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Mourão diz que Bolsonaro não pode usar calça por erisipela; faz sentido?

Marcelo Camargo - 13.ago.19/Agência Brasil
Imagem: Marcelo Camargo - 13.ago.19/Agência Brasil

De VivaBem*, em São Paulo

17/11/2022 18h49

O presidente Jair Bolsonaro (PL) continua ausente da vida pública, recluso na residência oficial do Alvorada desde a derrota nas urnas. O motivo é a erisipela, uma doença infecciosa na pele considerada mais comum em pessoas com problemas de circulação ou diabetes.

A condição se instala na parte mais profunda da pele e é caracterizada por placas vermelhas e doloridas. Ela é causada por bactérias comuns, que podem entrar por ferimentos mal higienizados ou mesmo uma frieira entre os dedos dos pés, por exemplo.

De acordo com vice-presidente Hamilton Mourão, em entrevista ao jornal O Globo, Bolsonaro está com uma "ferida na perna", alegando que isso o impede de retomar sua vida pública habitual.

"É questão de saúde. Está com uma ferida na perna, uma erisipela. Não pode vestir calça, como é que ele vai vir para cá de bermuda?", declarou o vice-presidente Hamilton Mourão ao jornal O Globo.

Afirmação faz sentido?

De acordo com especialistas consultados por VivaBem, o "afastamento" das atividades é necessário não por causa da calça e, sim, pelo repouso necessário que a doença exige.

"As pernas são os locais preferenciais, pois são mais predispostas a traumas e micoses interdigitais [entre os dedos]. Além do tratamento medicamentoso, o ato de colocar as pernas para cima ajuda no retorno do sangue e facilita a cicatrização", explica Jose Roberto Fraga Filho, dermatologista da SBCD (Sociedade Brasileira de Dermatologia e Cirurgia Dermatológica).

Perna com erisipela - iStock - iStock
Imagem: iStock

"O paciente até pode usar calças folgadas para evitar que a ferida grude. O uso de meias elásticas também ajuda no retorno venoso e, depois, na cicatrização", diz.

Jade Cury, dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP), afirma o mesmo: "Mesmo com curativo, ele pode usar calça, mas o repouso é muito importante. Então, por isso e, não pela questão da calça, ele deveria ficar afastado."

Além disso, a médica explica que, em geral, a erisipela forma uma ferida "fechada", sem necessidade de curativos. "Mas existe a doença bolhosa ou as que têm ulcerações e feridas. Neste caso, quando não tem a barreira da pele, pode ser necessário o uso de curativos", fala.

As faixas, por exemplo, também podem ser necessárias quando há a presença de muita secreção na região afetada.

Entenda a doença

Trata-se de um quadro infeccioso que acomete a pele e os tecidos superficiais da pele (derme e epiderme).

Em geral, não é possível diferenciar a erisipela da celulite, que também é uma infecção bacteriana. A diferença é que esta se instala na parte mais profunda da pele, alcançando até a gordura subcutânea, aquela que vem logo abaixo da pele.

Importante saber que celulite relacionada à erisipela não se confunde com o que popularmente chamamos de celulite, cujo incômodo é o estético. Assim, alguns médicos poderão se referir à doença como complexo erisipela-celulite.

Perna com erisipela - iStock - iStock
Imagem: iStock

Por que isso acontece?

A erisipela decorre de uma infecção por bactérias, especialmente um grupo delas denominado Streptococcus, embora outras também possam estar relacionadas, como o Staphylococcus aureus.

Em geral, a pele é uma barreira eficaz contra esses microrganismos, mas eles podem se propagar rapidamente quando encontram alguma "porta de entrada", como um machucado, por exemplo. Além de um ferimento na pele, outros fatores podem facilitar esse processo:

  • Ter tido erisipela anteriormente
  • Cortes cirúrgicos
  • Frieiras e micoses
  • Picada de inseto
  • Alergias (como o eczema)
  • Situações que reduzem a imunidade (diabetes descontrolado, HIV, uso de determinados medicamentos)
  • Varizes e outros problemas venosos (insuficiência venosa crônica)
  • Edema ou obstrução linfática
  • Síndrome nefrótica
  • Obesidade
  • Abuso de drogas intravenosas
  • Doenças do fígado
  • Gravidez

Como é feito o tratamento?

De acordo com o dermatologista Egon Daxbacher, coordenador do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), o objetivo do tratamento é combater a infecção e, para esse fim, utilizam-se antibióticos por via oral ou venosa (em casos mais graves).

"A escolha do fármaco varia e depende de o paciente ter ou não doenças associadas, ou se já tomou antibióticos recentemente", diz. Em geral, o tratamento dura de 7 a 14 dias e, após 48 horas do seu início, já poderá ser observada a melhora geral do paciente. Nos 10 a 15 dias posteriores, espera-se a recuperação total.

Para aumentar o conforto do paciente, podem ser indicadas a elevação dos pés (se esta for a região afetada) e massagens. Embora essas medidas não bastem para o combate da erisipela, elas aliviam os sintomas.

* Com informações de reportagem publicada em 31/05/2022.

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