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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


O que é carcinoma epidermoide, câncer que afeta o presidente da Petrobras

Caio Mario Paes de Andrade, atual presidente da Petrobras - Marcelo Casal Jr/Agência Brasil
Caio Mario Paes de Andrade, atual presidente da Petrobras Imagem: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

De VivaBem, em São Paulo

16/09/2022 13h00

O presidente da Petrobras Caio Mario Paes de Andrade, 48, disse que está fazendo quimioterapia para tratar um câncer. O comunicado, ao qual o UOL teve acesso, foi enviado a colaboradores da empresa. O executivo, que também fará sessões de radioterapia, afirmou que tem um carcinoma de cabeça e pescoço, o chamado carcinoma epidermoide.

Também denominado carcinoma de células escamosas ou carcinoma espinocelular, este é um tipo de tumor maligno que acomete principalmente a boca, a faringe e a laringe. A incidência é maior em homens, após a quarta década de vida, e tem como principal fator de risco o consumo crônico de tabaco e álcool, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer).

Não há previsão de que o presidente da Petrobras se afaste do posto para o tratamento. Segundo o comunicado, ele está sob o acompanhamento da equipe do médico Fernando Maluf, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

O que é e quais são os fatores de risco do carcinoma epidermoide

Os carcinomas epidermoides ou de células escamosas de cabeça e pescoço (HNSCCs, na sigla em inglês) geralmente começam nas células epiteliais que revestem as superfícies mucosas que estão dentro da boca e na garganta. Esses tumores malignos são os que mais acometem a cabeça e o pescoço.

Este tipo de câncer também é o mais frequente nas regiões da orofaringe —a parte da garganta que fica logo atrás da boca e inclui a base da língua, o palato mole, as amígdalas e a parte lateral e posterior da garganta— e da hipofaringe (entrada para o esôfago).

No Brasil, o Inca estima 685 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço entre 2020 e 2022.

O principal fator de risco para o câncer de cabeça e pescoço é a exposição crônica do epitélio à fumaça do tabaco e ao álcool.

Além disso, fatores ambientais, como poeira de madeira e cimento, além de infecção pelos tipos 16 e 18 do HPV (papilomavírus humano), também têm sido relacionados a um risco aumentado de desenvolver carcinomas de células escamosas de cabeça e pescoço, aponta o Atlas de Genética e Citogenética em Oncologia e Hematologia.

Outros fatores de risco que já foram associados a esse tumor incluem a exposição prolongada à radiação ultravioleta, deficiências nutricionais e hereditariedade.

caroço - Getty Images - Getty Images
Os sintomas do câncer de cabeça e pescoço podem incluir um caroço no pescoço ou uma ferida na boca ou na garganta que não cicatriza
Imagem: Getty Images

Segundo o NIA (Instituto Nacional do Câncer, em português), dos EUA, pessoas que foram tratadas para câncer de cabeça e pescoço têm uma probabilidade maior de desenvolver um novo câncer, geralmente na cabeça, pescoço, esôfago ou pulmões. Esse risco varia dependendo do local onde o câncer teve origem, mas é maior para pessoas que fumam e consomem álcool.

Por isso, a principal forma de reduzir o risco de ter esse tipo de câncer ou uma recidiva é não fumar, além de evitar o consumo de bebidas alcoólicas. No caso dos tumores que estão associados ao HPV, o caminho é evitar a infecção oral pelo vírus. A melhor e mais eficaz forma de prevenir o HPV é a vacinação, mas o uso de preservativo e a redução do número de parceiros não devem ser esquecidos.

Quais são os sintomas?

Ao contrário do que ocorre em outros órgãos, quando o câncer acomete a região de cabeça e pescoço, a doença pode ser visível ou palpável. Os sintomas do câncer de cabeça e pescoço podem incluir um caroço no pescoço ou uma ferida na boca ou na garganta que não cicatriza.

Essa ferida geralmente é dolorosa, provoca dor de garganta que não desaparece e dificuldade em engolir, além de alteração ou rouquidão na voz. Apesar disso, os sinais não são percebidos na maioria dos casos. No Brasil, 8 entre 10 casos de câncer que acometem, por exemplo, a cavidade oral, são descobertos já em fase avançada.

Como consequência, o diagnóstico tardio resulta em menor chance de controle da doença e maiores taxas de morbidade e mortalidade. Por isso, é importante consultar um médico ou dentista na presença de qualquer um desses sinais.

Dados sobre câncer de cavidade oral e laringe do levantamento SEER, do NCI (Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos), apontam que 86,3% dos pacientes estão vivos cinco anos após o tratamento quando o tumor era inicial, localizado apenas no órgão. Quando a doença se espalha pelos linfonodos, a taxa de sobrevida em cinco anos cai para 69%. Com metástase, a taxa é de 40,4%.

A triagem do diagnóstico do câncer de cavidade oral começa na saúde primária, pelo exame clínico (visual) durante consulta ou durante atendimento com o dentista. A confirmação depende da biópsia, já que o tumor pode ser confundido com algumas condições que também causam manifestações na boca, como tuberculose e sífilis.

Como funciona o tratamento?

Segundo o NIA, o tratamento da maioria dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço requer abordagens multimodais, o que significa que pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia ou uma combinação de tratamentos. O plano é individual e depende de vários fatores, incluindo a localização do tumor, o estágio do câncer, a idade e a saúde geral da pessoa.

Caio Mario Paes de Andrade, por exemplo, comunicou que o seu tratamento envolve quimioterapia por 12 semanas, em quatro ciclos a cada três semanas, seguidos de sete semanas de radioterapia.