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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Entenda doença ocular que impede atriz Judi Dench de ler e cortar comida

A atriz Judi Dench durante exibição do filme "Victoria e Abdul", em 2017 - Filippo Monteforte/AFP
A atriz Judi Dench durante exibição do filme "Victoria e Abdul", em 2017 Imagem: Filippo Monteforte/AFP

De VivaBem*, em São Paulo

28/10/2022 13h56

Aos 87 anos, a atriz Judi Dench, famosa por interpretar a rainha Elizabeth 1ª no filme "Shakespeare apaixonado" e a personagem M em alguns filmes da série "007", não consegue ler ou escrever e, às vezes, tem dificuldades para cortar a própria comida.

Em entrevista recente ao programa de rádio BBC2, a artista revelou que as dificuldades são causadas por uma doença degenerativa conhecida pela sigla DMRI, a Degeneração Macular Relacionada à Idade. A condição é considerada a causa mais comum de perda da visão em pessoas acima de 50 anos e afeta a parte central da retina (mácula) —área do olho responsável pela formação da imagem—, levando à perda da visão central.

O quadro prejudica a realização de atividades diárias, como ler, costurar e dirigir. Progressiva, a doença pode evoluir rapidamente ou devagar, afetando um olho e depois o outro.

Apesar de afetar suas atividades, Dench afirmou que o problema não irá fazer com que ela encerre a carreira. "Não quero me aposentar. Só não estou fazendo muitas coisas no momento porque não posso ver", afirmou durante o programa.

No Brasil, cerca de três milhões de brasileiros acima de 65 anos sofrem com DMRI, segundo dados do levantamento "As Condições da Saúde Ocular do Brasil", produzido pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia). Quanto antes o tratamento for iniciado, maiores são as chances de salvar a visão.

Quais são os sintomas e o que causa a doença?

Os principais sintomas da DMRI geralmente têm início após os 55 anos de idade. São eles: ponto escuro ou vazio no local de foco da visão, escrita parecendo borrada e linhas verticais distorcidas.

Algumas pessoas também notam que linhas retas na paisagem, como os lados de edifícios ou postes, parecem tortas. Outros sinais incluem áreas de escotomas (sem visão dentro do campo de visão).

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Os principais sintomas da DMRI geralmente têm início após os 55 anos de idade
Imagem: iStock

Dench compartilhou um episódio recente em que seu marido, David Mills, precisou cortar sua comida porque a visão da artista ficou "muito escura".

"Fui a um jantar há algumas semanas, um jantar bastante importante. Estava tão escuro que eu disse ao meu parceiro David, que estava ao meu lado, 'Tenho alguma coisa no meu prato?'. Ele disse sim'. Eu disse: 'É preciso cortar? Então, ele disse, 'Sim' e eu perguntei: 'Você faria isso?' Ele cortou e me entregou algo em um garfo e foi assim que eu comi. Não sei se terminei, não sei o que fiz. Eu provavelmente peguei tudo para cima e para o lado do prato, pelo que sei", contou durante a entrevista.

Ainda não se conhecem as causas exatas da DMRI. Uma das possibilidades é que seja provocada pela oxidação dos tecidos, resultante da exposição à luz e do envelhecimento, que é o seu principal fator de risco —os demais são pele clara, tabagismo e dieta pouco nutritiva. Também pode haver interferência de fatores genéticos.

Tem como prevenir?

Na tentativa de prevenir a doença, ou ao menos retardar a sua evolução, os especialistas recomendam ao menos quatro medidas:

  • Usar óculos escuros com proteção UVA e UVB;
  • Consultar o oftalmologista anualmente, especialmente após os 55 anos ou a partir dos 40 se os pais sofrerem de degeneração macular relacionada à idade;
  • Não fumar;
  • Ter um estilo de vida saudável.

Além disso, um estudo realizado pelo Instituto Westmead de Pesquisa Médica, da Austrália, aponta que uma dieta rica em flavonoides (compostos presentes em frutas e verduras com ação antioxidante) reduz as chances de desenvolver a doença.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da DMRI se dá através de exames oftalmológicos, como de fundo de olho, tomografia de coerência óptica (TCO) e mapeamento de retina —são fundamentais para confirmar, classificar e monitorar a doença.

O tratamento se dá com o uso de antioxidantes e sais minerais e aplicação de medicamentos antigiogênicos diretamente nos olhos. Geralmente, são entre seis e oito injeções no período de um ano.

Em alguns casos, também pode ser necessária a utilização de laser. Vale destacar que essas ações podem ser realizadas separadamente ou combinadas, cabendo ao médico determinar o melhor protocolo.

*Com informações de reportagem publicada em 24/01/2020.

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