Ex-técnico do SPFC perdeu a fala: por que Alzheimer afeta comunicação?
O ex-técnico do São Paulo Edgardo Bauza, 64, foi diagnosticado com Alzheimer e está aposentado desde o ano passado. Em entrevista a uma rádio argentina, José di Léo, assistente de Bauza, contou que ele já está perdendo a fala.
"São etapas muito diferentes e duras. Houve uma etapa na qual ele ainda podia falar. Agora estamos em uma etapa em que é necessário forçá-lo a dizer alguma coisa, lembrando ou não, e ele então emite alguns sons. Quando estou com ele, eu acabo me machucando. Acabamos forçando tudo e não tem sentido. É muito difícil vê-lo e ouvi-lo assim", contou José.
Apesar de a doença ser associada à perda de memória, ela afeta todas as regiões do cérebro, inclusive aquelas ligadas à fala, por isso o problema apresentado por Bauza é muito comum entre pacientes com Alzheimer durante a evolução da doença. Em estágios mais avançados, a pessoa não consegue exercer atividades diárias nem se comunicar de forma adequada.
"A alteração da fala faz parte de toda a degeneração do cérebro", explica Wanderley Cerqueira, neurocirurgião e neurologista do Hospital Albert Einstein e da Rede D'Or e diretor da consultoria WCL Neurocirurgia. "Às vezes ele não entende o que se fala e às vezes ela não consegue se expressar, dependendo de onde a degeneração acontece, se é na região da conexão ou da expressão da fala", completa.
O médico alerta que problemas na fala e na comunicação podem surgir em casos de outras doenças, como Parkinson e esclerose múltipla, e outros tipos de demência. "A personalidade é roubada da pessoa, a perda da compreensão e da expressão é uma das consequências da demência", diz o neurologista.
O que é o Alzheimer
Esse tipo de demência acontece devido ao acúmulo de proteínas tau e beta-amiloide no cérebro. Elas formam emaranhados e placas que provocam alterações tóxicas e fazem com que os neurônios deixem de se comunicar. Por isso, há a perda de memória, alterações na personalidade e dificuldade em fazer tarefas habituais. Na fase mais avançada, há prejuízos motores, a pessoa tem dificuldade de ficar em pé, caminhar, engolir.
As causas desse acúmulo anormal de proteínas ainda são desconhecidas pelos médicos e cientistas da área. Até hoje, também não foi descoberta uma cura para o Alzheimer. Mas já se sabe que algumas outras complicações, como hipertensão, diabetes e obesidade podem facilitar o aparecimento desse tipo de doença.
"Não tem remédio, mas tem como controlar a degeneração", diz Cerqueira. "Atividade física, sono adequado e controle da dieta podem prevenir."
10 sinais de alerta
- Problema de memória que chega a afetar as atividades e o trabalho;
- Dificuldade para realizar tarefas habituais;
- Dificuldade para se comunicar (as palavras às vezes "fogem");
- Desorientação no tempo e no espaço;
- Diminuição da capacidade de juízo e de crítica;
- Dificuldade de raciocínio;
- Colocar coisas no lugar errado, muito frequentemente;
- Alterações frequentes do humor e do comportamento;
- Mudanças na personalidade;
- Perda de iniciativa para fazer as coisas.
*Com informações de matéria publicada em 09/10/2018.
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