consultou uma ginecologista, recebeu o diagnóstico de que não precisaria se preocupar.
Neste caso, acontecem contrações uterinas seguidas de relaxamento e, possivelmente, devido ao fluxo sanguíneo maior nos órgãos reprodutivos, as náuseas podem vir por causa de uma circulação menor de sangue na região gastrointestinal, por isso afeta também os homens. Além disso, quem engole sêmen também pode sentir náusea.
Se houver alguma dor junto com a reação de forma recorrente, é necessário verificar causas pélvicas que podem estar relacionadas a miomas, endometriose e cistos ovarianos.
- Tontura
Devido à queda de pressão abruptamente, podem ocorrer tonturas e sensação de "mal-estar". Se a atividade sexual é muito intensa, em que muita energia é gasta, exige maior esforço e se não houve uma alimentação adequada previamente é possível que o sintoma apareça.
Existe uma descarga de endorfina durante o sexo, aumento do metabolismo, maior frequência cardíaca e da pressão arterial sanguínea, principalmente se a quantidade de energia gasta na atividade for alta, o que pode influenciar na tontura depois do ápice do prazer. Geralmente as pessoas não devem se preocupar, essa sensação dura um curto período de tempo.
- Cólica
Camila Trevisan, 25, publicitária de Curitiba, relata que geralmente sente dores de cólicas intestinais que acontecem em questão de segundos após o orgasmo. Para aliviar o desconforto, ela precisa fazer alguma coisa como tomar banho, colocar compressa quente na região da dor ou até mesmo liberar gases.
Sylvia Maria Oliveira da Cunha Cavalcanti, membro da comissão nacional da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e pós-graduada em sexologia pela EBMSP (Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública), explica que o sangue flui com foco nos órgãos genitais na hora do "vamos ver". No caso da mulher, o útero fica ingurgitado de sangue e nisto o organismo se prepara para o ritual da procriação.
No momento do orgasmo, o útero se contrai para colocar para fora o muco cervical, que é uma secreção natural. Essa contração de expulsão do muco, em algumas mulheres, acontece como se fosse uma cólica.
- Cãibras
Jaqueline Eduarda, 27, estudante, sente cãibras e ataque de riso assim que chega ao clímax. Apesar disso, ela e seu parceiro já estão acostumados com as reações que passam em pouco tempo e até acham engraçado.
Possivelmente, isso acontece porque todos os músculos ficam tensos, o que pode provocar a sensação de fraqueza nas pernas e até as cãibras, mas que rapidamente se dissipam em seguida, pois o corpo retorna para o estado de repouso que estava anteriormente, fase que é chamada de resolução.
- Espirros
Não há uma justificativa científica, mas existem probabilidades de falha das sinapses cerebrais, levando a reações do sistema nervoso em todo o corpo. No entanto, é algo muito raro de acontecer, pois é uma particularidade do indivíduo.
Devo me preocupar com algum destes sinais?
De maneira geral, esses sintomas não são preocupantes se tiverem resolução rápida, exceto quando estão associados a dores fortes, que aí cabe uma investigação. É preciso mais atenção, especialmente em caso de dores pélvicas e dor de cabeça intensa.
Outra situação importante é a avaliação médica quando esses sintomas têm impacto na qualidade de vida sexual. Ou quando a pessoa se sente constrangida pelos sintomas e acaba evitando ter relações por medo ou vergonha.
*Nome trocado a pedido da entrevistada.
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