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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Aluna diz que não fica muito tempo sentada por causa de TDAH; faz sentido?

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Imagem: iStock

De VivaBem*, em São Paulo

19/10/2022 16h01

Recentemente, um post sobre a banalização do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) virou debate no Twitter. Agora, o tema voltou a ganhar destaque na rede social, mas, desta vez, por uma boa causa.

Um professor escreveu que tem uma aluna que não consegue ficar muito tempo sentada. "Ela me contou que tem TDAH. Com muito H. Conversamos, lhe pedi permissão e usamos 45 minutos para falar de neurodiversidade em sala. Alguns se identificaram com sintomas e apareceu mais um rapaz que tem o diagnóstico", explica o professor, no Twitter.

Com isso, ele propôs que os alunos tivessem um espaço na sala de aula, na última fileira de carteiras. Assim, quando eles quisessem se movimentar, poderiam fazer isso dentro da sala de aula para não perder explicações.

"Acabei de corrigir a segunda prova da moça. Ela ficou com 9,3. Não sei se isso se deve ao espaço que lhe demos para ser do jeito que ela é, inclusive em sala de aula. Não sei se isso é educação inclusiva (será?). Só sei que ela tá feliz. E eu também!"

Por que isso pode acontecer?

As pessoas que têm TDAH apresentam alterações na região frontal do córtex cerebral. Com isso, habilidades mentais como a atenção sustentada, memória de trabalho, velocidade de processamento, controle inibitório e regulação emocional ficam comprometidas

Grande parte dos especialistas afirmam que a pessoa já nasce com o transtorno, embora outros digam que estudos recentes mostraram que é possível desenvolver o distúrbio depois de adulto. Apesar das polêmicas, é importante saber que para diagnosticar o TDAH é necessário analisar além dos sintomas do paciente, como seu histórico de vida.

Esse histórico é gerado desde a infância, com a distração e a hiperatividade. Quando adolescente, tende a ter problemas com o rendimento escolar e em realizar determinadas tarefas, principalmente as mais burocráticas e repetitivas.

Esses comportamentos são levados para a vida adulta: não consegue acompanhar os estudos da faculdade, não para em emprego por ter dificuldade de realizar atividades simples, como relatórios, por exemplo, mas que exigem foco e atenção. Adulto com déficit de atenção, além da desatenção e de não conseguir ficar quieto —caso da aluna citada no Twitter—, deixa tudo para última hora: é um procrastinador nato.

É comum ainda que pacientes adultos desenvolvam transtornos de ansiedade, crises de pânico, irritabilidade, bipolaridade, transtornos de humor e conduta e depressão. Por isso, quem é diagnosticado com TDAH deve fazer o tratamento com médico psiquiatra ou neurologista, aliado a psicoterapia, para melhora da qualidade de vida.

Cérebro de quem tem TDAH é diferente

Por meio de estudos de imagens cerebrais —e vale ressaltar que nos últimos 20 anos houve um avanço considerável na qualidade dessas imagens — foi constatado que pacientes com TDAH têm uma diferença de ritmo de maturação de estruturas do cérebro, em especial as áreas de controle motor e de tomada de decisões.

Além disso, as conexões também são distintas em pacientes com déficit de atenção. Existe uma reorganização, um equilíbrio diferente e um pouco mais de conexões em outros circuitos.

Um estudo publicado em 2010 no periódico Ciências e Cognição e realizado por pesquisadores da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) mostrou que a neurotransmissão de catecolaminas, ou seja, hormônios como adrenalina, noradrenalina e dopamina, são insuficientes no córtex pré-frontal em indivíduos com TDAH.

Isso resulta em esquecimento, distratibilidade (facilidade de desviar a atenção para o que não é importante), impulsividade e desorganização.

Como é o tratamento?

Após o diagnóstico, o tratamento é feito à base de medicamentos, psicoterapia e atividades físicas. Os especialistas ressaltam, entretanto, que é necessário um esforço do paciente para que o método tenha sucesso. Não basta apenas tomar a medicação: o paciente precisa colaborar traçando estratégias para melhorar a atenção, lembrar onde deixa objetos, criar um agenda com as tarefas por ordem de prioridade, entre outras que podem ser definidas na psicoterapia.

* Com informações de reportagem publicada em 01/03/2021.

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