Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Em vídeo, grávida come esponja com sabão; por que isso acontece?

De VivaBem*, em São Paulo

29/09/2022 13h44

Uma mulher grávida viralizou nas redes sociais nesta semana. O motivo: ela estava com desejo de comer sabonete com uma esponja. O vídeo, registrado pelo noivo dela, mostra Karina Valéria, 28, passando sabonete na esponja e mordendo os pedaços do material, sem engoli-los.

"Nossa, que delícia. A textura? Arde a garganta, mas é muito bom, quer provar?", fala a médica, antes de cuspir para fora o pedaço de esponja. O vídeo foi publicado no Instagram ontem (27) e logo alcançou cerca de 300 comentários na rede social, levantando um debate sobre os desejos mais estranhos de grávidas.

Em entrevista ao UOL, Karina, que é natural de Rondônia, se mudou para São Paulo em julho de 2021 e descobriu a gravidez do filho em fevereiro, contou que a curiosidade de "comer esponja" não é uma novidade.

"Eu já tinha feito isso, não lembro bem, mas acho que quando eu tinha uns 12 anos. Quando estava grávida, por várias vezes, eu fiquei com vontade, mas não comi. Aí uns 15 dias atrás eu comi. Falei 'cara, eu vou mastigar, pelo menos para ver se passa essa vontade'. Eu só mastiguei, só para matar essa vontade mesmo", afirma a médica.

Karina descobriu gestação em fevereiro e contou que sempre teve curiosidade com o sabão - Karina Valéria/Arquivo Pessoal - Karina Valéria/Arquivo Pessoal
Karina descobriu gestação em fevereiro e contou que sempre teve curiosidade com o sabão
Imagem: Karina Valéria/Arquivo Pessoal

Quais os motivos para isso?

Quando a gestante apresenta vontades incomuns de mastigar opções não comestíveis, como terra, talco, tijolo, giz, etc, é importante prestar atenção. Esse comportamento pode configurar uma síndrome chamada picamalácia e que, segundo os médicos, pode estar relacionada com a deficiência severa de nutrientes e precisa de tratamento médico.

No entanto, Karina garante que tem acompanhamento de obstetra, ginecologista e nutricionista desde que descobriu a gravidez e não tem qualquer problema relacionado à falta de nutrientes.

Se bater o desejo de comer algo durante a gestação, pode comer, mas não precisa se desesperar. O importante é a grávida respeitar se tiver alguma proibição médica, caso contrário tudo bem sanar desejos.

O bacana é não exagerar nas porções, lembrar de comer ao menos cinco vezes ao dia e se hidratar bem. Para ter noção sobre a dieta, tenha em mente que, durante a gestação, é comum engordar cerca de um quilo por mês.

Existe mesmo essa coisa de grávida ter desejo?

Sim. "Não é frescura nem invenção, temos explicações fisiológicas e emocionais para explicar essa vontade de comer. Quando a mulher engravida ela dá início a um turbilhão de mudanças no corpo e o desejo entra como uma das reações", diz Silvia Herrera, ginecologista e coordenadora de Medicina Fetal do Salomão Zoppi Diagnósticos.

O que acontece no corpo?

Não é segredo que, ao engravidar, os hormônios da mulher vão à loucura. O organismo começa a se preparar para adaptar o corpo e nutrir o bebê. Com essas alterações, o ovário deixa de produzir os hormônios —como progesterona e estrógeno— e quem assume essa função é a placenta.

"Isso não é ruim, é natural, mas ocorre uma superprodução hormonal: a progesterona sobe, o estrógeno aumenta cerca de 30 vezes e aparecem novos hormônios, como o hcg, que causa o enjoo", explica Herrera. Assim, é comum ter sensações diferentes, o intestino ficar mais lento, a sensibilidade com cheiros aumentar e suas preferências alimentares alterarem.

Além da relação com a comida estar mudando, é possível que os desejos pintem para tentar amenizar o mal-estar da gestação. "Grávidas têm muita náusea, é fato. Inconscientemente, acabam tendo vontade de alimentos que facilitam a digestão, aliviam o enjoo e neutralizam o mal-estar. Escolhas comuns são alimentos ácidos, como limão e abacaxi, gelados, como sorvete, ou secos, como castanhas", conta Wagner Hernandez, ginecologista mestre em obstetrícia pela USP.

Mas não há regra sobre quais serão os desejos, depende muito de como o organismo de cada gestante reage. Pode ser, inclusive, que nada disso aconteça.

Tem o grupo daquelas que não sentem vontade alguma, o das que enjoam muito até o terceiro mês e querem frutas ácidas, e ainda o time de mulheres que têm muita fome no fim da gravidez, quando o bebê está absorvendo muito carboidrato —o que pode causar vontade de saborear um docinho.

* Com informações de reportagem publicada em 05/05/2018.