Mulher diz que teve demência por causa de mofo; caso é raro, mas acontece
Uma australiana afirmou que teve demência por causa de uma infestação de mofo na casa dela. Quando tinha 37 anos, em 2016, Amie Skilton descobriu o problema após sentir diversos sintomas no corpo.
"Meu cérebro estava bem e meu corpo estava bem", disse a nutricionista em entrevista ao site News, da Austrália. "Comecei a ficar doente, visivelmente doente, cerca de dois meses depois", explicou.
Amie relatou alergia, fadiga e ganho de peso. Após alguns meses, ela percebeu que suas funções cerebrais também começaram a declinar. A australiana tinha dificuldade para se concentrar e trabalhar. Em determinado momento, esqueceu o próprio nome.
"Fui preencher um formulário um dia e estava olhando para a caixa que dizia meu nome e fiquei: 'Qual é mesmo?'", disse ela, descrevendo o horror de esquecer algo "profundamente pessoal".
Infecções por fungos podem causar demência?
No Brasil, de acordo com dados do Movimento Construção Saudável, que reúne as principais empresas do mercado de impermeabilização, cerca de 80% dos imóveis apresentam problemas de infiltração, que causam umidade e, consequentemente, fazem surgir o mofo, um inquilino indesejável e que pode ser extremamente prejudicial à saúde.
O mofo é um fungo, mais conhecido por Aspergillus fumigatus e, quando ele se reproduz, forma colônias e são elas que dão aquele aspecto escuro, acinzentado ou esverdeado às paredes e aos objetos.
Embora seja raro, ele pode, sim, causar demência. Mas antes é preciso entender que as demências não incluem apenas o Alzheimer. Existem vários tipos que entram na lista, como a demência frontotemporal (DFT), demência de corpos de Lewi e a demência senil.
A demência é uma condição clínica que nada mais é do que a alteração de memória mais o prejuízo de outras funções cognitivas. Pode ser problema na linguagem, na escrita, na leitura, entre outras. Leonardo Valente Camargo, neurologista, professor adjunto da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).
De acordo com os médicos, é possível que infecções no sistema nervoso central por fungos causem perda cognitiva e de memória, por exemplo, mas não da forma descrita pela australiana.
Em parte da matéria, ela conta que foi encaminhada a um neurologista que a diagnosticou com "Alzheimer inalatório", o que, segundo os médicos, não existe. "O mofo pode causar demência, mas não o Alzheimer, da forma que está descrita na reportagem", reforça o médico, também chefe do serviço de neurologia do Hospital Evangélico de Londrina.
Segundo Camargo, o fungo chega ao sistema nervoso central a partir da inalação, sendo o sistema respiratório o que mais sofre. Uma vez presente na região, a depender do local, o fungo pode causar os sintomas de demência.
"Isso pode levar a uma disfunção transitória e, com o tratamento correto, um antifúngico, você diminui o processo inflamatório e melhora a condição clínica da pessoa", explica o neurologista. Hoje, aos 42, Amie disse que, depois de tratar o problema, está bem de saúde, com as funções cognitivas "normais" —o que prova que ela não poderia ter Alzheimer, uma vez que a doença não tem cura.
O que mais o mofo pode causar?
Muito mais comum do que a demência, o mofo costuma afetar mais o sistema respiratório, causando processos irritativos e inflamatórios, resultando em uma série de sintomas, como tosse, mal-estar, espirros, entupimento nasal, cansaço, coriza e dificuldade para respirar, além de rinite, sinusite, asma, bronquite e micose.
Dependendo da situação imunológica, predisposição e do tempo de exposição ao fungo, há pessoas que podem desenvolver um quadro mais grave, chamado pneumonite de hipersensibilidade.
Sinais de que você pode estar convivendo com o mofo
- Espirros e tosse e crises de asma frequentes sem causa aparente;
- Cansaço e falta de ar;
- Cheiro forte;
- Manchas escuras nas paredes, móveis e roupas.
Com informações de reportagens publicadas em 18/01/2021 e 11/04/2021.
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