Ex-Ken Humano planejava 42 plásticas; o excesso de cirurgias tem riscos?
O jovem Felipe Adam, 18, ficou conhecido nas redes sociais como Ken Humano. No entanto, recentemente ele anunciou que desistiu do processo para se transformar no namorado da Barbie. Adam compartilhou ter um distúrbio de imagem e que não se reconheceu após os primeiros procedimentos. O transtorno junto a uma depressão e episódios de mutilação o fizeram deixar os planos de lado.
"Foi no momento em que a minha ansiedade, a minha depressão, a distorção que eu tinha, o desespero mesmo. Cheguei no fundo do poço, sabe? De sozinho, me olhar no espelho e me ver tão desesperado, de dar socos no rosto e arrancar o cabelo na mão, e eu parar e falar: 'Se existe algum Deus, se existe algo neste mundo, faça-me ajudar'", afirmou em entrevista a Splash.
Ao todo, o jovem de Peruíbe (SP) faria 42 cirurgias plásticas para adotar a aparência do boneco. Ele realizou três procedimentos, pouco invasivos —micropigmentação na sobrancelha, 'BB glow' na pele e uma sessão de lipo enzimática no rosto.
Procedimentos estéticos oferecem riscos e não podem ser tratados de maneira simples, alertam especialistas. Se a pessoa nunca está satisfeita com o resultado das cirurgias realizadas é porque deixou de ser algo saudável.
Um dos principais motivos que podem levar ao excesso de cirurgias é a dismorfia corporal, ou transtorno dismórfico corporal, que também é chamado de síndrome da feiura imaginária. Essa situação, que atinge 2% da população mundial, cerca de 4,1 milhões só no Brasil, geralmente começa no período da adolescência, quando jovens vivem um momento de transformação e descobertas, e leva a um enorme sofrimento a longo prazo.
Em geral, a pessoa com transtorno dismórfico corporal apresenta grande vulnerabilidade emocional, percebe-se inadequada aos ambientes e foge das pessoas. "Em situações dramáticas, não sai de casa durante o dia e checa o 'defeito' repetidamente. Este comportamento de ficar analisando o corpo pode durar até mesmo 6 a 8 horas por dia, ou seja, a vida da pessoa se resume a isso", destaca Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).
Por isso, cabe ao médico-cirurgião perceber quando há algo errado na procura por intervenções estéticas e encaminhar o paciente para tratamento com psiquiatra ou psicólogo, explica o cirurgião plástico Victor Cutait, professor da Uninove (Universidade Nove de Julho). "É preciso entender a motivação do paciente, porque ele deseja fazer tal operação."
Riscos do excesso
Muitas pessoas começam a ter problemas de saúde por causa da quantidade de cirurgias, confirma a cirurgiã plástica Tatiana Novais. "Grandes implantes, ou uso de materiais não absorvíveis em face e em glúteos, geram complicações na maioria das vezes irreversíveis". Além disso, a busca pela perfeição idealizada pode se tornar uma obsessão, adverte a médica.
A tentativa de curar outras dores também pode estar por trás de casos de excessos de cirurgias plásticas, complementa Cutait. "O profissional precisa entender quem é o paciente e em qual momento de vida ele está", diz.
*Com informações de reportagem publicada em 15/03/21 e 26/10/21.
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