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Selena Gomez fala sobre lúpus em documentário; entenda a doença autoimune

Selena Gomez - Reprodução/Instagram
Selena Gomez Imagem: Reprodução/Instagram

De VivaBem, em São Paulo*

11/10/2022 10h29

Diagnosticada com lúpus em 2015, a cantora Selena Gomez, 30, chegou a passar por sessões de quimioterapia e um transplante de rim por causa da doença. O desafio de enfrentar o tratamento em meio ao auge de sua carreira é um dos temas do documentário "Selena Gomez: Minha Mente e Eu", cujo primeiro trailer foi liberado nesta segunda-feira (10/10) pela Apple TV+.

Na prévia, é possível ver imagens sensíveis da artista indo ao hospital e fazendo exames. O documentário, que chega à plataforma no dia 4 de novembro, promete focar na saúde mental da ex-estrela da Disney, incluindo também seu diagnóstico de depressão e a ansiedade. Em um dos trechos, a cantora diz que é "grata por estar viva".

O lúpus é uma doença autoimune crônica, que apresenta períodos de exacerbação (atividade, recaídas ou surtos) e de remissão (lúpus adormecido ou inativo).

Em algumas pessoas, a doença afeta o sistema nervoso central, o que pode causar alterações emocionais e do estado de ânimo ou até problemas mais graves, como psicose, convulsões ou AVCs (acidentes vasculares cerebrais).

Como não existe cura para o lúpus, a adesão ao tratamento é tida como essencial para o controle dos sintomas e até o desaparecimento deles (remissão).

Entenda o lúpus

O nome lúpus deriva de uma espécie de lobo americano, a Canis lupus rufus, cuja pelagem tem cor avermelhada, mesma coloração da típica erupção na pele, em forma de borboleta, que aparece na face das pessoas acometidas por essa doença.

Com uma prevalência que varia conforme cada região do mundo, sabe-se que o lúpus é mais comum entre afro-descendentes, asiáticos e hispânicos, quando comparados aos caucasianos.

As mulheres representam 90% dos casos, mas os homens, menos afetados, podem manifestar formas mais graves da doença. Nas mulheres, a condição é mais frequente na idade reprodutiva, mas pode aparecer em qualquer idade, inclusive em crianças e idosos.

O lúpus é caracterizado por uma desregulação do sistema imunológico que faz com que o corpo ataque os próprios tecidos. Esse processo provoca lesões no tecido [conjuntivo] que forma a estrutura que dá resistência às suas articulações, tendões, ligamentos e vasos sanguíneos.

Quando a doença se manifesta, a inflamação e a resposta imunológica causam lesões nesse tecido, não só na área das suas articulações, mas pode instalar-se em qualquer parte do organismo, como os rins e o cérebro, além das membranas que revestem coração (pericárdio) e pulmões (pleura).

Por que isso acontece?

As causas do lúpus ainda são desconhecidas, mas o que se sabe até o momento é que esta é uma doença multifatorial influenciada por fatores como:

  • Predisposição genética;
  • Desregulação do sistema imunológico;
  • Fatores hormonais (hormônios femininos);
  • Exposição a fatores ambientais (como infecções e tabagismo).

Conheça os vários tipos

A forma mais comum do lúpus é o chamado Lúpus Eritematoso que pode ser Sistêmico —caso de Selena Gomez— ou Cutâneo. O primeiro é assim denominado porque tem como característica o eritema —vermelhidão da pele— e pode acometer qualquer parte do corpo —daí a designação sistêmico.

Já o segundo se manifesta na pele em regiões expostas ao sol. Mas existem outros tipos, mais raros:

  • Lúpus induzido por drogas - esta apresentação decorre da exposição a determinados medicamentos ou drogas. A solução desses casos se dá por meio da suspensão do uso do agente desencadeante;
  • Lúpus neonatal - doença autoimune onde ocorre uma transferência de anticorpos da mãe para o feto, provocando neste manifestações cardíacas e cutâneas, muitas vezes transitórias.

Saiba como reconhecer os sintomas

O lúpus é uma doença desafiadora exatamente porque seus sintomas podem variar de pessoa a pessoa, e ainda evoluir por meses e até anos. Apesar disso, as seguintes manifestações são as mais comuns:

  • Febre;
  • Mal-estar geral;
  • Erupção de pele, mancha vermelha em forma de borboleta no rosto (90% dos pacientes);
  • Erupções de pele em outras partes do corpo;
  • Sensibilidade à luz solar (a pele fica vermelha ao ser exposta ao sol);
  • Úlceras na boca;
  • Dor nas articulações (que pode começar nas pequenas articulações - dedos, pulso etc., mas pode acontecer em todas) (90% dos pacientes);
  • Anemia;
  • Perda de força física (astenia);
  • Perda importante de cabelo;

Sintomas mais graves:

  • Problemas do Sistema Nervoso Central (SNC) --convulsão e psicose;
  • Nefrite;
  • Presença de líquido no pulmão ou coração.

Os transtornos psiquiátricos no LES constituem um problema que acomete aproximadamente metade dos pacientes em algum período de evolução da doença.

lupus - iStock - iStock
O nome lúpus deriva de uma espécie de lobo americano, a Canis lupus rufus, cuja pelagem tem cor avermelhada, mesma coloração da típica erupção na pele, em forma de borboleta, que aparece na face das pessoas acometidas por essa doença.
Imagem: iStock

Como é feito o tratamento

A depender da gravidade de cada caso a estratégia terapêutica partirá de medidas protetivas como a menor exposição ao sol, assim como à luz artificial que também tem raios ultravioleta. O conselho dos especialistas é usar protetor solar diariamente, até mesmo dentro de casa e nos dias nublados. As aplicações devem ser repetidas 3 vezes ao dia.

A redução da resposta imunológica é outra meta que se busca alcançar por meio da terapia medicamentosa. Para esse fim, os médicos têm à sua disposição os fármacos abaixo indicados, que serão utilizados de forma personalizada:

  • Hidroxicloroquina - no passado, esse medicamento era usado exclusivamente para o tratamento da malária. Hoje é um dos mais importantes remédios utilizados na terapia contra o lúpus;
  • Corticosteroides - esta é uma medicação importante nos quadros agudos e graves. Contudo, devem ser utilizados nos menores tempos e doses possíveis, em razão de seus efeitos colaterais;
  • Imunossupressores ou imunomoduladores - grupo de fármacos que reduz a ação do sistema de defesa do corpo, incluindo quimioterápicos;
  • Imunobiológicos - reservados para uma minoria de pacientes que não respondem aos medicamentos anteriores ou em situações peculiares identificadas pelo médico.
  • Até o momento não existem estudos científicos que garantam eficácia e segurança do uso de fitoterápicos no tratamento do lúpus. A suplementação de cálcio ou vitamina D poderá ocorrer, a critério do reumatologista.

O que esperar do tratamento?

Os especialistas garantem que mais de 7 pacientes em 10 obtêm sucesso terapêutico, o que significa o controle ou a remissão dos sintomas da doença. Isso leva à redução do uso de medicamentos ou mesmo à suspensão de seu uso.

Pouco mais de 2 pessoas, entre 10, poderão ter formas mais graves da doença e, para elas, a adesão ao tratamento é a alternativa para evitar o avanço ainda maior da enfermidade e até a morte.

A boa notícia é que a mortalidade caiu muito nas últimas décadas para esses casos, dada a maior ocorrência de diagnósticos precoces, tratamentos com metas terapêuticas precisas e disponibilidade de novas medicações.

*Com informações de reportagem publicada em 31/03/2020.

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