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Aos 42, árbitro morre após AVC em treino; exercício físico aumenta risco?

Johan Hamel, árbitro francês que morreu durante um treino na França - VALERY HACHE / AFP
Johan Hamel, árbitro francês que morreu durante um treino na França Imagem: VALERY HACHE / AFP

De VivaBem*, em São Paulo

17/11/2022 17h44

O árbitro francês Johan Hamel morreu nesta quarta-feira (16) aos 42 anos. Segundo a apuração do jornal L'Équipe, o juiz teve um AVC (acidente vascular cerebral) durante um treino na terça-feira (15).

O árbitro ficou conhecido por severas críticas depois de uma partida entre PSG e Strasbourg, pela Copa da França, em 2019. Johan foi acusado por torcedores de contribuir com a lesão no quinto metatarso do pé direito do Neymar.

O anúncio da morte de Hamel teve grande comoção no futebol francês. Diversas homenagens foram feitas em nome do árbitro ao longo do dia. O sindicato de árbitros do país chegou a postar mensagem de condolências à família do juiz.

Johan Hamel esteve na elite do futebol francês durante os últimos 12 anos. No último domingo, ele esteve na cabine do VAR na goleada do PSG contra o Auxerre por 5 a 0, pela Ligue 1.

Por que alguém pode ter um AVC durante exercício físico?

Primeiro, é importante entender o que é o AVC, que, de uma forma resumida, é a morte de células do cérebro, que acontece pela interrupção do fluxo sanguíneo no órgão.

De acordo com o cardiologista Edmo Atique Gabriel, colunista de VivaBem, o ponto central do AVC é o aumento da pressão arterial. "Toda vez que essa pressão sobe, acima dos limites normais da pessoa, pode acontecer duas coisas na circulação. As artérias podem fechar e, sem o fluxo sanguíneo que chega ao cérebro, a pessoa tem um AVC isquêmico", explica.

Agora, quando há um aumento da pressão, essa artéria pode não só fechar, mas também romper. "Esse é o AVC hemorrágico, que pode ser ainda mais grave", diz o médico.

Por isso, quando uma pessoa faz atividade física, por exemplo, esse aumento da pressão —quando ultrapassa os limites do corpo— pode mesmo causar um AVC. "Há o aumento do fluxo sanguíneo e, secundariamente, o aumento da pressão arterial. Se a pressão fica acima dos valores estáveis por muito tempo, pode ocorrer ou o AVC isquêmico ou o hemorrágico."

AVC aos 42: idade chama a atenção

Mas isso também pode acontecer em outras situações, lembra o médico, como em momentos de muito estresse. Além disso, há outros pontos que precisam ser levados em consideração, como estilo de vida e predisposição genética —principalmente quando essa pessoa é jovem, igual ao árbitro francês, que tinha 42 anos.

"Por mais que ele fosse um atleta, com estilo de vida saudável, a predisposição genética pode ser predominante neste caso. Nós nunca sabemos se a pessoa realmente faz um acompanhamento médico adequado, então, além da genética, há a associação com o 'super esforço' feito naquele momento", explica Gabriel.

"Às vezes, ele já vinha fazendo outros 'super esforços' e ficou algo cumulativo. Com isso, veio o evento agudo [AVC]", afirma o cardiologista, reforçando a importância de manter o check-up médico em dia.

De olho nos outros fatores de risco para o AVC

Existem fatores de riscos modificáveis, como pressão alta, diabetes, colesterol alto, tabagismo, uso de drogas, obesidade, sedentarismo e estresse. Mas há causas que não temos controle, como idade (o problema é mais comum em idosos) e sexo (a doença acomete mais homens).

Além disso, fatores genéticos aumentam o risco de AVC, e nesse caso é importante ficar alerta tanto para o histórico familiar de derrame como de outras doenças que elevam as chances de derrame, por exemplo, as já citadas diabetes e hipertensão.

Como ajudar alguém

Se você está com alguma dúvida momentânea se alguém pode estar com AVC ou não, há uma técnica que pode ajudar, chamada de SAMU:

S de sorriso, peça para a pessoa tentar sorrir, em casos de AVC só é possível abrir a boca com um lado, fica um sorriso torto e é fácil identificar que há algo errado;

A de abraço, quem sofre um AVC costuma ter fraqueza em um dos lados do corpo e não consegue levantar ambos os braços para abraçar outra pessoa;

M de música, como a fala e coerência ficam comprometidas, o paciente não consegue cantar;

U de urgência, se todos os testes foram positivos, chame ajuda imediatamente.

* Com informações de reportagem publicada em VivaBem.