Não é timidez: os sinais do mutismo seletivo, doença da filha de Deborah
A participante do reality A Fazenda 2022 Deborah Albuquerque disse, durante uma conversa com o ator Iran Malfitano, que a filha dela, de 7 anos, tem "mutismo seletivo". A condição faz com que a filha se relacione com um número pequeno de pessoas.
Ao contrário do que se pensa, o mutismo seletivo não é um transtorno da fala. Trata-se, na verdade, de um transtorno de ansiedade mais comum entre as crianças.
"Gera o medo de falar em certas ocasiões por receio de constrangimento ou por outro motivo capaz de gerar preocupação antecipada", explica o médico psiquiatra da infância e professor da PUC Campinas, Osmar Henrique Della Torre.
No diálogo com Iran Malfitano, Deborah disse: "você vai ter que conhecer a minha filha. Será que ela fala com você? A minha filha tem uma coisa que se chama 'mutismo seletivo'. Ela não é uma criança especial".
Segundo a mãe, a situação faz com que a família tenha um cuidado a mais com a menina, que não conversa nem com o avô paterno. "Com algumas pessoas, raríssimas, tipo 1%, ela consegue falar. Eu fico preocupada de estar aqui porque eu protejo ela disso."
Prevalência. Segundo Della Torre, aproximadamente 1% da população infantil pode ter o transtorno — a taxa de prevalência pode variar de 0,1% a 2,2%.
A maioria das pesquisas, diz o especialista, sugere que o mutismo seletivo é mais comum em meninas.
Os pais têm dificuldades de indicar quando os sintomas começam e dizem com frequência que "a criança sempre foi assim". Os primeiros sintomas aparentes, no entanto, têm início antes dos 5 anos, em geral.
A falta de atenção ao problema pode causar a permanência dos sintomas. "A perturbação pode não receber atenção clínica até a entrada na escola, quando existe um aumento da interação social e na realização de tarefas em voz alta."
Na idade adulta, o mutismo seletivo pode levar a problemas de comunicação, ansiedade social e a outros transtornos psiquiátricos. "A pressão para falar diminui porque o adulto pode, mais facilmente, escolher com quem quer estar e o que quer fazer", diz Della Torre.
Hipóteses. Estudos não apontam causa única para o surgimento da doença. Há hipóteses como genética, neurodesenvolvimento e fatores ambientais.
Segundo o especialista, atitudes de insegurança e retraimento podem ser um fator de risco. O diagnóstico é feito por um psiquiatra após análises de situações como fracasso persistente em falar em situações específicas, como na escola.
Também é avaliado se o problema interfere na rotina escolar, se tem duração de mais de um mês e se não há relação com desconforto em relação ao idioma. Outros transtornos, como autismo, também são avaliados.
Della Torre explica que pessoas com autismo, por exemplo, podem ter problemas na comunicação — a diferença é que o mutismo seletivo deve ser diagnosticado apenas quando a criança tem a capacidade de falar bem estabelecida em algumas situações (geralmente em casa) e não em outras.
Tratamento. As intervenções para a doença, no geral, focam na redução da ansiedade e do prejuízo social. A criança pode passar por terapia e o uso de remédios é indicado em casos mais graves.
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