Ele chegou a 160 kg, mas superou obesidade e completou mais de 400 corridas
Fábio Andrade Teixeira, 40 anos, chegou a pesar 160 kg e, por vários anos, teve altos e baixos na balança. Quando estava com 82 kg e treinando regularmente, ouviu que não seria capaz de participar de uma corrida de 10 km por causa de seu histórico de obesidade. Então, decidiu se desafiar e completou não só essa prova, como outras 399. A seguir, Fábio conta como se apaixonou pelo esporte:
"Eu me tornei obeso ainda na adolescência, resultado de uma alimentação desregrada, com muito doce e refrigerante.
Com 15 anos, eu já pesava 121 kg. Sofria bullying frequentemente na escola e pedi para meus pais me levarem a um médico, para mudar hábitos e emagrecer.
Na consulta com a endocrinologista, descobri que meus hormônios estavam desregulados por causa do excesso de peso e entendi que perder peso era uma questão de saúde.
Segui a dieta que foi passada, comecei a fazer musculação na academia do bairro e eliminei 42 kg em 4 meses.
Mantive o novo peso por seis anos, mesmo com a correria entre trabalho e faculdade, rotina que me permitia treinar apenas três vezes na semana. Ganhei autoestima e comecei a namorar.
O desafio de correr
Em 2003, muitas coisas aconteceram na minha vida em um curto intervalo de tempo e impactaram o meu estado emocional: meu irmão se casou, perdi entes queridos e tive problemas familiares. Tudo aquilo me fez entrar em depressão e descuidar da alimentação. O ponteiro da balança novamente subiu e, dessa vez, foi parar nos 160 kg.
Fiquei obeso por dois anos. Quando estava prestes a me tornar tio, decidi que deveria cuidar da saúde para conseguir brincar com minha sobrinha e poder acompanhar seu crescimento. Voltei a fazer musculação, adotei uma alimentação saudável e eliminei quase 80 kg.
Em setembro 2013, a academia em que eu treinava convidou vários alunos para participar de uma prova de corrida de 10 km. Eu estava com 82 kg e não fui convidado. Quando perguntei o motivo, ouvi da funcionária da academia que eu não teria capacidade de completar o percurso, 'devido ao meu histórico'.
Aquilo foi como uma provocação para mim e me fez decidir participar da competição. Logo no início da corrida, comecei a pensar em desistir e passei a caminhar. Nessa hora, um senhor se aproximou e perguntou se eu tinha algum problema de saúde.
Respondi que não seria capaz de cumprir o trajeto. Então, ele contou que havia saído do hospital fazia 15 dias e estava ali correndo. Portanto, eu também conseguiria seguir em frente. Para me incentivar, ele me acompanhou até o fim.
Graças a esse senhor, consegui terminar os 10 km e percebi que eu era capaz de fazer o que eu quisesse. A partir daí, comecei a me inscrever em várias outras corridas.
Obstáculos pelo caminho
Meses depois, um novo baque fez com que eu me desviasse das minhas metas de saúde e ganhasse peso novamente: a descoberta de um nódulo no pescoço.
Por cerca de três meses, tive que me afastar dos exercícios para realizar a cirurgia e me recuperar. Com essa pausa, voltei a engordar.
Em abril de 2014, com 110 kg, resolvi fazer uma meia maratona (prova com 21 km) e 'quebrei' no décimo quilômetro. Ainda assim, decidi continuar. Fui o último competidor a cruzar a linha de chegada e, conforme o protocolo, a ambulância do evento ficou literalmente colada em mim por onze quilômetros.
Ouvia pessoas me incentivando e outras dizendo que eu deveria desistir, mas, novamente, fui até o fim. É curioso perceber o quanto a nossa mente é forte.
Ainda assim, a depressão persistia e logo voltei a pesar 134 kg. Com vergonha de ter ganhado peso, mudei de academia. Mas, apesar da obesidade, continuei participando de várias corridas: em 2014, completei 38 provas e, em 2015, outras 54.
Em 2016, ainda que sentisse muitas dores nos joelhos, participei de um total de 61 provas, sendo a maioria de curta distância (5 km e 10 km).
Resolvi então fazer a São Silvestre, que tem um percurso de 15 km. Estava com receio de não conseguir e gritei na largada: 'Deus, será que vou conseguir?'. E uma voz feminina respondeu de volta: 'Só depende de você!'.
Aquilo me impactou, afinal, era a verdade que eu precisava ouvir. Novamente, consegui encontrar forças para cumprir o trajeto até o fim.
Mas foi em 2017 que realmente comecei a levar as provas a sério. De lá para cá, ainda passei por algumas idas e vindas com a perda de peso, mas continuei seguindo com os treinos de musculação diários e as provas de corrida como uma maneira de me manter sempre ativo, e vi o quanto isso contribuiu para o meu autoconhecimento.
Percebi que vivia zangado comigo e com todos à minha volta. Além disso, toda essa trajetória me fez mudar de postura e de mentalidade.
A pandemia veio para reforçar que eu deveria cuidar mais de mim. Consegui manter uma dieta equilibrada, além dos treinos diários de musculação quando as academias reabriram. Também participei de algumas corridas de rua.
Há dois anos, eu me mantenho com cerca de 79 kg. Estou vivendo mais em equilíbrio tanto na parte física quanto mental e me sinto feliz. Confesso que foi bem difícil no início, mas hoje correr virou uma paixão.
Este ano consegui concretizar o sonho de completar 400 corridas —e novas metas estão por vir. Algo que aprendi nessa trajetória é que jamais devemos deixar que destruam o nosso sonho. Aconteça o que for, continue sonhando, mesmo quando esmagarem sua esperança ou deixarem você sozinho. Ninguém sabe do que você é capaz a não ser você mesmo. Enquanto estiver vivo, a sua história ainda não acabou."
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