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O que é um surto psicótico, que Andressa Urach sofreu? Como ajudar?

Andressa Urach está internada após surto psicótico - Reprodução/Instagram
Andressa Urach está internada após surto psicótico Imagem: Reprodução/Instagram

Bruna Buzzo

Colaboração para VivaBem

18/11/2022 17h20

A modelo e empresária Andressa Urach está internada há semanas na ala psiquiátrica de um hospital após sofrer um surto psicótico. Embora as visões sobre o episódio sejam conflitantes, com a mãe da modelo e seu ex-marido alegando fatos distintos, o que parece certo é que algum gatilho emocional desencadeou o surto em Urach, que agora está em tratamento e recebendo a medicação apropriada.

O que é um surto psicótico?

Na psiquiatria, o surto psicótico é considerado uma psicose pontual, ou seja, um episódio que faz parte dos sintomas de algum transtorno mental. Cada paciente em surto precisa ser analisado individualmente, para que os fatores que geraram o surto possam ser tratados de forma adequada.

O surto em si é uma vivência desorganizada da realidade, em que o indivíduo apresenta vários sintomas de que está vivendo uma experiência dissociada daquela que as outras pessoas conseguem perceber.

Alguns sintomas comuns de pessoas em surto são:

  • Fala desorganizada ou incoerente;
  • Alterações de humor;
  • Mudanças no ciclo do sono (dificuldade para dormir ou excesso de sono);
  • Confusão mental;
  • Dificuldade de conectar ideias e se fazer entender.

É nesse contexto que surgem dois componentes importantes nos surtos psicóticos: os delírios e as alucinações. Os delírios são crenças inquebráveis, mas que não são reais, como a ideação de um complô ou de uma missão, e as alucinações são alterações na percepção, que é quando se ouve vozes ou se vê algo que não existe.

O que pode levar a um surto?

Esse tipo de surto pode acontecer em pessoas que estão sofrendo com estresse exagerado, que pode fazer com que ela se desprenda da realidade, e também é comum em diagnósticos de esquizofrenia, transtorno bipolar e transtornos de humor.

Existem casos de surtos pontuais, que ocorrem em momentos muito extremos e distintos de tudo o que a pessoa já viveu antes, mas são raros. É o que os especialistas chamam de crise dissociativa, em que o estresse grave e pontual leva a uma desconexão com a realidade.

Esses casos são temporários e, em geral, a própria pessoa tem uma reversão espontânea. Chamados de psicoses breves, às vezes precisam de medicação, mas também podem passar apenas com apoio e suporte. Porém, o mais comum é que surtos estejam associados a outros transtornos mentais.

No caso de pessoas que já estão diagnosticadas com transtornos mentais graves, é difícil que o próprio indivíduo perceba que está em um surto. Por isso, é importante que a família ou as pessoas ao redor atuem para auxiliar na contenção do surto e também na busca por um tratamento adequado.

Como ajudar alguém em surto?

Se você vivenciar uma situação de surto psicótico de alguém próximo, o ideal é ter uma postura acolhedora e não validar os delírios, mas sem confrontar ou deslegitimar a angústia da pessoa em surto. É importante reconhecer que a outra pessoa está doente e encaminhá-la para ajuda. Tente mostrar compreensão, mas sem entrar no delírio.

O ideal é tentar convencer o indivíduo sobre a necessidade de iniciar um tratamento, mas, se não for possível, procure ajuda —é possível chamar inclusive o Samu para acolher esses pacientes.

Além disso, após o surto, é preciso estimular que a pessoa faça o tratamento adequado, que em geral envolve o uso contínuo de medicamentos antipsicóticos. Essa medicação ajuda a tratar a depressão e outros problemas envolvidos no surto.

Existem várias opções medicamentosas psiquiátricas e é fundamental fazer o acompanhamento com um psiquiatra. A ausência de tratamento contínuo pode piorar a saúde geral do indivíduo. Além da medicação, a psicoterapia também atua na melhora da qualidade de vida dessa pessoa, que sempre vai precisar de apoio e acolhimento para que seus sintomas não sejam agravados.

Fontes: Luiz Zoldan, médico psiquiatra e sócio-fundador da Liberté Saúde Mental, atua no Hospital Albert Einstein (SP); Alaor Carlos de Oliveira Neto, coordenador do serviço de psiquiatria do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP).