Peeling de fenol profundo: técnica que fez idosa 'trocar de pele' é segura?
Antes com o rosto envelhecido, uma idosa surge com a pele lisa e sem rugas ao final de um vídeo que viralizou nas redes sociais. Durante o procedimento estético responsável pela transformação, é possível ver uma grossa camada de pele machucada sendo removida de seu rosto, como se a mulher estivesse, literalmente, "trocando de pele". É essa a promessa do chamado peeling de fenol em camadas profundas.
A intervenção, considerada invasiva, é conhecida por estimular o rejuvenescimento da pele, mas requer cuidados. Se os protocolos não forem corretamente seguidos, é alto o risco de infecção por vírus, bactérias e fungos. Além disso, mesmo se a técnica for conduzida de maneira adequada, especialistas alertam que ainda existe a possibilidade de alterações permanentes na cor da pele, manchas e cicatrizes.
No vídeo, que já acumula mais de 870 mil curtidas no TikTok, uma clínica de estética e dermatologia de Caxias do Sul (RS) mostra a evolução na cicatrização 21 dias após a realização do procedimento. A pele sem rugas contrasta com a aparência inicial envelhecida. Mas outro ponto que chama a atenção na sequência de imagens é a camada de pele ferida sendo retirada do rosto da mulher.
Isso acontece porque o peeling de fenol é considerado o método mais profundo de peeling químico, conforme explica Carla Gayoso, chefe de dermatologia do HULW (Hospital Universitário Lauro Wanderley) da UFPB (Universidade Federal da Paraíba).
A médica explica que, na técnica, o fenol penetra na epiderme (a camada mais superficial da pele), o que causa sua necrose e induz reação inflamatória controlada não só na epiderme como também na derme (camada localizada abaixo da epiderme). O procedimento estimula a produção de colágeno, proteína determinante no processo de rejuvenescimento facial.
"O fenol é um antisséptico potente, mas pouco utilizado, porque é altamente tóxico quando usado em concentrações mais eficientes. Na dermatologia, ele pode ser usado a partir de 50%, sendo que em concentrações acima de 80% é quando causa mais necrose, que a gente chama de querato coagulação. É o que acontece, por exemplo, com os peelings mais profundos", explica Gayoso.
Há riscos?
Segundo a dermatologista, o procedimento é contraindicado para pessoas que têm problemas em órgãos como rins e fígado, já que pode levar a algum grau de toxicidade renal ou hepática. "Assim que o fenol é aplicado, até 70% é absorvido pelo corpo em até 30 minutos. Disso, 75% será eliminado pelos rins e outros 25% serão metabolizados pelo fígado. A pessoa não pode ter problemas nesses órgãos", explica.
Gayoso ressalta que o peeling de fenol em camadas profundas só deve ser feito por um médico dermatologista ou cirurgião plástico especializado no método, devido aos picos de arritmia cardíaca que podem ser causados pelo fenol enquanto a substância não é metabolizada pelo organismo.
O método, que pode variar entre R$ 15 mil e R$ 30 mil, também não é recomendado para quem tem problemas no coração.
Apesar dos resultados "surpreendentes", Gayoso explica que, ainda que o procedimento seja conduzido por um médico, existe o risco de alteração permanente na cor da pele, que pode ficar mais clara ou escura do que era antes. Também pode haver formação de queloides, cicatrizes protuberantes que surgem devido ao excesso de proteína (colágeno) na pele durante a cicatrização.
O período pós-intervenção costuma ser doloroso e pode levar até um ano e meio até que o rosto cicatrize por completo.
"Mesmo sendo feita corretamente, a técnica pode ser considerada parcialmente segura, por causa da possibilidade de toxicidade ou cicatrizes e alteração da cor da pele", afirma. "É um peeling que deve ser feito por exceção, porque, apesar de poder ocasionar bons resultados, do mesmo modo pode causar danos e cicatrizes permanentes, independente da excelência da técnica utilizada".
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