Remédios para bipolaridade dificultam gravidez, como disse Selena Gomez?
Apesar do sonho de um dia se tornar mãe, a cantora Selena Gomez, 30, disse que a preocupação de não poder gerar os próprios filhos é uma "presença imensa e constante" em sua vida. O motivo, segundo a artista declarou em entrevista recente à revista Rolling Stone, seria a medicação que ela toma desde que foi diagnosticada com transtorno bipolar, em 2018.
Os medicamentos utilizados no tratamento de pessoas com bipolaridade não afetam a fertilidade, mas podem causar alguns problemas ao desenvolvimento do feto. Desde que a mulher seja regularmente acompanhada pelo seu psiquiatra e ginecologista/obstetra, porém, a condição não é considerada uma contraindicação para a gravidez.
"Em geral, os sintomas do transtorno bipolar surgem entre os 18 e 35 anos, uma fase que coincide com o período fértil nas mulheres. Mas, mesmo com o diagnóstico de bipolaridade, é possível engravidar, e é uma situação com a qual nós, médicos, estamos habituados, porque muitas mulheres com o transtorno geram seus próprios filhos", explica Vanessa Flaborea Favaro, diretora dos ambulatórios do IPq-USP (Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo).
Quais são e como podem ser reduzidos os riscos ao feto
O risco para o bebê depende do medicamento prescrito —Selena Gomez contou que faz uso de dois remédios, mas não especificou quais. Segundo Favaro, algumas das principais preocupações de mulheres que têm o transtorno e desejam engravidar são a possibilidade de malformação fetal, atraso no desenvolvimento ou problemas neurocomportamentais.
A médica explica que esses riscos, contudo, podem ser significativamente reduzidos se a mulher comunicar ao psiquiatra a intenção de engravidar e, a partir daí, planejar a gestação. O especialista poderá, por exemplo, indicar a substituição gradual do remédio atual por outro medicamento que esteja associado a menos efeitos adversos ao feto.
Em outros casos, a dose poderá ser reduzida, ou, dependendo da gravidade da doença e da resposta do indivíduo ao tratamento, o psiquiatra poderá recomendar que o uso do fármaco seja descontinuado durante algum período da gravidez.
Em quadros mais graves, a electroconvulsivoterapia, técnica considerada segura tanto para a grávida quanto para o feto, surge como alternativa terapêutica ao tratamento medicamentoso.
Além disso, exames como ultrassom e ecografias deverão ser indicados com maior frequência pela equipe de obstetrícia para acompanhar a saúde do feto e evitar riscos ao seu desenvolvimento. Neonatologistas e pediatras também deverão estar cientes do quadro para auxiliar a mãe e o bebê.
E se a gravidez não foi planejada?
"Quando a mulher que tem o transtorno engravida sem planejar, pode ficar assustada e pensar que a melhor coisa é parar o tratamento, mas isso não é verdade", diz Favaro. "A doença mal controlada pode trazer ainda mais riscos para o bebê do que o remédio".
A medicação utilizada no tratamento da bipolaridade nunca deve ser interrompida por conta própria. No caso de uma gravidez não planejada, a recomendação é procurar o psiquiatra, que irá orientar o que precisa ser feito.
Parar de tomar os fármacos subitamente sem consultar o médico pode levar ao aparecimento de episódios depressivos ou maníacos característicos da bipolaridade, trazendo problemas tanto ao feto quanto à mãe.
"Sem o tratamento, a mulher pode acabar descuidando do pré-natal e, no pós-parto, pode não estar tão disponível para o bebê quanto ela estaria se estivesse medicada", explica a psiquiatra.
"O mais importante é que a pessoa esteja bem e equilibrada, porque, estando bem emocionalmente, ela vai conseguir cuidar de si mesma, do bebê e terá uma experiência positiva e, para isso, é preciso respeitar as orientações do médico sobre o tratamento", diz.
Selena Gomez, que além do diagnóstico de transtorno bipolar também tem lúpus e já passou por um transplante de rim, afirmou que, mesmo se decidir não gerar os próprios filhos, ainda assim tentará ser mãe. "Não importa como eu deva tê-los, eu os terei", disse a cantora.
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