Parado ou balançando? Estudo descobre formas de acalmar o choro dos bebês
Uma das principais aflições dos pais está relacionada ao choro excessivo dos recém-nascidos: os adultos buscam uma "fórmula mágica" para acalmar o bebê na hora de dormir. Um estudo publicado na revista Current Biology apresenta uma solução: andar com a criança no colo por cinco minutos e, depois, ficar sentado por mais oito minutos antes de colocá-la no berço. Segundo os autores, esse parece ser o método mais bem-sucedido para uma noite de sono mais tranquila.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores do Centro de Estudos do Cérebro no Japão avaliaram qual era a reação de 21 bebês saudáveis que estavam chorando após serem segurados, carregados e deitados. Todos tinham entre 14 dias e 7 meses (com média de 3,3 meses de idade) e foram expostos a 32 sessões de monitoramento (sendo 30 no laboratório e duas em casa). Os pesquisadores examinaram os resultados após testarem quatro tipos de abordagens:
- Segurar o bebê e caminhar;
- Segurar o bebê e permanecer sentado;
- Colocar o bebê no berço e deixá-lo parado;
- Colocar o bebê num berço ou carrinho e balançá-lo.
Os batimentos cardíacos do bebê foram monitorados por um aparelho portátil e câmeras de vídeo acompanhavam os movimentos das mães enquanto elas tentavam acalmar os filhos. A equipe de pesquisadores descobriu que quando a mãe caminhava com a criança no colo, ele se acalmava e seus batimentos cardíacos diminuíam. Quando o bebê era colocado num berço de balanço, ele também se acalmava.
Mas esse resultado não ocorria quando o neném era colocado direto no berço e ficava parado ou quando a mãe ficava somente sentada com a criança nos braços - o que comprova a importância dos movimentos de caminhar para acalmar o bebê, segundo os pesquisadores.
Se a mãe tentava colocar o bebê ainda sonolento na cama, ou de forma mais lenta, ele voltava a chorar. O tempo de oito minutos complementares na posição sentada sugerido pelos pesquisadores seria o tempo estimado para a criança se adaptar à posição estática, antes de ser colocada definitivamente no berço.
O médico Oscar Tadashi Matsuoka, pediatra da Unidade Materno Infantil do Hospital Israelita Albert Einstein, elogiou a iniciativa dos pesquisadores estudarem essa questão do choro insistente do bebê, uma queixa tão frequente nos consultórios médicos.
Matsuoka faz algumas ressalvas, entre elas o fato de o grupo pesquisado ser muito heterogêneo (bebês com idades variando de 14 dias a 7 meses) e de não informar, por exemplo, como os pacientes foram selecionados e em que momento do dia o experimento foi realizado.
"O que é válido para um bebê de duas semanas é completamente diferente do que funciona para um bebê de seis ou sete meses. O choro de um recém-nascido, na maioria das vezes, está relacionado à qualidade da mamada [a criança não mama direito e pode continuar com fome ou sede, por exemplo]. O choro de uma criança mais velha pode ser cólica, ou irritabilidade por erupção dentária", pondera o pediatra.
Outro detalhe que Matsuoka destaca é que a maior parte da pesquisa ocorreu dentro do laboratório - num ambiente controlado - e não em casa, onde seria reproduzida a vida real dessas famílias.
"O choro constante do bebê é uma situação muito aflitiva para os pais. É possível que eles tenham se sentido mais seguros quando foram monitorados no laboratório por estarem acompanhados por uma equipe de profissionais", afirmou.
Matsuoka ressalta também que o objetivo da pesquisa era acalmar os bebês que choravam muito e não necessariamente fazê-los dormir. "Uma das teorias básicas para a qualidade do sono do bebê é que ele seja colocado desperto no berço e não seja acalentado no colo e colocado para dormir", frisou.
Segundo Matsuoka, existem outras técnicas para acalmar o bebê chorando - uma delas é fazer o tradicional rolinho (como um embrulho) para mobilizar o recém-nascido para ajudar a tranquilizá-lo durante o choro. "Aqui na maternidade, quando precisamos auscultar o coração de um bebê chorando, por exemplo, usamos essa técnica do rolinho. Ele para de chorar e abre os olhinhos.
Funciona, mas é um mistério. O movimento acalma o bebê e ficar com ele no colo parado definitivamente não resolve. Os nossos avós já diziam isso", brincou o pediatra.
Quando procurar ajuda?
Segundo Matsuoka, em geral o choro constante do bebê nos primeiros dias de vida costuma estar associado à esfera da amamentação (cólicas intestinais ocorrem mais ao final do primeiro mês). Frio ou calor excessivo também causam desconforto. A recomendação é verificar essas questões e tentar resolvê-las primeiro. Depois, experimentar a recente técnica do "caminhar e sentar" ou a técnica do rolinho para fazer a criança parar de chorar. O pediatra também recomenda o recurso de dar um banho relaxante na criança.
"Os pais usam técnicas diferentes para acalmar seus filhos. O que funciona para um, nem sempre funciona para outros. Se todas essas tentativas falharem e o bebê realmente não parar de chorar, aí nós recomendamos procurar ajuda de um médico. Mas temos que ter o cuidado de não negligenciar o choro da criança", completou.
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