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O que são alimentos ultraprocessados? Veja exemplos

Estudo apontou que 57 mil mortes em 2019 associadas ao consumo de ultraprocessados - iStock
Estudo apontou que 57 mil mortes em 2019 associadas ao consumo de ultraprocessados Imagem: iStock

Do VivaBem*, em São Paulo

07/11/2022 14h13

Um estudo mostrou que as mortes prematuras de pessoas entre 30 a 69 anos associadas ao consumo de alimentos ultraprocessados no país representam 57 mil óbitos por ano, com dados de 2019. O índice supera o de mortes por homicídios (45,5 mil óbitos em 2019, segundo o Atlas da Violência).

A análise foi feita por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo), da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da Universidad de Santiago de Chile. Os resultados foram publicados no periódico American Journal of Preventive Medicine.

Mas, afinal, o que são alimentos ultraprocessados?

Esses produtos passam por vários processamentos na indústria (como pasteurização, fermentação e reconstituição), além da adição de substâncias sintetizadas em laboratório e que não são comumente usadas nos preparos de refeições caseiras.

A categoria de alimentos foi proposta em 2010, em um artigo publicado pelos pesquisadores do Nupens (Núcleo de Pesquisas em Nutrição e Saúde), da USP. Além dos processamentos, eles são feitos por várias partes de alimentos, com muitos aditivos químicos, açúcares, gorduras trans e gorduras saturadas.

"Esses alimentos têm perfil nutricional pior, com menor quantidade de fibras, vitaminas e minerais", explica Maria Laura Louzada, pesquisadora do Nupens. Alguns exemplos de ultraprocessados são:

  • Salgadinhos;
  • Pão de forma;
  • Bolachas;
  • Refrigerantes;
  • Macarrão instantâneo;
  • Enlatados e conservas;
  • Cereais matinais;
  • Sucos artificiais;
  • Embutidos;
  • Comidas prontas para consumo (como lasanhas congeladas e nuggets).

O Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado em novembro de 2014, indica ter uma alimentação baseada em alimentos in natura, frescos e comida caseira, evitando o consumo de ultraprocessados.

Alimentos processados fazem mal?

Outras pesquisas também tentam mapear os malefícios do consumo excessivo dessa categoria de alimentos, incluindo doenças cardíacas, obesidade, diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer e até depressão.

Um estudo anterior do Nupens, publicado em maio deste ano no International Journal of Public Health, apontou que o consumo de ultraprocessados fez a obesidade crescer 28% no Brasil entre 2000 e 2009. A equipe de pesquisa utilizou dados da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No período entre 2002 e 2009, o levantamento colheu informações não apenas sobre a aquisição de alimentos ultraprocessados —que é um indicativo de consumo—, mas também sobre peso e altura dos entrevistados, o que permitiu calcular o índice de obesidade dos consumidores. Por meio do cruzamento desses dados, foi possível estabelecer uma relação entre os dois pontos.

Outro levantamento da USP também mapeou que a perda cognitiva ao longo da vida é 28% maior em quem consome mais de 20% das calorias diárias em ultraprocessados. Isso equivale, por exemplo, a comer três pães de forma todos os dias.

*Com informações de reportagens publicadas em 19/07/21, 08/06/22, 02/08/22 e 11/08/22.