O que são 'problemas de mobilidade episódicos', que afetavam Elizabeth 2ª
A rainha Elizabeth 2ª, que morreu nesta quinta-feira (8), estava sob observação médica no Castelo de Balmoral, na Escócia. Segundo um comunicado, os médicos da monarca, que tinha 96 anos, estavam preocupados com seu estado de saúde.
Em outubro do ano passado, ela passou uma noite no hospital e foi forçada a reduzir seus compromissos públicos desde então. Na época, a causa da internação não foi divulgada.
Desde o final de 2021, Elizabeth, que era a monarca mais velha do mundo, também sofria do que o Palácio de Buckingham chamou de "problemas de mobilidade episódicos", que afetavam suas costas, joelhos e quadris. A condição forçou a rainha a reduzir significativamente sua agenda neste ano, o que fez com que ela perdesse a abertura estadual do Parlamento, por exemplo.
De acordo com Fabio Krebs, diretor da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia no Rio Grande do Sul, a condição não é, em si, um diagnóstico médico específico, mas se refere à restrição de movimentos das articulações, que fazem com que ocorra perda da capacidade de movimento e execução de atividades, podendo levar à perda da qualidade de vida.
O que causam os problemas de mobilidade
Problemas de mobilidade são mais frequentes em idosos, devido à perda de massa muscular e óssea. Mas existe uma série de outras causas que também podem estar envolvidas no processo.
"Ela [a rainha] podia ter artrose no joelho ou um problema de coluna, por exemplo. Também podia ter algum problema neurológico ou metabólico, como diabetes, que pode afetar sensibilidade nos pés e perda de força. Podia ter doença neurológica central, como o Parkinson, que afeta a perda motora e é comum na idade dela, além de problemas visuais e musculares. Ou uma somatória de tudo isso", avalia Paulo Camiz, médico geriatra e professor da USP (Universidade de São Paulo).
Ao assistir a vídeos recentes da rainha Elizabeth, Camiz afirma que havia sinais que sugeriam a presença de parkinsionismo, como a baixa expressão facial, a velocidade baixa de piscada e o esforço para que a voz saia mais forte. A condição se refere aos sintomas da doença de Parkinson que são causados por outro quadro clínico. "A doença de Parkinson é uma das doenças que causa parkinsionismo", explica.
Condições que afetam a mobilidade podem impedir o indivíduo de participar de eventos ou até levá-lo ao isolamento, o que pode prejudicar o convívio social, humor e cognição. A perda de mobilidade, sozinha, não leva à morte, mas pode deixar o paciente propenso a ter outras complicações, afirma Natan Chehter, gerontologia do Hospital BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo.
"O paciente pode ficar propenso a se alimentar pior, ter problemas de sono, ter prejuízos à saúde mental, além de maior risco de quedas e fraturas. Ou seja, pode originar um ciclo vicioso de problemas. Apresentar um problema de mobilidade é um prenúncio de que a saúde da pessoa não está no seu melhor", define o especialista, que também é membro da Sociedade Brasileira de Geriatria.
Como funciona o tratamento
Segundo Kelem de Negreiros Cabral, geriatra do Hospital Sírio-Libanês, o tratamento depende das doenças que causaram a perda de mobilidade, além de adequada alimentação, com atenção especial para o ajuste do aporte proteico, e fisioterapia.
Em alguns casos, também pode ser necessário o uso de dispositivos auxiliares de marcha (bengala e/ou andador).
"A melhor medida de prevenção é a prática regular de atividade física, alimentação equilibrada e seguimento médico regular", afirma a médica.
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