Todo mundo tem e está tudo bem: quando hemorroida é um problema
Por mais que a palavra assuste muita gente, todos nós temos hemorroida, mas muita calma nessa hora. Na verdade, elas são definidas como pequenas estruturas presentes no canal anal.
O problema é quando esses vasos dilatam e ficam "gordinhos" e causam dor, sangramento e muito desconforto. É isso que os médicos chamam de doença hemorroidária —popularmente conhecida como hemorroida.
E um dos motivos desse temor todo não é só porque falar do assunto ainda seja um tabu, mas porque o tratamento, dependendo do caso, pode envolver a cirurgia.
Quando a cirurgia é fundamental?
Uma dúvida comum em quem tem doença hemorroidária é exatamente essa: "Será que preciso operar? Se não, como tratar o problema?".
De acordo com especialistas consultados por VivaBem, o paciente tem um papel fundamental nessa decisão: é ele quem vai dizer o tamanho do desconforto, embora existam algumas orientações de quando é indispensável passar pela cirurgia.
"Indicamos a cirurgia para pacientes que têm muito sangramento, quando a hemorroida fica exteriorizada e causa um incômodo com muita frequência", explica Carlos Henrique Marques dos Santos, médico coloproctologista e professor de Medicina da Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal), em Mato Grosso do Sul.
Para ajudar na definição, existem graus da hemorroida externa:
Grau 1: Há pouco prolapso (nódulo doloroso que sai do ânus) ou nenhum. Em geral, são relatados poucos sintomas, gerando um leve desconforto, por exemplo.
Grau 2: Pode ter sangramento, coceira, desconforto e quando há prolapso, ele "volta" ao ânus naturalmente.
Grau 3: Há a presença dos sintomas mais comuns, mas o prolapso só retorna ao canal anal com ajuda manual.
Grau 4: Existe o prolapso, mas ele não reduz e fica permanentemente para fora, além da presença de sintomas. Neste caso, podem aparecer hemorroidas externas ao mesmo tempo.
Segundo Larissa Berbert, coloproctologista da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), quando a doença chega no grau 4 ou quando há muito sangramento, a cirurgia é fundamental. "A estrutura já está tão alterada que, mesmo utilizando pomada ou remédio, a pessoa vai continuar com sintomas", explica.
"Há outra situação que pode ocasionar na trombose hemorroidária, que é quando o sangue coagula dentro dela. Mas não precisamos operar a não ser que essa trombose apresente infecção e o trombo não reduza". De acordo com a médica, há medicações que ajudam nesta situação.
Evolução nas técnicas cirúrgicas
Berbert explica que, atualmente, as técnicas cirúrgicas evoluíram bastante, trazendo maior conforto no pós-operatório.
"As cirurgias são menos dolorosas e invasivas. Em termos de proposta cirúrgica, temos uma gama de possibilidades que vão além da tradicional [remoção da hemorroida], como laser, grampeador e ligadura elástica. Elas causam menos dor e ainda resolvem bem o problema, se bem indicadas e orientadas", diz.
De acordo com Orcina Duarte, proctologista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), da rede Ebserh, quando o prolapso é pequeno —como no grau 1 e 2— e, em geral, fica na região interna na maior parte do tempo, é possível optar pelos procedimentos que não são tão invasivos, como a ligadura elástica.
O procedimento, que pode ser feito em consultório, consiste na aplicação de um elástico na base da hemorroida, que vai "estrangular" o prolapso e, depois de 5 dias em média, há a necrose completa do tecido. "Em duas, três semanas, o problema está resolvido", fala.
No grau 3 e 4, a tendência é que ocorra a cirurgia mais "clássica", que é de remoção total da hemorroida, realizada em uma sala cirúrgica. "O paciente tem alta no mesmo dia ou, no dia seguinte, na maioria das vezes", conclui a médica.
O que fazer quando não precisa de cirurgia?
Segundo o coloproctologista e professor da Uniderp, tem gente que apresenta os sintomas de forma passageira e, por isso, nem sempre é necessário operar.
"A pessoa pode ter episódios esporádicos de sangramento, dependendo da consistência das fezes, e sentir dor, mas se o intervalo entre as crises for longo, não é preciso necessariamente passar pelo procedimento", diz Santos.
Além disso, é importante que a pessoa trate as causas da hemorroida, se for o caso. Se o paciente, por exemplo, é muito constipado (ou o oposto), ele precisa de ajuda de um médico e nutricionista para amenizar o problema.
"[A hemorroida] É muito comum em pessoas constipadas, que vão ao banheiro apenas 2 ou 3 dias na semana. Com tanta dificuldade de evacuar e, com fezes mais duras, é normal que a hemorroida fique inflamada", explica.
"Neste caso, recomendamos a ajuda de um nutricionista para seguir uma dieta, além da ingestão de líquido e prática de atividade física regularmente".
Na parte médica, Santos explica que é possível prescrever pomadas que dão alívio no local, além de medicamentos que auxiliem na dor.
"Também devemos orientar na forma de higiene. O ideal é sempre lavar a região após a evacuação, mas nem sempre é possível. Não é crime usar papel higiênico, mas orientamos que evitem tanto o atrito que ele causa: é possível umedecer o papel para não machucar, por exemplo", diz o coloproctologista.
Outras medidas que ajudam quem tem doença hemorroidaria (ou mesmo para quem quer evitar a doença) é fazer cocô na posição de cócoras com ajuda de um banco —o ideal é deixá-lo em uma altura que o joelho fique acima do quadril, formando o ângulo perfeito para a saída das fezes—, evitar ficar muito tempo sentado no vaso sanitário e não forçar a saída das fezes.
Sintomas podem "esconder" doenças mais graves
A doença hemorroidária assusta e, normalmente, as pessoas relacionam o sangramento diretamente com o problema.
No entanto, esse sintoma —além do prolapso e coceira— também pode ser sinal de outras condições perigosas à saúde, como o câncer colorretal. Por isso é fundamental ir ao médico para que o diagnóstico seja feito corretamente.
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