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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


O que fazer se for mordido por rato? É perigoso? Quais os sintomas?

Nem todo rato é um problema, mas mordidas precisam de atendimento médico - Kseniia Glazkova/Getty Images/iStockphoto
Nem todo rato é um problema, mas mordidas precisam de atendimento médico Imagem: Kseniia Glazkova/Getty Images/iStockphoto

Franceli Stefani

Colaboração para VivaBem

29/08/2022 04h00

A mordida de rato pode gerar muitos riscos à saúde e uma gama de doenças infecciosas, mas é rara de acontecer. Os roedores costumam ter medo dos seres humanos, no entanto, quando se sentem ameaçados, podem arranhar ou morder para se defender.

Recentemente, um menino de 9 anos foi mordido na coxa por um rato no Espírito Santo. Ele recebeu tratamento e se recuperou, mas o caso vale de alerta.

A mordida do rato pode virar um perigo para a saúde pública, porque significa que a população dos roedores está crescendo, explica Deniz Anziliero, médico veterinário preventivo, professor da Faculdade Imed de Passo Fundo (RS) e conselheiro efetivo do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-RS).

Mordeu, e agora?

Em caso de mordida, é preciso tomar atitudes rápidas para que, além da lesão na pele, não haja um quadro infeccioso secundário, devido à entrada de organismos presentes na cavidade oral, pelo e saliva do rato, diz o médico infectologista Marcelo Bitelo, professor da Escola de Saúde da Universidade do Rio do Sinos (Unisinos) e coordenador médico de segurança do paciente e controle de infecção na Unimed Vale dos Sinos.

1. Lave o ferimento com água corrente abundante e sabão.

"Tente remover qualquer resto de saliva, secreção ou sujicidade que pode estar contaminando a ferida", explica Bitelo.

2. Cubra a lesão com um curativo, que pode ser "band-aid", gaze ou pano limpo.

3. Procure um posto de saúde ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para avaliação.

"O paciente deve procurar auxílio médico sempre que for mordido por algum animal, independente da espécie", enfatiza o médico.

Em alguns casos, é preciso remover algum tecido morto, fazer sutura e prescrever algum tipo de antibiótico.

Também será o momento para revisar as vacinas, por exemplo, a antitetânica.

O tétano não é transmitido pelo rato, mas a bactéria causadora está presente no meio ambiente e pode entrar pela lesão na pele.

"Numa agressão de animais de vida livre, silvestres ou que habitam a volta da casa da gente, ratos e camundongos, é fundamental buscar o sistema de saúde porque existe o risco de transmissão de raiva", afirma Fernando Spilki, médico veterinário, virologista e professor da Universidade Feevale.

Doença da mordida do rato

Existe ainda a chamada "doença da mordida do rato", um conjunto de sintomas causados por diferentes agentes presentes na boca do animal, principalmente bacterianos, que provocam lesão, inchaço, abscesso e úlcera no local afetado.

Em alguns casos, pode causar mal-estar geral ou algo mais grave, como doenças sistêmicas que prejudicam outros órgãos do corpo e sepse (infecção generalizada).

"A gravidade da lesão vai depender da profundidade e da extensão do ataque, pois quanto maior e mais profunda, mais bactérias serão inoculadas na lesão", diz Bitelo.

Os sintomas podem surgir de três a 10 dias após o ferimento. São eles:

  • Dor
  • Vermelhidão
  • Inchaço no local

Se houver uma infecção secundária, pode ocorrer:

  • Febre
  • Dor no corpo
  • Ínguas e saída de pus pela lesão

Causa leptospirose?

De acordo com o infectologista, o risco de contrair doenças como a hantavirose e a leptospirose é baixo, porque a saliva do rato não é a principal forma de transmissão da doença. O risco está na urina do bicho.

Ratos livres e domésticos; entenda as diferenças

Há diferenças fundamentais entre ratos domésticos e de esgoto.

O roedor de estimação é mantido em um ambiente saudável e com pouco contato com agentes infecciosos graves. Vale ter o cuidado de escolher animais de criatórios e proporcionar atendimento veterinário, pontua Spilki.

Já os outros estão em constante contato com agentes altamente contaminantes e podem transmitir doenças infecciosas e de importância à saúde pública, diz Anziliero.

Além disso, os ratos menores apresentam hábitos de maior contato com humanos, por isso é comum encontrá-los em cozinhas e quartos sujos, mas ratazanas dificilmente chegam perto de nós.

"Quando encontramos alguma nas proximidades de casa é um indicador de que a população desses animais está em aumento naquela área", ressalta Ana Carolina Torres, professora de medicina veterinária da IMED.

Por isso, é importante manter caixas de esgoto sempre fechadas e evitar a migração das ratazanas para o interior das casas.

É perigoso?

Embora o rol de doenças ocasionadas pelos roedores seja significativo, elas dificilmente levam à morte. A letalidade é considerada baixa pelos especialistas.

Somente casos mais graves, que podem apresentar uma infecção na pele extensa e com risco de evoluir para sepse, deverão ser hospitalizados.