O que fazer após picada de escorpião, que matou menino em Anhembi (SP)
Um menino de 7 anos morreu na tarde desta terça-feira (25) após ser picado por um escorpião, no município de Anhembi (SP). Luiz Miguel Furtado Barbosa foi levado por uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) até Botucatu, onde ficou internado na UTI pediátrica no Hospital das Clínicas de Botucatu, mas não resistiu.
Uma ferroada de escorpião pode ser fatal, sobretudo em idosos e crianças. Além da reação inflamatória local que causa fortes dores, mas não leva à morte, a peçonha do animal pode desencadear reação inflamatória sistêmica, que tem como resultado edema pulmonar (acúmulo de líquido no pulmão), alterações no coração e consequente dificuldade para respirar.
Especialmente em menores de 7 anos, há risco maior de vômito e diarreia, o que também pode levar a casos graves que requerem aplicação de soro mais rapidamente.
O que fazer após picada de escorpião
Limpar a picada com água e sabão pode ajudar, mas o mais importante é buscar ajuda em uma unidade de saúde.
A principal recomendação em caso de picada de escorpião é ir imediatamente a um hospital mais próximo. Se possível, levar o animal ou uma foto para que a espécie possa ser identificada e a equipe de atendimento possa avaliar a gravidade do acidente.
O UOL entrou em contato com o Hospital das Clínicas de Botucatu para obter mais detalhes sobre o caso, como a confirmação do tipo de escorpião que picou a criança, mas ainda não houve resposta.
Soro e corticoide
Uma picada de escorpião pode levar a uma reação neuroimune sistêmica com produção de mediadores inflamatórios que levam à liberação de neurotransmissores.
Em um estudo conduzido por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo), os cientistas apontam que é preciso inibir o processo neuroimune o quanto antes por meio de uso de corticoides e soro. Em camundongos, a utilização do anti-inflamatório corticoide (dexametasona) até 30 minutos após o roedor receber a peçonha evitou a morte dos animais.
Embora não seja possível extrapolar o tempo de não retorno para humanos, a pesquisa ressalta a importância de agir imediatamente, a fim de que o paciente não atinja o que os cientistas chamam de "ponto de não retorno" —quando os efeitos dos mediadores já estão tão críticos que já não há mais como promover melhora.
A administração quase imediata de corticoide não anula a necessidade do uso do soro (anticorpos que bloqueiam a atuação da peçonha). Segundo os pesquisadores, o dexametasona pode bloquear o processo que gera um neurotransmissor chamado acetilcolina e, com isso, inibir os danos pulmonar e cardíaco.
Já o soro é importante para inibir outros possíveis efeitos das toxinas da peçonha que também podem gerar dano ao indivíduo, como o tecidual.
Nem todo caso de picada exige aplicação de soro —apenas um profissional de saúde pode avaliar o melhor tratamento. A maioria dos casos (87%) é leve e não necessita de aplicação. O antiveneno é indicado somente em casos moderados ou graves e pode ser encontrado apenas em hospitais de referência do SUS (Sistema Único de Saúde).
Como se prevenir
O clima úmido e quente é ideal para o surgimento de escorpiões, que se abrigam em esgotos e entulhos e se alimentam de baratas. Áreas com acúmulo de lixo podem atrair os animais.
No ambiente urbano, para evitar a entrada dos escorpiões nas casas e apartamentos, a recomendação é de usar telas em ralos de chão, pias e tanques, além de vedar as frestas nas paredes e colocar soleiras nas portas. Outra medida é afastar as camas e berços das paredes, e ainda vistoriar as roupas e calçados antes de usá-los.
Nas áreas externas, as principais dicas são manter jardins e quintais livres de entulhos, folhas secas e lixo doméstico. Também é importante manter todo o lixo da residência em sacos plásticos bem fechados para evitar baratas, que servem de alimento e, portanto, atraem os escorpiões.
*Com informações de reportagens publicadas em 11/01/2019 e 28/10/2020
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