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Passei a ter muita dor no sexo após retirar útero e ovários; como tratar?

Fernanda Garcia/UOL VivaBem
Imagem: Fernanda Garcia/UOL VivaBem

Daniel Navas

Colaboração para VivaBem

22/09/2022 04h00

Antes de buscar qualquer tratamento é interessante saber a causa da dor. Isso porque, apesar de a dor no sexo ter acontecido após a cirurgia, pode ser que não esteja relacionada diretamente com o procedimento.

Consulte-se com um ginecologista e indique onde dói. Se o sintoma aparece na penetração, ao longo do canal vaginal, pode ser uma infecção, falta de lubrificação ou até atrofia genital, por exemplo.

No caso de atrofia genital, a condição pode estar relacionada à cirurgia, sim, já que a retirada dos ovários pode ter acarretado numa queda hormonal e, com isso, a mucosa vaginal pode ficar mais fina, menos elástica, mais seca e dolorosa.

Se a dor for em uma região mais profunda, ou seja, só dói quando o pênis encosta no fundo da vagina, pode ser também alguma infecção ou dor na cicatriz do fundo da vagina (se foi retirado o colo uterino).

Além disso, tanto a dor na penetração como no fundo podem ser de origem muscular. Existem contrações musculares pélvicas que são involuntárias e que podem ocorrer pelo trauma físico e psicológico da cirurgia. Com medo de sentir dor, a mulher pode fazer uma contração involuntária na musculatura da região, que desencadeia a dor no sexo. São os casos de vaginismo ou dores miofasciais.

Possíveis tratamentos

Para a infecção, o uso de antibiótico pode ser o suficiente —mas só tome o medicamento com orientação médica, após uma consulta para descobrir qual é o seu problema.

No caso da falta de lubrificação, é importante que o médico descubra a causa desse problema. Mas, de qualquer forma, no mercado existem bons lubrificantes vaginais à base de água. É uma forma de evitar a dor enquanto chega-se ao diagnóstico mais preciso.

Se o problema for diagnosticado como atrofia muscular, um dos tratamentos é o uso de hormônio derivado de estrogênio vaginal. Contudo, algumas mulheres podem ter contraindicações. Nesse caso, os lubrificantes à base de água são os mais indicados para minimizar desconfortos.

Existe, também, a opção do chamado laser vaginal. De acordo com os especialistas, o tratamento tem excelentes resultados, além de ser um método prático. Com três aplicações a paciente já tem o mesmo resultado que o uso de medicamento hormonal.

Se o diagnóstico apontar para dor na cicatriz vaginal, o laser também pode ajudar, assim como fisioterapia de assoalho pélvico.

Para dor no colo uterino também é preciso que o ginecologista investigue a causa. Nos casos de ectopia, que é quando as células mais sensíveis estão expostas na vagina, pode ser realizada a cauterização do colo uterino.

Por fim, a fisioterapia de assoalho pélvico é o tratamento indicado para a dor miofascial ou vaginismo. Muitas vezes, quando existe o gatilho do medo ou outras questões psicológicas relacionadas à dor física, é possível associar o tratamento à psicoterapia.

Então, vale repetir: o primeiro passo a ser feito é buscar a ajuda de um ginecologista. A partir daí, realizar os exames indicados para chegar a um diagnóstico mais preciso e, assim, iniciar o tratamento correto.

Fontes: Lilian Fiorelli, médica ginecologista especialista em sexualidade feminina e uroginecologia pela USP (Universidade de São Paulo); e Michelle Rodrigues, ginecologista e chefe da saúde da mulher do HU-UFPI (Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí), vinculado à Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

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