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O que acontece quando um bebê faz xixi dentro da barriga da mãe?

Bebês fazem xixi dentro do útero a partir do quinto mês de gestação - iStock
Bebês fazem xixi dentro do útero a partir do quinto mês de gestação Imagem: iStock

De VivaBem, em São Paulo

12/10/2022 04h00

Cada um de nós já bebeu o próprio xixi por meses seguidos antes de nascer. Enquanto boiamos no útero de nossas mães, comemos, dormimos e, a partir do quinto mês de gestação, quando o aparelho urinário se desenvolve, passamos a urinar regularmente dentro do líquido amniótico que nos envolve.

Essa urina, no entanto, não faz nenhum mal. O xixi intrauterino é resultado da ingestão do líquido amniótico que envolve os bebês na barriga de suas mães. Este líquido contém água, cloro, sódio e outros minerais, que formam um complexo nutritivo e livre de bactérias e garantem o desenvolvimento do bebê em gestação.

O caminho percorrido pelo xixi dos bebês é o mesmo que nas pessoas nascidas: ingerido pela boca, vai para o estômago, entra na corrente sanguínea, é filtrado pelos rins, desce para a bexiga, é eliminado pela uretra —e se mistura novamente ao líquido amniótico.

É possível até mesmo "flagrar" o bebê fazendo xixi dentro do útero. Com sorte, uma mãe pode presenciar parte do processo nos exames de ultrassom: o aparelho tem a capacidade de mostrar a bexiga cheia; se ela esvaziar, é sinal de que o bebê fez xixi diante das "câmeras".

Fetos também produzem secreções que podem ser nocivas, como a ureia. Só que ela não sai pelo xixi; é eliminada pelo cordão umbilical, um canal de passagem de sangue entre a mãe e seu filho. Assim, a "sujeira" da urina do bebê é eliminada no xixi da mãe: diariamente, são expelidos pela urina materna cerca de 500 ml de substâncias do bebê. Que, aliás, também podem suar dentro do útero: mas, assim como o xixi, é um suor livre de impurezas.

E o cocô?

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Antes de nascer, os bebês acumulam mecônio no intestino
Imagem: iStock

Bebês não fazem cocô antes de nascer. Até lá, ocorre no intestino a formação de mecônio —um liquido viscoso, pegajoso e esverdeado, que acumula substâncias que serão eliminadas assim que o bebê nascer ou um pouco antes disso.

O mecônio é uma mistura de secreções do intestino, restos celulares da descamação da pele do bebê que ele engole, substâncias do suco gástrico e eliminadas pelo pâncreas e muco. A função do mecônio é lubrificar as paredes do intestino e evitar que elas grudem durante a gestação. Se o bebê eliminar o mecônio bem antes de nascer, é preciso ficar alerta. Pode ser um sinal de sofrimento intrauterino e dificuldade de oxigenação.

Quando a bolsa se rompe, geralmente os médicos já descobrem se o mecônio foi eliminado. Eles analisam a aparência do líquido amniótico: se estiver escuro demais, é sinal de que muito mecônio saiu e é preciso monitorar o bebê com mais atenção. Os batimentos cardíacos dele devem ser observados: se a frequência cair, o parto deve ser realizado com urgência.

Mas nem sempre a eliminação do mecônio leva a uma situação de perigo. Um feto maduro, com o organismo em pleno funcionamento, pode eliminá-lo sem que ele esteja sofrendo. Neste caso, é importante limpar o bebê no momento em que ele nasce. Se inalado, o mecônio pode causar a síndrome de aspiração de mecônio. É uma insuficiência respiratória que pode levar à pneumonia química e ao desenvolvimentismo de complicações respiratórias.

Fonte: Julio Elito Junior, professor livre-docente do Departamento de Obstetrícia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).