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Com lúpus, Selena Gomez recebeu remédio na veia por 5 horas; entenda

Reprodução/Instagram @hungvanngo
Imagem: Reprodução/Instagram @hungvanngo

Do VivaBem*, em São Paulo

04/11/2022 13h15

Diagnosticada com lúpus em 2015, a cantora Selena Gomez, 30, contou que passou de quatro a cinco horas recebendo um medicamento na veia para aliviar dores causadas pela doença autoimune e outra condição chamada miosite, que provoca o enfraquecimento dos músculos.

A artista compartilhou detalhes sobre o tratamento no documentário "Minha Mente & Eu" ("My Mind & Me", em inglês), gravado entre 2016 e 2020, que está disponível na Apple TV+. "Sempre me sinto melhor quando tenho respostas [ao tratamento], mas o Rituxan foi muito difícil de fazer da última vez. São cerca de quatro horas, cinco horas. É muito difícil para o seu sistema no começo, mas está tudo bem", disse.

Em uma cena do documentário, Selena reclama que está sentindo dores incapacitantes o dia inteiro. Por telefonema, seu médico explica que o problema é decorrente de uma sobreposição de duas doenças com as quais ela foi diagnosticada —lúpus e miosite. O profissional prescreve o remédio Rituxan a fim de eliminar, "por um ano ou mais", a dor nas articulações.

O medicamento, também conhecido como rituximabe ou rituximab, não é o tratamento padrão para o lúpus. Segundo a organização Fundação Lúpus da América, a substância foi inicialmente desenvolvida para uso em pessoas com linfoma (um tipo de câncer), mas posteriormente foi aprovada pelo FDA (agência que regula alimentos e remédios nos Estados Unidos) para o tratamento de artrite reumatoide e vasculite.

De acordo com a fundação, várias pesquisas clínicas analisaram o uso de Rituxan e um anticorpo de segunda geração, conhecido como ocrelizumab, para tratar pessoas com lúpus ou nefrite lúpica (doença renal lúpica). No entanto, os resultados não foram bem sucedidos.

A organização acrescenta que médicos consideram que o medicamento pode ser eficaz para algumas manifestações do lúpus e que as falhas dos ensaios clínicos foram, em parte, relacionadas a problemas com a forma com que os estudos foram estruturados. Cientistas estão conduzindo mais pesquisas para compreender o efeito do remédio em pacientes com lúpus.

No Brasil, a droga é aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para pacientes com linfoma não Hodgkin, linfoma folicular, artrite reumatoide ou em combinação com a quimioterapia em pessoas com leucemia linfoide crônica não tratados previamente e com recaída ao tratamento, além de casos de vasculites ativas graves.

O que é lúpus?

O lúpus é caracterizado por uma desregulação do sistema imunológico que faz com que o corpo ataque os próprios tecidos. Esse processo provoca lesões no tecido conjuntivo, que forma a estrutura que dá resistência às suas articulações, tendões, ligamentos e vasos sanguíneos.

O nome da doença deriva de uma espécie de lobo americano, a Canis lupus rufus, cuja pelagem tem cor avermelhada, mesma coloração da típica erupção na pele, em forma de borboleta, que aparece na face das pessoas diagnosticadas com a condição.

A doença crônica apresenta períodos de exacerbação (atividade, recaídas ou surtos) e de remissão (lúpus adormecido ou inativo). Quando a doença se manifesta, a inflamação e a resposta imunológica causam lesões não só na área das articulações, mas pode se instalar em qualquer parte do organismo, como rins e cérebro, além das membranas que revestem coração (pericárdio) e pulmões (pleura).

Como funciona o tratamento padrão

A estratégia terapêutica para o lúpus depende da gravidade de cada caso, mas, de maneira geral, são prescritos fármacos para reduzir a resposta imunológica que caracteriza a doença. Para esse fim, os médicos têm à sua disposição os fármacos abaixo indicados, que são utilizados de forma personalizada:

  • Hidroxicloroquina - no passado, esse medicamento era usado exclusivamente para o tratamento da malária. Hoje é um dos mais importantes remédios utilizados na terapia contra o lúpus;
  • Corticosteroides - esta é uma medicação importante nos quadros agudos e graves. Contudo, devem ser utilizados nos menores tempos e doses possíveis, em razão de seus efeitos colaterais;
  • Imunossupressores ou imunomoduladores - grupo de fármacos que reduz a ação do sistema de defesa do corpo, incluindo quimioterápicos;
  • Imunobiológicos - reservados para uma minoria de pacientes que não respondem aos medicamentos anteriores ou em situações peculiares identificadas pelo médico.
  • Até o momento não existem estudos científicos que garantam eficácia e segurança do uso de fitoterápicos no tratamento do lúpus. A suplementação de cálcio ou vitamina D poderá ocorrer, a critério do reumatologista.

O que esperar do tratamento?

Os especialistas garantem que mais de 7 pacientes em 10 obtêm sucesso terapêutico, o que significa o controle ou a remissão dos sintomas da doença. Isso leva à redução do uso de medicamentos ou mesmo à suspensão de seu uso.

Pouco mais de 2 pessoas, entre 10, poderão ter formas mais graves da doença e, para elas, a adesão ao tratamento é a alternativa para evitar o avanço ainda maior da enfermidade e até a morte.

A boa notícia é que a mortalidade caiu muito nas últimas décadas para esses casos, dada a maior ocorrência de diagnósticos precoces, tratamentos com metas terapêuticas precisas e disponibilidade de novas medicações.

*Com informações de reportagem publicada em 31/03/2020.

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