Pesquisa: 62% dos médicos que tratam diabetes receitam antidepressivos
A pesquisa "Receita de Médico" mostra que 62,2% dos 654 entrevistados que tratam pacientes com diabetes e doenças cardiovasculares receitam também antidepressivos para quem apresenta os sinais da doença, sem a orientação de psiquiatras.
Estudos já apontam que pessoas com condições crônicas têm maior risco de desenvolver depressão. No caso do diabetes, por exemplo, há potencial de agravar o quadro, pela tendência em se alimentar mal, não fazer exercícios, deixar de se cuidar e se esquecer de tomar medicações.
Os dados da pesquisa "Receita de médico: o que pensa quem cuida de diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares" também indicaram que 40% dos entrevistados sequer indicam o paciente a buscar o psiquiatra, e 27,9% disseram tratar as queixas por terem especialização em saúde mental. O levantamento é liderado pelo endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, pesquisador da USP (Universidade de São Paulo), em Ribeirão Preto, em parceria com o Diacordis, Endodebate e Editora Clannad.
Participantes profissionais de 17 especialidades das cinco regiões do país e a íntegra dos resultados será apresentada na próxima semana.
Qualquer especialidade pode prescrever antidepressivos, mas a orientação é sempre consultar o psiquiatra, que é quem faz o diagnóstico, trata e previne os quadros de saúde mental. A própria AMB (Associação Médica Brasileira) aponta nas diretrizes sobre a depressão que o manejo não psiquiátrico está relacionado à indicação inadequada do tratamento.
Necessidade de alinhar tratamentos
Estudos já mostraram que o controle do diabetes influencia no humor, e vice-versa. É preciso alinhar os tratamentos, sobretudo combinando de maneira individualizada medicamentos, as várias formas de insulina usadas na reposição e mudanças de comportamento —capaz de evitar oscilações bruscas do açúcar presente na corrente sanguínea.
Por sua vez, o tratamento medicamentoso da depressão merece cuidados extras. "Muitos antidepressivos levam a um aumento de peso", afirma o psiquiatra Maurício Rossini. E, se os ponteiros da balança sobem demais, aumenta a resistência das células à insulina.
"Já algumas classes medicamentosas, como os antidepressivos tricíclicos, têm o efeito adverso de interferirem nas células beta do pâncreas, diminuindo sua produção de insulina", informa Rossini. Ou seja, podem ajudar no transtorno mental e piorar o diabetes.
O cuidado fundamental, porém, é na consulta. O clínico que trata o diabetes deveria aplicar um questionário para notar se a pessoa está deprimida e, daí, encaminhá-la ao psiquiatra. O risco de depressão é notório e isso não ajudará nem sequer na aderência ao tratamento.
*Com informações de reportagem do Blog da Lúcia Helena, publicada em 16/08/22
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