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Hepatite viral: entenda quadro que jogador David Luiz suspeita ter

Zagueiro David Luiz em sua chegada ao Morumbi - Marcelo Cortes / Flamengo
Zagueiro David Luiz em sua chegada ao Morumbi Imagem: Marcelo Cortes / Flamengo

Do VivaBem*, em São Paulo

25/08/2022 13h24

Durante a partida entre São Paulo e Flamengo, na quarta-feira (24), no Morumbi (SP), o zagueiro David Luiz precisou ser substituído no intervalo do jogo. Ele apresentava sintomas de hepatite viral e fará exames nesta quinta-feira (25) para saber se, de fato, está com a doença.

Oficialmente, o time ainda não fez nenhum comunicado, algo que deve ocorrer após pronunciamento do departamento médico na próxima sexta-feira (26). Nesta quinta, o time está de folga. A informação inicial do quadro clínico do defensor foi confirmada pelo UOL Esporte.

O que é hepatite viral

Primeiro, é importante entender que "hepatite" é o termo genérico que define uma infecção ou inflamação no fígado. Esse órgão é conhecido como o filtro do organismo. É ele o encarregado de processar alimentos, filtrar o sangue e combater infecções. O uso pesado de álcool, drogas, alguns tipos de medicamentos e até determinadas doenças podem afetá-lo.

Outra situação capaz de atrapalhar o funcionamento do fígado é a infecção por vírus, chamada hepatite viral. Nesses casos, as hepatites são classificadas pelas letras do alfabeto: A, B, C, D e E. No Brasil, 70% das mortes por hepatites virais decorrem dos tipos mais comuns entre nós: a C, seguida pela B e a A.

O que é cada tipo

  • Hepatites A e E: são transmissíveis por meio do consumo de água e alimentos contaminados. Os médicos podem se referir a esse tipo de contaminação como transmissão oral-fecal.
  • Hepatite B: é considerada uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível). Logo, a infecção se dá, principalmente, por relações sexuais sem proteção. Contudo, pode haver contágio por via sanguínea --nesse caso, decorrerá, por exemplo, do compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos cortantes ou que furem.
  • Hepatite C: seu contágio é percutâneo, ou seja, sangue contaminando outro sangue. Estamos falando de todo utensílio que perfura a pele (alicates, instrumentos cirúrgicos, seringas, agulhas etc.). E até por relações sexuais sem proteção o vírus se espalha, basta que haja alguma lesão na mucosa local.
  • Hepatite D ou Delta: requer sempre a companhia do vírus B para se multiplicar. Ele é mais comum na região amazônica ocidental. A transmissão se dá por via sanguínea e por relações sexuais sem proteção.
  • Hepatite E: mais rara no Brasil. Como na hepatite A, a transmissão se dá na forma oral-fecal. Cuidados como consumir somente água tratada, bom cozimento dos alimentos, especialmente carne suína (o vírus pode afetar rebanhos suínos), ajudam na prevenção.

Atenção: nas hepatites B, C e D, a transmissão dos vírus pode ocorrer por meio da chamada transmissão vertical, isto é, durante a gravidez ou no parto.

Como diagnosticar doença e qual é o tratamento

No jogo desta quarta, David Luiz aparentava bastante abatimento e cansaço, por isso cedeu o lugar a Fabrício Bruno na defesa do Flamengo. Embora a doença não cause tantos sintomas, pode acontecer que, em uma infecção aguda —aquela que aparece de repente e dura apenas algumas semanas (de duas a seis semanas)—, ou até mesmo nas crônicas, quando a infecção já ocorreu há mais de seis meses, os seguintes sintomas se manifestem:

  • Febre
  • Cansaço
  • Perda do apetite (rejeitando carne vermelha, inclusive)
  • Náuseas
  • Vômito
  • Dor abdominal
  • Urina escura (colúria)
  • Fezes claras
  • Dor articular
  • Pele e olhos amarelos (icterícia)
  • Tontura
  • Mal-estar
  • Rejeição ao cigarro, quando a pessoa é fumante.

Como é o diagnóstico e o tratamento

Em entrevista à TV Globo, o jogador disse que estava com "um probleminha mais sério". "Vou fazer uns exames. Depois eu falo para vocês o que é", falou.

Mas como é feito esse diagnóstico da hepatite viral? Seja na forma aguda, seja na crônica, o médico deve conversar com o paciente para investigar alguma pista de um possível contágio. Na hepatite aguda, em cerca de 30% dos pacientes os sintomas podem estar presentes. Neste caso, serão solicitados exames específicos para cada vírus (A, B ou C).

No tratamento, as hepatites agudas, virais e induzidas por toxidade geralmente são autolimitadas, ou seja, elas se resolvem de forma espontânea e desde que seja suspensa a droga ou medicamento suspeito. Mas há casos graves que evoluem rapidamente, chamadas pelos médicos de hepatites fulminantes.

Nessas situações, o tratamento é a indicação de transplante. Nas hipóteses de hepatites crônicas (B e C), o tratamento é realizado com o uso de medicamentos antivirais específicos. Se a causa for o consumo de álcool, haverá restrição completa de sua ingestão.

Os especialistas lembram que desde que o tratamento (disponível na rede pública) seja adequado e acompanhado por um médico, é possível evitar que a hepatite crônica progrida para as formas mais graves.

*Com informações de reportagem publicada em 16/07/2019.