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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Salmonella: bactéria presente em alimentos pode matar; como se proteger?

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Samantha Cerquetani

Colaboração para o VivaBem

26/09/2022 04h00

O consumo de alimentos contaminados pelas bactérias do gênero Salmonella provoca uma infecção bacteriana chamada salmonelose ou gastroenterite por salmonelas, que afeta o trato intestinal. Logo, surgem sintomas desagradáveis como diarreia, cólicas, dores abdominais e vômitos.

Vale destacar que existem duas espécies principais de Salmonella que acarretam doenças em humanos: S.enterica e S.bongori. Frequentemente, elas são as causadoras de surtos em diferentes países.

A transmissão se dá após a ingestão de alimentos ou água contaminados com a bactéria por meio das fezes, que atingem também o solo. Por isso, as bactérias se espalham rapidamente em ambientes com condições mais precárias de higiene.

Os alimentos com maior risco de provocar a infecção são: a carne bovina e suína, aves, leite e ovos crus. Geralmente, os sintomas aparecem de 12 a 36 horas após o consumo do item contaminado.

Apesar de a maioria das pessoas se recuperar em poucos dias sem tratamento específico, em alguns casos, a infecção leva a complicações que provocam mortes.

A Vigilância Sanitária deve ser contatada sempre que houver vários casos de infecção por Salmonella transmitida por alimentos contaminados. Essa é a melhor forma de controlar a bactéria e evitar surtos da doença.

A seguir, veja detalhes sobre ela, formas de contaminação e como se prevenir.

Sintomas da infecção por Salmonella

Os sintomas são semelhantes a outros problemas gastrointestinais, sendo os principais:

  • Diarreia, que pode durar por 10 dias;
  • Vômitos;
  • Febre moderada;
  • Dor abdominal;
  • Mal-estar geral;
  • Cansaço;
  • Perda de apetite;
  • Calafrios;
  • Sangue nas fezes (em alguns casos).

Lista de alimentos que merecem atenção

É importante ficar atento aos alimentos que estão mais suscetíveis à contaminação por Salmonella e identificar os riscos nas formas de preparo e manuseio. Entre eles, podemos citar:

  • Carnes cruas, frutos do mar e aves

A contaminação pela bactéria pode ocorrer durante o processamento das carnes. Já os frutos do mar transmitem a doença quando são colhidos em um local com água contaminada. Além disso, a bactéria também se espalha de uma pessoa para outra ao manusear a carne crua contaminada e ao tocar em outros alimentos sem lavar as mãos —essa situação é conhecida como contaminação cruzada.

  • Ovos crus ou mal cozidos

Se a galinha estiver infectada pela Salmonella, elas produzem ovos que contêm a bactéria antes mesmo de a casca ser formada. Por isso, os ovos crus são fontes de transmissão de infecção. A atenção vale também para receitas que levam ovos, como é o caso da maionese.

  • Produtos lácteos não pasteurizados

Beber leite não pasteurizado é arriscado para a saúde, já que há o risco de estar contaminado com Salmonella. O processo de pasteurização elimina as bactérias nocivas ao organismo.

  • Frutas e vegetais

Alguns produtos frescos também são contaminados ao serem irrigados no campo ou lavados com água que tenha Salmonella. Além disso, a contaminação também pode ocorrer na cozinha, ao entrar em contato com carnes cruas, por exemplo.

  • Outras causas

A falta de higiene contribui com a propagação da infecção. Geralmente, ocorre em locais onde as superfícies, como pias, não são higienizadas adequadamente e entre pessoas que não lavam as mãos durante o preparo dos alimentos, depois de ir ao banheiro e até após trocar fraldas de bebês.

Além disso, sabe-se que répteis e anfíbios possuem a bactéria em seus organismos. Já foram reportados casos de indivíduos que tiveram salmonelose por terem esses animais de estimação em casa. Isso porque eles eliminam as bactérias nas fezes, que se espalham pela pele e em objetos como gaiolas, roupas e móveis.

Recentemente, a Salmonella foi encontrada em chocolates fabricados na Bélgica. De acordo com os especialistas, é provável que a água usada na fabricação do produto tenha sido responsável pela contaminação do alimento. Por isso, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a comercialização, distribuição e importação do alimento para evitar a propagação da bactéria e possíveis surtos.

tábua de carne, tábua de corte - iStock - iStock
É indicado preparar os vegetais que serão consumidos crus em uma tábua diferente da usada para preparar carnes
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Como é feito o diagnóstico e o tratamento?

A infecção por Salmonella geralmente é diagnosticada após o relato dos sintomas para o médico. São solicitados exames de fezes, sangue, urina e é realizada uma análise do histórico do paciente, para saber mais sobre os locais frequentados e os alimentos consumidos nos últimos dias.

Na maioria das vezes, os sintomas desaparecem após alguns dias e não há necessidade de tratamento. Em quadros mais graves de intoxicação alimentar por Salmonella, normalmente, a pessoa deve repousar e ingerir bastante água para se manter hidratada.

Algumas vezes, o especialista indica medicamentos para controlar os sintomas. Os antibióticos são prescritos apenas quando há suspeita de que a bactéria entrou na corrente sanguínea. Porém, em casos leves e moderados, esses medicamentos não são recomendados para que se evite a resistência bacteriana.

Possíveis complicações

Para adultos sadios, a infecção por Salmonella não costuma oferecer grandes riscos à saúde. Porém, algumas pessoas estão mais suscetíveis a complicações e a doença pode ser fatal sem o tratamento adequado. Veja abaixo quem se enquadra nesses casos específicos:

  • Crianças menores de cinco anos;
  • Idosos;
  • Pessoas com sistema imunológico comprometido, como quem tem HIV descontrolado ou câncer, por exemplo;
  • Quem tem anemia falciforme, que é um distúrbio genético e hereditário, provocada por uma alteração nos glóbulos vermelhos.

É fundamental ficar atento se a pessoa está desidratada devido à diarreia e vômitos frequentes e ingerir mais líquidos para evitar problemas maiores. Apesar de raro, há o risco de a bactéria entrar na corrente sanguínea (bacteremia) e infectar o corpo inteiro.

Quando consultar um médico?

É importante consultar um especialista se os sintomas (diarreia e vômitos) persistirem por mais de dois dias. E também quando houver sinais de desidratação, como tonturas e pouca urina, além de febre alta e sangue nas fezes.

Vale destacar que a intensidade dos sintomas varia de pessoa para pessoa. Porém, a recomendação é que bebês e idosos procurem atendimento com urgência, já que desidratam com maior facilidade e podem ter outras complicações sem tratamento.

Formas de prevenção

Para prevenir a intoxicação por Salmonella é importante manter bons hábitos de higiene. A bactéria é sensível ao calor, não sobrevivendo a temperaturas superiores a 70°C. Por isso, alimentos cozidos são mais seguros.

Além disso, o Ministério da Saúde orienta que a doença seja prevenida por meio da adoção de medidas de controle em todas as etapas da cadeia alimentar: desde a produção agrícola até o processamento, fabricação e preparação de alimentos —tanto em estabelecimentos comerciais quanto nas residências.

Abaixo, veja alguns cuidados que devemos ter com os alimentos para evitar a infecção:

  • Lave sempre as mãos (após ir ao banheiro, antes de comer, antes de preparar os alimentos);
  • Mantenha o ambiente limpo, os alimentos em temperaturas adequadas e use água potável para o preparo das receitas;
  • Higienize bem verduras, frutas e legumes;
  • Os ovos devem ser consumidos sempre bem cozidos. Após a compra, devem ser conservados na geladeira;
  • Consuma leite pasteurizado e/ou fervido. Vale destacar que no Brasil é proibido vender o leite sem pasteurização;
  • As carnes vermelhas, de aves e de suínos devem sempre ser bem cozidas e não devem ser lavadas antes do cozimento;
  • No preparo dos alimentos, evite a contaminação cruzada de alimentos crus em contato com alimentos cozidos: é recomendado ter uma tábua de corte para as carnes e outra para preparar os vegetais que serão consumidos crus;
  • As pias e bancadas devem ser devidamente limpas regularmente;
  • Evite consumir alimentos em lanchonetes e restaurantes que apresentam condições precárias de higiene e conservação.

Fontes: Gabriel Trova Cuba, infectologista do Hospital Nove de Julho; Keliani Bordin, engenheira de alimentos e professora da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Paula Ferreira, nutricionista da Rede de Hospitais São Camilo; Juçara Soledade, nutricionista e docente da UniAteneu (CE).

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