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Por que comer rápido faz mal? Hábito aumenta risco de diabetes e obesidade

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Imagem: iStock

Isabella Abreu

Colaboração para o VivaBem

03/10/2022 04h00

Você saboreia as refeições com calma ou devora a comida? Se costuma comer correndo, saiba que você terá propensão a ficar obeso e desenvolver síndrome metabólica, um conjunto de fatores de risco que aumentam os riscos de desenvolver doenças cardíacas, AVC e diabetes. É o que mostra um estudo da Associação Americana do Coração, publicado em 2018.

Pesquisadores da Universidade Hiroshima, no Japão, acompanharam 642 homens e 441 mulheres ao longo de cinco anos, identificando-os como comedores lentos, normais ou rápidos. O resultado mostrou que 11,6% daqueles que comiam mais rápido desenvolveram síndrome metabólica, bem acima dos índices observados nos outros dois grupos —6,5% entre os de velocidade média e 2,3% entre os mais lentos.

Quando comemos muito rápido, tendemos a exagerar, já que não nos sentimos saciados, o que é, inclusive, um risco aumentado de ganho de peso. "Demora cerca de 15 a 20 minutos para que o seu estômago envie um sinal ao seu cérebro de que está cheio, indicando que já não é preciso mais comida. Portanto, ao comer rapidamente, dificultamos a transmissão desses sinais de saciedade, fazendo com que se consuma mais calorias", afirma Rafael Bandeira, gastroenterologista do Centros Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O cardiologista Takayuki Yamaji, que liderou o estudo japonês, explica que isso também causa variações no nível de glicose que podem levar a uma resistência à ação da insulina (responsável por regular o açúcar no sangue), o que obriga o pâncreas a produzir mais esse hormônio.

Comedores mais rápidos também podem ter mais refluxo do que os mais lentos. Pesquisadores pediram a voluntários saudáveis que comessem uma refeição de 690 calorias em cinco ou 30 minutos em dias alternados e depois os monitoraram por duas horas. Foi observado que aqueles que comiam mais rápido tinham 12,5 episódios de refluxo em comparação com 8,5 naqueles que comiam mais devagar.

Outro fator prejudicial à saúde é que ao comer de forma acelerada, engolimos mais ar, o que pode causar inchaço e gases. "Além disso, mastigar corretamente ajuda a quebrar os alimentos em partículas menores, auxiliando na digestão e evitando engasgos", destaca Bandeira.

Como comer mais devagar

Para muitos de nós, apressar as refeições tornou-se natural. Quebrar esse hábito exige, portanto, um esforço consciente. A seguir, o especialista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz sugere algumas ações para ajudar a desacelerar e saborear bem a comida:

  • Dê tempo suficiente. Faça das refeições um item prioritário na sua agenda, reservando pelo menos 20 minutos para cada refeição;
  • Esteja concentrado. Evite falar ao telefone, desligue a televisão e desencoraje o uso de dispositivos eletrônicos durante as refeições;
  • Mastigue os alimentos cerca de 20 a 30 vezes antes de engolir;
  • Corte mais os alimentos e dê mordidas menores para ajudar a diminuir o ritmo, facilitar a mastigação e fazer com que a refeição dure mais;
  • Abaixe o garfo após cada mordida, evitando entrar em um ritmo de robô;
  • Quando começar a comer, tente recrutar todos os sentidos para realmente notar o aroma, sabor, textura e outras propriedades sensoriais dos alimentos.

Fontes: Angéli Marques Golfetto, nutricionista graduada pela FADERGS (Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul); Eduardo Grecco, gastrocirurgião e endoscopista do Instituto EndoVitta; Rafael Bandeira, gastroenterologista do Centros Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

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