BQ.1 está presente em 49 países e é responsável por 15% dos casos globais
Depois de atingir a Europa, além da China e dos Estados Unidos, a subvariante BQ.1 do coronavírus começa a despontar no Brasil e pode ser a responsável pelo crescente aumento de casos detectados nas últimas semanas. Até a sexta-feira (11), a subvariante já havia sido detectada em 49 países e era responsável por cerca de 15% das infecções pelo vírus no planeta, segundo informações do banco de dados Gisaid, que conta com a colaboração da Organização Mundial Saúde (OMS).
No Brasil, o número de diagnósticos positivos realizados em farmácias aumentou 38% em uma semana, segundo levantamento da Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) divulgado na última sexta. Em novembro, a taxa de positividade dos exames está em 23,7%. Os dados levam em conta testes realizados nos estabelecimentos pelos farmacêuticos, mas não contabilizam os autotestes vendidos nas farmácias para os pacientes.
Curva acentuada
Segundo a Abrafarma, a primeira semana de outubro registrou 858 infectados pelo coronavírus - o menor volume desde o início dos testes rápidos em farmácias, em abril de 2020. Já na última semana, no entanto, foram contabilizados 4.850 diagnósticos, o que indica a chegada de uma nova onda e a rapidez da transmissão do vírus.
Não é possível afirmar quantos casos foram causados pela BQ.1. Porém, o aumento dos números reforça os dados do relatório do Instituto Todos pela Saúde divulgado no início do mês: a taxa de positividade para o Sars-Cov-2 saltou de 3% para 17% no decorrer de outubro.
"No Brasil, começamos a detectar casos dessa variante em diferentes Estados. Ela já é responsável por cerca de 15% das infecções globais, um reflexo da alta capacidade de transmissão e de evasão ao sistema imune que essa variante tem", destaca Anderson Ferreira Brito, virologista e pesquisador do ITpS. Ele ressaltou, porém, que a onda de casos da BQ.1 na Europa e nos outros continentes por onde ela circulou já mostra sinais de queda.
Escape do sistema imune
Uma das preocupações com o surgimento de novas variantes é justamente o escape ao sistema imune, seja pela vacinação ou pela infecção pelo Sars-CoV-2 adquirida previamente.
"Essa variante tem mais possibilidade de se disseminar justamente pela maior capacidade de evadir o sistema imune. Ela consegue evitar parte das defesas que nós adquirimos. Mas, de maneira nenhuma, isso significa que nosso organismo perdeu totalmente a capacidade de reconhecê-la", afirmou o virologista. Segundo ele, pode acontecer de o reconhecimento pelo sistema imune ser mais lento ou ocorrer um pouco mais tarde, o que deve permitir que a variante consiga infectar a pessoa.
"A gente não sabe muito qual será o panorama de casos dessa variante porque ainda temos no Brasil um percentual ainda não muito bom de cobertura de quarta dose da vacina em algumas regiões. Não temos certeza do cenário do ponto de vista clínico, mas a gente sempre sabe que aqueles não vacinados e com comorbidades a tendência é evoluir não tão bem", afirmou a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, que ressalta que a tendência é que essa variante se sobreponha às outras que já estão presentes.
Como medida de prevenção, os especialistas recomendam:
• manter a vacinação completa com todas as doses indicadas para o perfil da pessoa;
• uso de máscara em locais fechados e aglomerados (principalmente pelas pessoas de risco, entre eles idosos, imunodeprimidos, gestantes e puérperas);
• higiene de mãos e testagem se tiver sintomas.
Na quinta-feira (10), o governo de São Paulo emitiu um alerta recomendando a volta do uso de máscara em locais de risco, incluindo dentro do transporte público.
Outras sublinhagens
Segundo Brito, as duas principais sublinhagens que estão chamando atenção da comunidade científica nas últimas semanas são justamente a BQ.1, que é derivada da ômicron BA.5, e a variante recombinante XBB, que tem parte da combinação genética da BA.2 e parte com outras sublinhagens que chegaram a circular bastante na Ásia.
"Existe uma possibilidade dessa variante XBB eventualmente chegar ao Brasil, mas a que tem mostrado mais capacidade de se disseminar no continente americano é a BQ.1, especialmente no Brasil e nos Estados Unidos. Ainda não sabemos se ela vai se tornar predominante por aqui, mas tudo indica que sim, por isso precisamos continuar acompanhando o cenário de variantes circulantes", completou o virologista.
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