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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Entrou inseto, areia ou fagulha no olho? É perigoso; saiba o que fazer

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Adriano Ferreira

Colaboração para VivaBem

21/09/2022 04h00

Qualquer coisa que entre no olho já provoca uma alta sensibilidade por causa da grande quantidade de nervos na região. Superficiais ou profundos, os corpos estranhos como ciscos, pedrinhas, cabelos, areia, entre outros, devem ser retirados porque podem levar à cegueira em casos mais graves.

Luciene Barbosa de Sousa, doutora em oftalmologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), esclarece que os corpos estranhos superficiais são simples de tratar, mas nem por isso deixam de ser perigosos.

O ideal é que qualquer coisa estranha seja retirada. Fragmentos de ferro ou cobre, por exemplo, devem sempre ser retirados porque são tóxicos e, mesmo o paciente não sentindo nada, pode ter perda de visão irreversível com o tempo.

Olho "raspando"

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William Ramires, 67, projetista de São Paulo, estava lixando uma peça de madeira com óculos e luvas. Mas, ainda assim, um pedacinho de serragem entrou no olho esquerdo. Depois disso os olhos ficaram com uma sensação de "raspando" por cinco dias.

Ramires percebia que o incômodo melhorava quando colocava soro fisiológico, mas, como persistia, foi até o Hospital Cema (SP), especializado em oftalmologia. A médica que o atendeu imediatamente constatou um corpo estranho no olho esquerdo.

Ela tirou uma foto do olho do paciente e mostrou o objeto grudado. Em seguida, aplicou um anestésico para retirar o objeto com uma agulha, conforme relata Ramires, que teve a indicação de uso de um colírio pela especialista.

Fernanda Regina Castilho, 32, oficial administrativo, estava no trabalho, em um hospital, quando um pedaço pequeno de uma folha entrou no olho no horário do almoço.

Ela não conseguiu mais abrir o olho atingido, então rapidamente foi ao oftalmologista. No pronto-socorro, foi confirmada a presença de uma folhinha que já estava causando bastante dor e a remoção foi feita com anestésico.

Público mais atingido

Hamilton Moreira, professor de oftalmologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná e ex-presidente do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), afirma que a maior parte do público afetado está entre 20 e 40 anos.

Os materiais envolvidos nesses incidentes são diversos: fios de cabelo, pedaços de plantas, insetos ou grãos de areia, sendo os metálicos os que mais levam ao atendimento hospitalar.

Os corpos estranhos superficiais e vindos com o vento ou em acidentes de trabalho também fazem parte da maioria dos casos, e vale lembrar que pessoas que andam de moto com os olhos desprotegidos estão bastante expostas à entrada de mosquitos ou abelhas.

O que acontece se algo entrar no meu olho?

Insetos em casa podem ter um significado místico  - Getty Images - Getty Images
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Newton Andrade Jr, ex-presidente da SCO (Sociedade Cearense de Oftalmologia) e especialista pelo CBO, afirma que o próprio olho tenta tirar naturalmente algum material indevido.

Porém, dependendo do que for, como uma fagulha originária de uma solda, é preciso que a remoção seja feita por um profissional para evitar cicatrizes e inflamação na parte superficial da córnea, estrutura nobre da região ocular que não pode ser ferida.

No caso dos insetos, cada um tem a sua particularidade, então as reações são diferentes, mas a irritação na região ocular é um sintoma comum. Uma abelha que ferroa a córnea pode causar um trauma pelo ferrão e toxinas, por isso é essencial uma avaliação de um especialista para definir a necessidade de uma cirurgia ou outro método para evitar danos à visão.

Materiais metálicos ou orgânicos precisam de uma abordagem cirúrgica para evitar infecção e inflamação. Lembrando que, quanto antes o procedimento for realizado, melhor é o prognóstico para evitar consequências nocivas.

O risco de ter a córnea afetada representa um perigo para a visão do paciente. Dessa forma, é urgente que o objeto ou animal seja retirado rapidamente por um profissional. E, caso tenha entrado um inseto com uma toxicidade grande, pode-se chegar ao extremo de ter que fazer um transplante de córnea.

Em casos raros, objetos pequenos em altíssima velocidade causam perfuração e levam à cegueira, por isso é necessário uma remoção cirúrgica o quanto antes.

O que pode ser feito?

Moto motociclista estrada rua asfalto - Getty Images - Getty Images
Motoqueiros que não protegem os olhos correm mais risco de sofrer com um corpo estranho no olho
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Pedro Carricondo, diretor do departamento de emergência médica do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), orienta que o ideal seria fazer uma avaliação médica o mais rapidamente possível, mas dá para iniciar o tratamento em casa lavando os olhos abundantemente, preferencialmente com soro fisiológico. O uso de lágrima artificial também ajuda.

Tente virar as pálpebras para procurar o corpo estranho, mas se não encontrá-lo e os sintomas persistirem, o olho deve ser tampado para que um profissional especializado avalie o caso o mais rápido possível.

É importante lembrar que o único colírio recomendável sem consulta com o oftalmologista é a lágrima artificial. Os outros colírios (antibióticos e corticoides), dependendo do caso, trazem riscos como o agravamento de uma infecção.

Caso o corpo estranho não cause infecção, a cicatrização do olho afetado acontece em 24 ou 48 horas.

Em um levantamento no pronto-socorro do Hospital Mackenzie, em Curitiba, durante três meses, constatou-se que 100% dos atendimentos referentes a ciscos, insetos ou corpos estranhos nos olhos poderiam ter sido evitados com o uso de equipamentos apropriados de prevenção.

Dessa forma, o uso de óculos de proteção no trabalho é fundamental e eles devem estar bem fechados, inclusive nas laterais, com lentes de material resistente, como o policarbonato.

Fontes: Luciene Barbosa de Sousa, doutora em oftalmologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Hamilton Moreira, professor de oftalmologia da Fempar (Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná) e ex-presidente do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia); Pedro Carricondo, diretor do departamento de emergência médica do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); e Newton Andrade Jr, ex-presidente da SCO (Sociedade Cearense de Oftalmologia) e especialista pelo CBO.